Wednesday, August 15, 2012

Herdade dos Grous e o Villa Francioni Rosé

Uma noite fria...

   Foi em uma noite fria quando recebemos a visita dos amigos Romeu e Sônia, por motivo de uma visita à Dona Maria Tequila, recém operada. Debaixo do braço, o Romeu trazia também uma garrafa do Villa Francioni, enquanto eu havia deixado uma surpresa bem preparada.
   O conviva já mencionara havia tempos sua aquisição do Villa Francioni Rosé, aquele que a Madona havia apreciado e levado algumas garrafas para casa em sua recente visita ao país. Eu sei que a Madona é uma excelente representante do pop, assim como Pelé foi "o' representante do esporte mundial... e também sei que, como comentarista esportivo, ele pertenceu à geração mais vitoriosa do nosso futebol.
   Bem, o Villa Francioni Rosé 2010 é uma mistura de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sangiovese, Syrah, Petit Verdot, Pinot Noir, Merlot e Malbec, provenientes de vinhedos localizados em São Joaquim e Bom Retiro, com 13,4% de álcool (no sítio do produtor consta 13,6%...). Sua coloração salmão, apresentada em uma garrafa muito bonita, provoca um efeito visual também muito bonito. Os vinhedos de São Joaquim - ainda segundo o sítio - estão localizados no paralelo 28 em altitude superior 1.200 metros. Seu preço de venda está entre R$ 45,00 e R$ 50,00. Se você é daqueles que curte artesanato e adora fazer um vasinho com uma garrafa vistosa, este é, definitivamente, o seu vinho: a garrafa - disseram-me que de cristal, e francesa -, é tão diferente que não pôde ser utilizada no maquinário padrão de processamento, obrigando o produtor a fazer o envase manualmente. Com tudo isso - garrara de cristal e importada e envase manual - o produto chega ao consumidor por R$ 50,00. Vejamos... Cuba é conhecida... pelo Fidel, e não por muito mais coisas, o que dizer então do projeto gráfico dos livros impressos na ilha (eles não possuem capa, no sentido de se usar um papel melhor para envolver o miolo - colorido, então... nem a coleção dos discursos do capo). Mas os livros cumprem seu papel. O que estou tentando dizer é que, sem tanta frescura (e respectivo aumento de custo) o preço final do vinho poderia ser bastante inferior e encaixá-lo melhor na tão famosa quanto importante relação custo-benefício. Villa Francioni Rosé tem um buquê floral, alegre, boca agradável, mas ambos sem sutis complexidades (lembrando a deficiência nasal declarada deste que escreve). É um vinho de piscina - sem qualquer demérito à piscina -, feito para degustação rápida (abriu, bebeu), refrescante, ótimo para beber com uma turma heterogênea (quando só você conhece um pouco de vinho, e os demais bebem por beber). Pela metade do preço, seria uma opção para o dia-a-dia, principalmente para aqueles que gostam de variar. Seguramente, rosés não fazem parte da minha dieta, o que pode ser mais um motivo para que eu não tenha entendido bem o vinho. Apesar de tudo, vale a pena conhecer, principalmente se você é bebedor apenas de tintos e de repente está se sentindo meio fora do contexto (o que quer que isso signifique...). Pelo preço normal não compraria mais de uma garrafa, até porque rosés não envelhecem bem.
Villa Francioni Rosé 2010, 13,X% de álcool.

   Já o Herdade dos Grous é outra estória. Principalmente esta penúltima garrafa da safra 2005. Mas vamos pelo começo. A Herdade dos Grous é uma vinícola alentejana que, a exemplo de outros produtores locais, tem experimentado cepas internacionais, principalmente Syrah e Cabernet Sauvignon. No presente caso, a composição é Aragonês (Tempranillo), Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah. Há que se dizer que este Herdade é o "colheita", mais simples, e não o reserva. Passa 9 meses em barrica de carvalho francês, bom buquê, com chocolate (ou café, minha eterna confusão!) e frutas (vermelhas? não tenho certeza, mas é frutado); na boca, taninos elegantes que, se anteriormente eram redondos, o  tempo cuidou de aveludar. Acredito que esteja no ápice, indicador de que a última garrafa entrou na linha de tiro. Um tanto de madeira, mas não incomoda, pelo contrário: "dá personalidade", na opinião do Romeu. Com preço variando entre R$ 75,00 e R$ 90,00, acompanha a média do preço nacional para o produto europeu (lá, entre 7 e 10 euros), que é o valor original vezes 10, mas em reais. Fazendo a conta que o euro esteja a R$ 2,50, o "custo cá" é 4x o "custo lá". Dado que o preço que o importador paga ainda é menor que o preço de prateleira do produto "lá", o preço final aqui deve ficar pelo menos 5x o custo do produto. Ou seja, apenas muito caro. Como estamos habituados a tal exploração (quem leu a recente matéria sobre o "ridículo" preço dos carros por aqui?), apenas reclamamos (e o importador pouco se lixa). Tirando estas lamúrias, a relação custo-benefício é boa. Claro que existem muitas opções "tão-boas-quanto" e diversas opções melhores. O que não há dúvida é que vale a pena experimentar.
Herdade dos Grous colheita 2005, 14% de álcool bem integrados.

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