Wednesday, August 30, 2023

Meu nome é Ninguém

Introito

   Comentando um pouco mais sobre educação, tema político de postagem recente:
   A figura acima serve apenas de registro - canalhas não têm pudor em remover publicações. É tuíte de Luciana Genro e diz: Ridículo. Não há outra definição a um projeto que determina a obrigatoriedade de educação financeira nas escolas públicas. O problema das famílias gaúchas de baixa renda é de falta de dinheiro, não de administração financeira. Dei meu voto contra essa proposta constrangedora (grifo meu). Está aqui. Sem entrar no mérito: o problema do gaúcho - governado pelos PTlhos em 8 dos últimos 24 anos (dá 30% do tempo!) - é não ter dinheiro. Sei. Parece que a governança PTlha também não ajudou nesse ponto, não é mesmo? Entrando no mérito - o idiota do gaúcho pobre em particular, assim como o idiota do brasileiro pobre em geral - compra um perfume de R$ 700,00 porque pode pagar 10x de R$ 70,00. Ele não percebe ser aquele produto algo dispensável e muito acima de suas posses e ganho salarial, e portanto não deveria comprá-lo (o  comentário ainda revela por parte da deputada o completo desconhecimento do comportamento da população, seus eleitores). Mas voltando: por qual motivo o cidadão compra um produto (perfume, tênis, calça, itens de beleza) fora de seu padrão financeiro? Vai negar ser por falta da tal “administração financeira”? A patuleia idiotizada pode acreditar; energúmenos abraçam qualquer estória sem o menor senso crítico. Há algum tempo comentei sobre um grupo de PTelhos ajuizando ação contra o ex-juiz Moro, segundo a qual suas ações causaram prejuízos à Petrobrás. A Lava Jato recuperou algo como 6 bilhões de reais desviados, enquanto a estimativa do TCU foi de transgressões na ordem dos 18 bilhões. Noves fora (sic), o prejuízo da empresa com “políticas equivocadas” da última gestão PTlha foi de 90 bilhões, quando a “Mãe do PAC” segurou o valor dos combustíveis durante dois anos. Por que não processam ela também?! Novamente os otários estão aí para prestar sua credulidade sem discutir.

   O projeto de educação financeira, até onde comecei a ouvir falar, veio do deputado estadual Guto Zacarias, o Negão Capitalista do MBL, e foi aprovado no última dia 8, veja aqui. Envergonha-me, sendo de esquerda, ver um projeto tão óbvio e importante vindo da direita, e a esquerda, por sua vez, votando contra a proposta em outros cantos do país. Todo ensino é importante e deve resolver os principais problemas do país, ou encaminhar a geração para novos desafios. A Rússia produziu campeões de xadrez que dominaram o cenário mundial por décadas colhendo-os em pés de mandioca ou por meio de um massivo projeto de ensino desse esporte em suas escolas, desde os primeiros anos? A China vem-se tornando uma potência econômica (PIB China: 17,3 trilhões de dólas; PIB brasio: 1,6 trilhões de dólas - dá mais de 10x, nem as maiores importadoras tubaronas conseguem isso!)  por acaso ou por investir seriamente em educação? Os produtos chineses não são bons? Comparando com duas décadas atrás, estão bem melhores. Imaginem nosso destino caso aproximem-se - apenas aproximem-se - da qualidade japonesa, suíça ou alemã enquanto nós aqui continuando a marcar passo...

Meu nome é Ninguém

Tem aquela estorinha batida do Ulisses preso na caverna do ciclope gigante, a quem diz chamar-se Ninguém. Após furar seu olho e escapar com seus companheiros, Polifemo, o ciclope, dirige-se a seus amigos para pedir socorro, e ante à pergunta de quem fizera aquilo, ele responde: Ninguém... Nos dias de hoje, a  vinícola Caminhos Cruzados, no Dão, aproveitou a ótima safra de 2015 - após uma sequência de safras menos meritórias - e separou um lote de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro para criar um vinho diferenciado que acabou sendo deixado sem nome. Vindo dos vinhedos usados em seu Titular, essa edição especial acabou chamando-se Titular Edição sem Nome, vinho de muita fruta misturada em nariz complexo - d. Neusa ainda citou mentol - boca com taninos potentes mas muito redondos (ela também notou isso), acidez inicialmente pouco pronunciada melhorou muito com a temperatura mais baixa e madeira evidente mas muito bem harmonizada, tocado a 14% de álcool. Ela perguntou se havia Shiraz, mas a cor não estava tão escura quanto espero para essa cepa. Talvez a coloração escura venha de uma extração prolongada - quando o mosto fica em contato com a casca, e dali extrai mais componentes de cor e tanino - o que, no final, aportou-lhe tais qualidades. Está pronto para ser consumido, e pode ser guardado por 3 a 5 anos sem perigo; provado com uma pizza de Pepperone e Quatro Queijos, não harmonizou por ter muito corpo. Mesmo no segundo dia - enquanto escrevo esta postagem - mostra-se pegado, acidez muito boa - dormiu na geladeira e foi servido em temperatura adequada desde o início - ótima persistência (após engolir e salivar, notamos como ele ainda marca a boca), e retrogosto bastante marcado. Preciso dizer: o pessoal acertou na produção e não entendo por qual motivo não o fizeram nas safras seguintes, tão boas quanto ou melhores do que a de 2015. Paguei por ele R$ 134,00 em 28 de julho de 2020 (o câmbio oficial era de R$ 5,18, noves fora (câmbio turismo, IOF), R$ 6,00). Seu preço em Portugal é 18,00€; dá hoje em dia cerca de R$ 108,00. É bom notar: ele se esgotou no importador, a Lovino, aparentemente a R$ 250,00. Esse preço seria o limite da compra, algo um pouco superior a 2x. É a primeira das poucas garrafas, mas seguramente fará a alegria dos confrades que tiverem oportunidade de vivenciá-lo. O Sauternes de sobremesa... não vou comentar, virou carne de vaca... Saúde!


Meu pedido original

O vinho em Portugal

Na Lovino, indisponível,

Mas o Google achou um valor, os R$250,00 mencionados...

Saturday, August 26, 2023

Uma vez Paduca... sempre Paduca...

Introito

Na última postagem comentei, textualmente, acerca do NAP: Ele deve estar preocupado com assuntos realmente importantes (sic!), como a lei, a ordem e a democracia. Aliás, suas inquietações  nesse ponto são relativamente antigas, portanto justificadas. Vejamos (novamente, o vídeo, disponível no Youtube, pertence a seu criador e é reproduzido aqui para discussão):


Destaco sua fala: Eu espero que a Polícia Militar tenha a responsabilidade de entrar naquela casa, pegar esse canalha e dá um corretivo nele... (sic).

   Não entendo de Direito, então arriscarei meter o louco, como diz atualmente: Ele sugere três inconstitucionalidades em uma só frase: 1. A polícia adentrar uma casa sem mandato e sem motivo razoável; 2. A própria polícia julgar e condenar (sem possibilidade de defesa ou recurso!). 3. A própria polícia aplicar a pena. O cidadão que reclamava ainda levou um xingamento de graça; e se ele estivesse protestando apenas pelo barulho? Poderia ser um comício de qualquer partido; ele apenas não o queria na porta de casa. Bem, aí está a índole do NAP quando algo não o agrada. Ao final, uma desinformada ainda completa: Em quinhentos e poucos anos de história do Brasil ele foi o primeiro presidente que olhou para os pobres... Puxarei esse gancho; já comentei anteriormente, em seu primeiro ano de governo NAP destinou ao Bolsa Família algo como 2 bilhões, enquanto os bancos levaram uma bola de 90+ bilhões. Encontrei outro gráfico, veja:
  Somando toda a gestão de NAP, o dinheiro investido nos desfavorecidos foi algo como 65 bilhões. Uma bela quantia...
...só que não... o lucro dos bancos foi três vezes maior... O leitor deve estar escandalizado. Ele não sabe disso: 

Reproduzo o trecho em destaque: ...a se confirmarem as previsões do Tesouro Nacional de que a dívida interna federal pode fechar 2010 em até R$ 1,73 trilhão, ..., um débito quase duas vezes maior do que o que (NAP) recebeu. A reportagem é do Correio Braziliense e está aqui. Ou seja: ao internalizar uma dívida externa em dólas, pela qual se pagava juros de 1,5% ao ano, para empréstimos locais a cerca de 20% ao ano em Reais, os bancos tornaram-se credores de outros 893 bilhões! Note, isso não é lucro, é dinheiro a receber mas... um dia será lucro! Enquanto isso não acontece, o credor deixa no juros sobre juros, e atualmente nossa dívida é de...

6 trilhões de Reais! A fonte é oficial, pois é da EBC. Venho comentando sobre o fato de estarmos pobres. Coloque mais esse débito na conta. Depois não reclame de ter que andar nu para cima e para baixo.

Uma vez Paduca... sempre Paduca...

Paduca reuniu-se mais um vez, e sobrou para este Enochato fazer o serviço dos vinhos às cegas. Como o Fernando chegou atrasado, com um branco, e à temperatura ambiente, o vinho dele ficou para a próxima. Sem o Paulão saber, servi o vinho dele em primeiro. Seu Chianti Santonino 2020, comprado junto à Evino, é corte de Canaiolo, Ciliegiolo e Sangiovese. Tem fruta discreta e não peguei mais complexidade; taninos ligeiros, apenas 12% de álcool, acidez baixa, rápido na boca; custou R$ 56,00. Não encontrei dele uma única citação sem seu país de origem. Pela informação do rótulo cheguei ao sítio da Castellani Spa, mas não encontrei o rótulo por lá. Creio não ter errado, pois o endereço bate, tanto no contrarrótulo como na página eletrônica. O que encontrei desse produtor foi o malfadado Fattoria di Travalda, vítima da propaganda-tubarona mais desavergonhada que já vi na vida: os discípulos do capiroto ousaram comentar assim: Custaria facilmente mais de 200 reais se fosse importado por outra empresa. O ano era 2015; o valor do Euro, 3,76; o valor do vinho, na oferta, R$ 149,00; o valor do vinho lá fora, 9,50€. O Euro vinha subindo desde o ano anterior - o vinho (safra 2010) seguramente fora comprado bem antes. A margem devia ser simplesmente... gorda balofa. Então demonstrei que seu preço, se trazido por outras importadoras do mercado, custaria entre R$ 58,00 e R$ 75,00 - no teto, a metade da oferta. Está aqui. Siga nos comentários um capirotinho tentando defender a tubarona, e a postagem-resposta feita em seguida. Voltando ao Santonino: é um vinho muito simples, e imagino se custa €2,00. Para a sorte do Paulão, todos temos claro: ele apenas comprou o vinho, não o fez 😂. Sua escolha não foge ao espírito dos bebedores do grupo, de experimentar sem medo. Precisamos introduzir nos associados essa variável (medo) de maneira mais contundente... 🤣😂😅

Depois foi servido o vinho do Duílio, trazido pelo próprio devidamente empacotado e, depois de revelado, com nome muito apropriado. Putos 2021 é um corte Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira, movido a 14% de árco e nenhuma frexa para impulsionar sua proposta. Cometido no Alentejo - fazem bons vinhos lá, garanto! - Putos segue a linha de Santonino com um pouco mais de riqueza no buquê, acidez 1% maior, taninos discretos, final muito rápido mas ainda com aquele travo ligeiramente doce dos portugueses, embora sem ser tão característico. Perguntado da nacionalidade, chutei - e chutei mesmo - ser português, comentando que um vinho tão simples poderia até ser francês ou espanhol. É um vinho de R$ 50tão. Chegou o Fernando enquanto bebíamos meu escolhido também às cegas. Para ele, não houve dúvida: o terceiro era bem melhor. Chianti Clássico Coli 2016 chega à sua derradeira garrafa. A fruta está lá; o Duílio disse vermelha, e cereja é mesmo uma marca da Sangiovese. Ainda tem algumas garrafas no Savegnago a R$ 85,00. A cor denotava sua idade avançada pela qualidade simples, embora tanino e acidez estejam bons, com final mais marcado. Não pense o leitor que Chiantis são vinhos de vida curta; veja aqui um Chianti 1999 degustado em 2021. Tava um muléqui (sic! rs!), bom corpo, taninos e acidez espetaculares, poderia até ser guardado mais tempo. É a diferença entre um Chiantão de 50,00€ e um Chiantinho de 2,00€. Não que ambos não possam existir no mercado. Não renego este último, mas ele é bem simples. E, pela simplicidade dos vinhos, não fui atrás dos preços com maior afinco. Melhor assim.

Sunday, August 20, 2023

As Moiras, D. Neusa e Nix

Introito

As pessoas que são analfabetas não são analfabetas por sua responsabilidade.
As pessoas que são analfabetas ficaram analfabetas porque este país
nunca teve um governo que se preocupasse com a educação!
NAP, ao lado de Andrada, segundo alguns patetas
“O Maior Ministro da Educação de Todos os Tempos” (sic)

O pior tolo é aquele que, não o sendo, se deixa enganar.
Achei ser provérbio popular, mas não encontrei 
no Google. Fica a crédito deste Enochato.


   Acreditávamos que a educação extinguiria a tolice assim como a luz extingue a escuridão. Ledo engano; não basta escola ou mesmo reflexão quando o cidadão bem educado - intelectualmente falando - insiste em ser néscio; o senso crítico é descartado em favor de suas crenças e as trevas enevoam seu neocórtex. Receita certa para tornar-se um gado. Confirme por si:


   Essa turma cometeu 14 anos de governo - NAP, oito - e atesta a própria incompetência na despreocupação com a educação nesse período, retratado no desempenho do brasio no PISA, onde, efetivamente, caímos ao final e após a gestão de Andrada frente ao MEC, sinal claro de como sua política educacional foi um nefanda. A interpretação do gráfico e clara: os jovens chegaram na idade de prestar o Pisa passando pela gestão de Andrada à frente da educação só para fazer esse carão no exame, ao final de anos de estudo.
   Não sendo idiota - só desta vez; atacado nos brios o cidadão talvez queira partir para o ataque -, e pedindo provas, o PTlho cético pode encontrá-las  na OCDE, promotora da avaliação, aqui, de onde retirei o gráfico abaixo.


   É isso, NAP: assim sua patuleia vai acreditando nesse discurso de suposta preocupação com o país, e com a educação. Talvez NAP não preste muita atenção nisso, efetivamente. Ele deve estar preocupado com assuntos realmente importantes (sic!), como a lei, a ordem e a democracia. Sim, deve ser isso...

As Moiras, D. Neusa e um Enochato no meio do caminho

Recebi as Moiras e D. Neusa nesta sexta-feira e, inspirado por uma curiosidade da Luciana de algum tempo, separei o L'Un Savagnin 2017, do Domaine Baud, produtor de Jura. Como atesta o rótulo, há nove gerações da família envolvidas com a viticultura, história iniciada em 1742 com a chegada do patriarca à minúscula Vernois; a última geração assumiu em 2016, na flor dos 20 anos. A consulta da Lu foi acerca de comprar ou não um vinho do Jura, cuja principal cepa é a Savagnin, e ponderei ser um estilo ame ou odeie de vinho, sugerindo-lhe outras opções. Domaine Baud L'Un Savagnin, como boa parte dos vinhos de Jura, é oxidado propositadamente para conferir-lhe caráter e qualidades únicas. São vinhos de muita personalidade, nariz com notas cítricas - casca de laranja?-, frutas secas, senti algo à querosene, bem mais proeminente do que o toque a óleo Singer notado por mim em Rieslings da Alsácia, e sutis complexidades para melhores olfatos se divertirem muito. As meninas tiveram outras percepções, mas não anotei, infelizmente. As qualidades do nariz repetem-se na boca com álcool bem discreto, a acidez maravilhosa deixa-o vivo, vibrante, com ótima persistência e final. Pela oxidação, aliada à pegada da Savagnin, não é um vinho para todos os paladares; como aprendi com Don Flavitxo, é do tipo ame ou odeie. Parte da mesa amou...

A Luciana há tempos queria abrir um Caymus trazido dos EUA. Eu relutava, dizia estar novo. Na última viagem ela trouxe outro, mais simples, o Caymus Cabernet Sauvignon 1858 Reserva 2020. Ainda achei novo, mas fui voto vencido (rs). Mostrou-se casmurro, poucas notas de fruta no nariz, taninos um pouco duros, mas com um conjunto típico dos bons vinhos; entre médio e encorpado, com boa persistência, final longo, dava pistas de ter um bom futuro. No dia seguinte estava bem melhor, mas não se soltou; apareceu chocolate, a fruta estava mais presente, vermelha, e tornou-se mais óbvio: ele será um bom vinho, daqui uns 5 ou 6 anos. Como refleti rapidamente com ela, não se pode ter pressa com vinhos de qualidade e muito novos. Às vezes vale a pena gastar um pouco mais e trazer exemplares um pouco envelhecidos. Mas isso não vale para os vinhos americanos; seus preços muitas vezes dobram em relativamente poucos anos. De qualquer maneira, um depoimento de vinho similar provado com 7 anos está aqui. Para provar meu ponto, compareci com um Merlot 2006 da Pride Mountain Vineyards, aberto junto do Caymus, ambos servidos após o Jura. Ora, um vinho de 17 anos no auge de sua maturação apenas cumpriu seu sagrado desígnio e encantou a todos mesmo sem muita aeração (cerca de uma  hora e meia): nariz rico, fruta ainda sobrando, chocolate, um toque doce e mais camadas; boca com algum dulçor, sem incomodar, chocolate/couro (qual? - rs), outras camadas imersas em taninos muito redondos, boa acidez, álcool e madeira muito discretos, a despeito dos 14,8% (!), um final de encantar, quase infindável, e excelente retrogosto - D. Neusa fez algum comentário específico acerca dele, mas escapa-me... O vinho da Pride custa o dobro do Caymus, e isso pode tê-lo tornado um pouco mais apagado do que o esperado se provado sozinho, ou com um de valor semelhante e mais envelhecido. Meu intuito passou longe de provocar qualquer constrangimento; era um exemplar disponível e em ponto de se beber, ao contrário de outro a valor próximo mas, em meu julgamento, ainda não adequado para ser consumido. Um ponto curioso sobre os Merlots da Pride: eles são corte variável de Merlot (90%) e Cabernet Sauvignon (10), e a Merlot em si é outro corte - corte de Merlots! - provenientes de Sonoma e do Napa. Na safra em 2006, o corte foi de 58% Sonoma e 42% Napa. No sítio do produtor o interessado encontrará maiores informações, safra a safra.

   Como todos os vinhos foram trazidos de fora e não possuem - até onde saiba - exemplares no país; não há, então, preço a ser comparado. Os canalhas - e seus detratores - escaparam-se dessa. Mas já já volto à normalidade, e, portanto, á carga. Até a próxima.

Tuesday, August 15, 2023

Château Beauvillage 2018 e a gravidade de fatos desconhecidos pela maioria

Introito

   Seu meio de comunicação predileto informou-o sobre os eventos da CPI do MST na semana passada? Ou só começou a informá-lo agora, quando tudo virou circo? Por partes e cuidado, porque seguem-se episódios chocantes. 

   Chutes na cara. Coronhadas no peito. Casa invadida no meio da noite, a retirada dos ocupantes na ponta do revólver e somente com a roupa do corpo, seguida de ameaças de morte e destruição da moradia. Contra homens? Não... contra mulheres... Em quatro estados diferentes da Federação, indicando um modus operandi comum. Esse foi o depoimento corajoso de senhoras que ousaram enfrentar o movimento. Duvida, não e mesmo? Está bem, então... cuidado para não vomitar nos próximos 2 minutos. A propriedade é d'O Antagonista e disponível em plataforma pública. Replico porque é muito importante para embasar a discussão. A fonte é esta.


   Acha grave? Está indignado? Pois é só o começo. Veja mais aqui, aqui e aqui. E se achou o primeiro vídeo chocante, cuidado. Depois diga-me se você tem... ora... o que estou pensando?... diga-me se você conhece alguém que tenha (e não conhece!), se você conhece alguém que tenha a fibra moral, a coragem e o caráter da senhora Vanuza Souza que coloca-se em risco de vida com as declarações dadas sob juramento. Ou essa senhora é a melhor atriz de todos os tempos ou suas reações, seus gestos e palavras em seu tom embargado são justos e bons. Veja os vídeos e decida por si.

   Por outro lado, péssima atriz, com atuação digna de uma Amante, deputada do governo tentou comentar, e ganhou o troco a altura. Veja (a postagem é do deputado federal Kim Kataguiri, e liberada para cópia e reprodução):


   Como é? O que estamos assistindo aqui é muito mais um depoimento com gente de briga local... É isso mesmo? Em quatro estados diferentes? Não vou retrucar, a senhora Vanuza Souza, patrimônio da nação, o fez de maneira a tornar qualquer tentativa de expressão minha um mero arremedo de repúdio. Só posso tentar completar o raciocínio dela: ainda se fosse uma briga local, seria tolerável qualquer justificativa que se pudesse dar, em vez de manifestar a mais veemente repulsa a tais fatos? Dá para acreditar?

   Mas como adiantado, a CPI virou circo. Por algum motivo desconhecido a liderança do partido Republicamos trocou deputados de oposição por deputados aderentes ao governo para representá-lo na CPI. O comentário não é meu, está aqui, dos 57 min aos 58 min e 20 s. Em tempo: membros do Republicanos são Marcelo Crivella, Arthur Lira e Tarcísio de Freitas. Quando a frustração parece tomar conta de tudo, os bravos ainda resistem. Veja aqui, mesmos transmissão acima, 1:36:10 a 1:42:00, quando o líder (ex líder?) do MST João Stedile tenta provocar o deputado Kim e recebe o troco de maneira hilária e habilidosa nos exatos 1:45:00. Note como ele vacila, ao ser confrontado em seu exemplo canhestro de movimento social... 

   Estava para encerrar o ciclo de debochar do NAP de maneira leve, cínica, dizendo-me cansado de passar pano para uma turma tão atrapalhada, mas o qualificativo deixou de se adequar. Torpe cai-lhe melhor, embora falte adjetivo para descrever tudo isso de maneira mais completa e realista. Já disse: não podemos ficar apenas sentados experienciando a degustação de um vinho como se nada estivesse acontecendo à nossa volta. Faço isso sim, mas aproveito parte desse tempo para avisar os desavisados e demais tolos de plantão de fatos que se passam e aparentemente as pessoas não estão sabendo. Desculpe a extensão do texto. Pela gravidade dos fatos, conto com a indulgência do leitor.

Um Cru Bourgeois

Château Beauvillage 2018 é um Bordeaux rotulado Cru Bourgeois, corte 55% Merlot e 45% Cabernet Sauvignon, com buquê regado a frutas vermelhas, tostado discreto e algo mais... não era especiaria... nem um dentre o trio chocolate-café-fumo, ou tampouco herbáceo. Estava lá, só não consegui distinguir... mas bem alegre, marcado, fruta repetindo-se na boca, uma especiaria muito discreta na ponta da língua, típica da CS - mas se não soubesse ser um Bordeaux, talvez não percebesse, tão sutil - corpo e taninos médios, bem redondos, acidez baixa a média, retrogosto discreto mas curiosamente de persistência razoável face ao conjunto. Álcool integrado, madeira moderada, dá mostras do quanto um Cru Bourgeois pode variar em qualidade; pelo menos está pronto para ser degustado. Não é um vinho ruim, pois é bem harmonizado, mas a menos do buquê, onde, se não é complexo, é gracioso, no restante parece faltar-lhe algo para caracterizar melhor sua estrutura, para dar-lhe maior personalidade. Posso beber desse tipo de vinho com satisfação, mas sempre voltarei a provar de algo mais extraído como os australianos, ou mais complexo como bons portugueses e espanhóis - e mesmo Rhônes como os Ferratons. Ainda o trocaria sem pensar por um italiano da Argiolas, ou por um toscano bem comprado e de custo equivalente, mas é outra conversa. Precisaria de mais corpo para acompanhar eu indefectível filé ao molho gorgo neste almoço de feriado em S. Carlos, mas não foi um desacordo explícito. Para um feriadinho morto de terça-feira, até que teve bão. Mas prometo melhorar...

   Pelo preço, vamos lá: foi comprado a R$ 186,00 na Enoeventos - preço de Clube do Vinho, comprado em uma caixa. O valor médio segundo o Wine Searcher é USD 20,00. Uma conta de padeiro dá R$ 100,00, portanto menor que 2x; sem desconto, R$ 220,00, ainda estaria dentro. Sempre tomei o valor médio do WS para fazer as análises, e não vou mudar agora. O Wine Searcher é boa ferramenta para procurar vinhos (e safras, principalmente), e saber onde encontrá-los. Não é necessariamente o lugar mais barato, mas é uma fonte para comparação. Isso posto, não posso deixar de assinalar o preço de venda direta no produtor, € 12,50; dá R$ 70,00. O valor FOB seria seguramente menor. E seu preço final aqui poderia ser sensivelmente menor, também.



Saturday, August 12, 2023

A Paduca novamente

Introito: They Don't Care About Us e lives matter

Agora nós estamos em guerra com a Eurásia.
O inimigo sempre foi a Eurásia.
A Lestásia é uma nação aliada.
1984, de George Orwell

A introdução ficou um tanto longa, é verdade. Pule. Ou leia, caso não se importe de ficar indignado. Se puder, confira com seu rol de informações. Seu canal de televisão favorito tratou do assunto? Compare com este ângulo.

   Há algum tempo ('95) Michael Jackson deu uma passada no Rio para gravar um clip. Com a desenvoltura peculiar, deambulou pelo Morro Dona Marta sem a menor importunação por parte do tráfico. Outro Rio, outro Brasil... acredite o leitor que também põe fé no Saci, na Mula Sem Cabeça, em bolsonésio e outros tantos. Salvem-se os crentes do NAP. A maior polêmica da época - eu estava lá! - foi a negociação, à revelia da polícia, do staff da produção com os Senhores locais. They Don't Care About Us saiu muito bonito, embora em minha opinião o verdadeiro tour de force foi da galera dos tambores. Mas voltando: em '95 alguém - mesmo um astro pop - deambularia em uma comunidade rebolando para quem quisesse ver. Deambularia? Tá... Saci!, Mula!, apresentem-se!
   Às vezes bandidos infiltram-se junto às forças policiais. O resultado é estarrecedor; veja por si e diga-me se não. 

O direito autoral pertence ao UOL mas está em área livre do Youtube; é importante demais para o assunto em pauta caso a fonte original se perca, por isso reproduzo acima. 

   É comum nesse caso o trigo livrar-se do joio; os mal profissionais muitas vezes acabam expulsos da Corporação. Em vários casos, isso aconteceu graças à pressão da imprensa, aquela turma da qual já recomendei cautela, veja aqui. E convenhamos: esses pelegos nada fazem além da obrigação, assim como os políticos, com a diferença significativa de não terem sido eleitos nem terem mandato definido. Cuidado com eles.

   Estes dias um herói anônimo ganhou as manchetes pelo lamentável fato de sua execução por um franco-atirador a mando do crime organizado. Patrick Bastos Reis, policial militar de 30 anos, foi alvejado no cumprimento do dever. Seguiu-se operação policial na região, resultando na morte de 16 pessoas. Tudo indica tratar-se de criminosos cuja resistência às forças da lei - legalmente constituídas, portanto - foi combatida com resposta firme da PM. Dias depois, o que acontece? Uma reporter (sic) é flagrada sozinha à espera da entrada de um contingente policial em alguma comunidade. Como é? Uma mocinha, nos dias de hoje - não são mais nos já perigosos anos '90 - rebolando para quem quiser ver, em lugar onde estranhos são invariavelmente recebidos à bala? Se em '95 a entrada de estranhos em uma favela já precisava ser negociada, o que dizer de hoje? E ela estaria lá por qual motivo? Supostamente flagrar violência de agentes da lei? Num momento de imensa tensão entre criminosos e Estado? É isso mesmo?

   Só estou tentando entender. Não tenho televisão, e minhas... minhas... minhas fontes dizem ser assim. Se alguém tiver outra versão, olharei. E, sendo o caso, até posso refazer meu ponto de vista - isso sempre acontece aqui, e leitor bem sabe. Inegociável é o fato de, no confronto do bandido com a polícia, sempre torcerei pelo último. Mesmo sendo necessário jogo sujo por parte dos agentes legais, e até haver lei proibindo-me disso. Abandonei de vez o black lives matter. Em vez disso, lives matter. E apenas as do bem. Ah, só mais uma pergunta: quando um agente da lei foi morto na primeira operação, e foi a única baixa do dia, não houve consternação - a menos, claro, da família, da Corporação e das pessoas de bem, uma minoria, parece. Por qual motivo a comoção quando 16 discípulos do Capiroto são desencarnados e mandados para suas valas no inferno? Sete policiais foram mortos em 2023, apenas na Baixa Santista, veja aqui. Isso tem nome: chacina. Estamos perdendo para o crime. Faz tempo, aliás... certo, NAP?

A Paduca novamente

   O pessoal parece ter se entusiasmado... 😃 vejamos quanto dura... 😕 (risos). Desta vez reuniu-se apenas o núcleo duro, Paulão, Duílio e Carlos, este Enochato, e ofereci duas garrafas às cegas. É-me divertido ver as divagações dos bebedores, e notar como elas repetem-se pelas confrarias. "O Carlos não serve vinho Chileno/Sul-americano"... "O Carlos sempre serve um francês"... "O Carlos gosta de vinho com acidez alta"... Enfim, ideário que eventualmente não me descreve bem. Acidez discreta é parte de muitos vinhos, e não há mal nisso. Ela não pode mesmo é faltar... e tal gosto descreve-me bem. Ao fim e ao cabo, o bebedor deve analisar o vinho ao bebê-lo, sem levar em conta quem o serve. O vinho pelo vinho...

Servi um, e deixei a turma solta. Duílio foi o primeiro a invocar um ditado, e recusou-se a aceitar sua própria sua intuição. No final, ainda saiu-se com esta: "Se não fosse servido pelo Carlos, diria ser um Cabernet chileno". 😂 Era... Ainda, é possível o Paulão ter dito do segundo ser francês, depois reformou para português. No Chile, cansei de beber vinho à temperatura ambiente em restaurantes e mesmo nas festas do Nagib. Como não faço isso há quase uns 20 anos - quando já passara dos primeiros passos do Aprendizado - de fato não me tocara como a temperatura pode influenciar na acidez. Ria, mas não considerei o assunto a sério em passado recente, e isso caiu-me quase como uma revelação. Donna Maria Cabernet Sauvignon 2016 é produzido pela Viña Falernia, com uvas do Vale de Elqui. Seu CS é monovarietal, e passa 6 meses em barrica; a ficha técnica traz a recomendação de servir a 18 °C - aí gostei. Desde o início chamei atenção dos convivas para a presença bem pegada de Tabasco, e uma indelével picada na ponta da língua. Como apreciadores convencionais, eles ainda não pegaram esse traquejo, e deixaram passar, mas a percepção do Duílio mostrou como eles estão no caminho certo. Nariz com fruta vermelha além da especiaria, e na boca os taninos estavam redondos. Envelheceu bem. A madeira apresentou-se integrada, e os 14,5° de álcool não agrediram. A acidez baixa deixou alguma marca, e final estava discreto. Don Flavitxo apresentou-me o vinho há muito tempo (5 anos+). Queixou-se de custar caro aqui, R$ 200tão+ à época. Trouxe de lá esta safra 2016 (acho que em '17, ou '18). Paguei 10 Luca, o que então daria uns R$ 60tão. Custava o mesmo que um Tarapacá Etiqueta Negra; não é mais vendido aqui, e também não encontrei à venda no Chile. Cedro do Noval 2016 é um Duriense já referido no blog algumas vezes. Chegou ao nariz com muita fruta, alegre e uma picadinha de especiaria; boca com taninos redondos, álcool discreto, corpo médio, acidez presente, e isso o diferenciou crucialmente de D. Maria. Tem retrogosto e é mais persistente. Ganhou por meio corpo (risos), embora os convivas tenham preferido a presença marcante da Cabernet e deixando de lado a melhor acidez do Cedrinho. O problema é que Cedro custa cerca de USD 10,00 em Portugal, contra USD 20,00 de D. Maria no Chile. Voltando aos confrades, o ponto de vista deles é compreensível; estão trilhando os primeiros passos em direção a europeus de maneira geral, podem apreciar o que lhes agrada mas falta-lhes maturidade para uma análise mais técnica. Lembra da postagem passada, quando comentei um pouco sobre as perspectivas da turma com relação ao vinho? É isso: cada qual na sua, sem cobranças nem julgamentos por parte deste Enochato. Sempre repetindo, bebo de tudo, e com todos. Saúde!

Thursday, August 3, 2023

A Paduca e mais um

Introito

Agora nós estamos em guerra com a Lestásia.
O inimigo sempre foi a Lestásia.
Eurásia é uma nação aliada.
1984, de George Orwell

Amigo de longa data e igualmente de esquerda - apenas um tanto mais recatado - envia-me vídeo da rapaziada do MBL onde, segundo ele, nova edição de imagens é feita pela trupe direitosa. Um traveco de reitor (da UFPR), na qualidade de presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino superior, é apresentado desdenhando de maneira desavergonhada do rapá que estragou diversas obras de arte desenhadas nas paredes da UFSC e acabou levando um corretivo - com muito amor - por causa disso. Ora, nenhum Magnânimo Reitor se prestaria a tal situação, de onde o vídeo claramente apresenta um impostor. Vejam por si:


   Abaixo, reportagem do sítio da prestigiosa Instituição (UFPR), com foto do verdadeiro reitor. Basta comparar para ver que não são a mesma pessoa!


   Você acompanhou a estória do corretivo em seu meio de comunicação preferido? Não? Talvez devesse rever sua predileção... vinhos, por exemplo: revi as minhas várias e várias vezes.

A Paduca reunida

Paduca - Paulão, Duílio e Carlos - é uma confraria de caras batutas que se conhecem há mais de 20 anos. Desta vez veio o Fernando, amigo dos confrades de mais longa data. Vale a pena falar deles; diversos dos leitores se identificarão com suas perspectivas sobre vinhos. O Paulão (na câmera) é meu mais fiel seguidor (rs). Bebemos juntos mais vezes, ele conversa, pergunta, vem notando essa tal de acidez da qual sempre falo e a tem distinguido dentre os vinhos. De barba ao fundo, o Duílio é o mais faltoso (rs) da Paduca, e bebe sem maiores compromissos senão o de ligeira contemplação e com maior interesse na conversa. O Fernando está entre um e outro; cansou de vinhos sul americanos e tem procurado por europeus. Em comum eles não conhecem muitas marcas ou produtores e guiam seus gostos um pouco pela curiosidade, sem preconceito nem medo em arriscar um rótulo diferente em supermercados. São tipicamente os bebedores comuns, adoradores do vinho pelo vinho, sem saber de pontuações ou tendências de mercado. Leitor, reconheceu-se em algum deles?

Trinca de portugas

Paulão prometeu trazer um vinho reserva 😀. Cumpriu 😄. Só que não... 😟. Seu Vinho Regional de Lisboa era o Portada Reserva 2020, meio seco. Mostrou-se muito simples, com excesso de fruta vermelha logo de cara, típico de inox - ou seria típico de aromatizantes artificiais? - e sem traço de madeira. Sem acidez e aquele doce enjoativo - surpreendeu negativamente nesses pontos -, e mesmo sendo meio seco esse dulçor desagradável não se justifica - foi muito rápido na boca. É um corte Shiraz, Alicante Bouschet, Caladoc, Tannat e Touriga Nacional sem qualquer diferencial; poderia passar por um sul-americano sem susto (sic). Seu produtor é a DFJ Vinhos, cujo volume de produção atinge 10 milhões de garrafas ano, provenientes de 250 ha de vinhedos próprios e outros 600 ha de produtores de uvas. Segundo o sítio, estagia três meses em barricas novas (não acredito!), e... um mês em garrafa(!), seguindo para a distribuição. É isso? Três meses em barricas novas e um mês em garrafa? Um tremendo desperdício de barrica! Fernando trouxe o alentejano Ciconia 2018 (Casa Relvas), também com muita fruta vermelha e um pouco tostado, mostrando a madeira. Um vinho alegre, corte Touriga Nacional, Syrah e Aragones, melhor equilibrado, boca com alguma especiaria, acidez baixa a média, corpo e taninos flertando a médios, foi um dos meus preferidos no início de minha transição dos sul-americanos para os europeus. Este Enochato ofereceu o já conhecido na confraria Quinta de Chocapalha 2016, mostrando que os vinhos regionais de Lisboa salvam-se sem dúvida alguma. Corte Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Castelão e Alicante-Bouschet, tinha fruta vermelha, notas como chocolate/café e mais toques. Mais corpo em forma de taninos redondos e bem presentes, melhor acidez, claramente maior persistência dentre os três, para mim destacou-se bem. Não representou uma unanimidade entre os bebedores, mas o gosto é livre. Lembremo-nos: são todos mais ou menos neófitos, para quem importa mais uma reunião regada a piadas, futebol, política nacional, cinema, discussões existenciais, mulheres, vinho, política local e comida, não necessariamente nessa ordem. Saíram todos prometendo repetir. Vejamos... 😒

Preços

   Portada Reserva é vendido pela Evino a R$ 194,00 por três garrafas (unitário = R$ 65,00). Na Garrafeira Nacional custa € 4,25, ou R$ 23,00. Dá quase 3x. Aqui a questão da madeira. Uma barrica nova custa quanto? Chutemos 500tão (dólas/Euros). O custo de armazenamento fica em USD 2,00, e estamos falando só dele. Há ainda os custos da garrafa, rolha e o restante da produção. E chega ao consumidor a € 4,25? Não acredito. Ciconia custa lá fora € 4,00, e por aqui pode custar entre R$ 50,00 e R$ 80,00, e na comparação, por R$ 50,00, é uma barbada (dá pouco mais de 2.2x; pelos 80tinha fica em 3.8x 😖). Enquanto isso, Chocapalha é um vinho na casa dos € 9,00 (R$ 48,50), e seu valor oscila entre R$ 105,00 e R$ 150,00 (facilmente vemos estar entre 2x e 3x). Bem comprados, Chocapalha vale o dobro de Ciconia? Para mim, vale. Se o leitor não estiver disposto a gastar tanto em um vinho, e bebe-o nas condições dos confrades, seguramente ficará satisfeito com Ciconia. Se um Pérgola custa cerca de R$ 25,00 - e nem é vinho; será que alguém pensa que é? Teria de ser muito idiota... - Ciconia bem comprado transforma-se de fato em ótima escolha.

Outra reflexão: vem de há muito a ideia de comprarmos vinhos bons na Europa por € 2,00 a € 3,00. Gostaria de lembrar: a moeda estrangeira também tem inflação; a depreciação do Euro em 20 anos foi de 62%; somente entre 2019-2023 foi de 25%(!). A calculadora de inflação do Euro está aqui; tente replicar os valores. E essa é a inflação média. Os vinhos subiram mais, nesse período. Tomando por baixo € 3,00 corrigidos em 20 anos daria  € 4,86, no mínimo. Por esses valores (atualizados!), nem Portada nem Ciconia seriam considerados bons vinhos. Chocapalha, sim! A matemática não mente...