Thursday, March 26, 2020

Chanson Pere & Fils Le Bourgogne 2012

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Introito

   Meus detratores dizem que sou hipocondríaco. Não é verdade. Aliá, detratores dizem qualquer coisa sobre seus detratados. É verdade que tenho um aparelhinho adaptado a meu organismo que passa a vida (rs) a checar-me o sangue. Avalia as hemácias, os leucócitos, as plaquetas, os níveis de proteínas, sais, hormônios, ácidos úricos, amônia... são 679 medições simultâneas e constantes que resultam, a cada quinze dias, mais ou menos, em algum tipo de alarme (falso) a respeito de minha saúde. O começo da noite já ganhara forma e eu ainda trabalhava quando a voz sintética que bem poderia ser de uma dominatrix começou a avisar, com um toque muito sensual:
  - Cuidado, nível de Borgonha no sangue perigosamente baixo. Cuidado, nível de Borgonha no sangue perigosamente baixo. Cuidado...
   Pego de surpresa mas com reação imediata, levantei-me e corri para a adega. Desci a escada já sabendo o que queria...

Chanson Pere & Fils

   Chanson Pere & Fils é uma casa quase tri-centenária. Fundada em 1750, possui hoje propriedades espalhadas por toda a Borgonha, e mais notadamente em Santenay, Chassagne-Montrachet e Puligny-Montrachet. Foi adquirida pelo grupo Société Jacques Bollinger, holding da  Champagne Bollinger, em 1999. Essas informações e muitas mais você encontra aqui.

Le Bourgogne

   Le Bourgogne está na linha de entrada da vinícola. A produção da casa é extensa, e listada aqui, por regiões. A safra de 2012 não foi das melhores na Borgonha, obrigando os produtores a uma rigorosa seleção das uvas. Isso tem efeitos curiosos: com maior seleção, a quantidade de garrafas de melhor nível cai, numa tentativa de manter a qualidade intacta. O preço sobe (em outros lugares, talvez não. Mas na Borgonha, sobe...😭). Por outro lado, os vinhos mais simples recebem uma carga adicional de uvas relativamente ruins procedentes de vinhedos melhores! (afinal, sendo uva, vai virar vinho...). Se bobear, a qualidade desses vinhos mais simples aumenta! Nunca me esqueço de um causo narrado pelo simpático João Buchalla, representante comercial da Qualimpor, acerca de um concorrente: numa dada safra muito, mas muito ruim, os produtores da Casa Ferreirinha decidiram de cara que naquele ano não haveria Barca Velha (um dos vinhos mais icônicos de Portugal). Foram testar se poderia sair como Ferreirinha Reserva Especial. "Claro que não"... Rebaixaram para Quinta da Leda. Necas. Rebaixaram para Callabriga. Nem assim! Resultado: daquela safra ruim saiu o melhor Vinha Grande da história...
  Voltando... esta meia garrafa de 2012 está em bom momento para consumo. Não é um grande vinho. Ei, é um vinho de entrada! Não tem um final marcante, mas a persistência é razoável, advinda da boa acidez. Tem boa fruta, boa presença na boca, bem equilibrado. Com 12,5% de álcool, surpreende bem pela harmonia do conjunto.
  É comercializada por uma daquelas importadoras que não está entre minhas favoritas. Adquirida há algum tempo em uma queima que fazia sentido, safra mais recente chegou a custar proporcionalmente bem mais caro em 2020. Assim como os Jabouletinhos do mesmo grupo: no ano passado, R$ 49,00. Neste, R$ 75,00. Assim sendo, vale a máxima: compre se estiver na promoção. E não se deixe enganar: wine-searcher neles! Se você sentir que tá pegando (no bolso), saiba que o mercado tem outras opções tão boas quanto, a preços mais razoáveis.




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