Sunday, February 20, 2022

A falácia de um pais polarizado feito palha choca

Introito

Estou cada vez mais convencido da minha inocência.
José Dirceu, depoimento ao Conselho de Ética da Câmara Federal, 2005

   Dizem que o país esta polarizado. Não pode haver idiotia maior. O país não está polarizado, está imbecilizado. A polarização é uma mera consequência dessa situação desastrosa. Assim como o valoroso combatente Dirceu convenceu-se de sua inocência, milhões de otários de pai e mãe convenceram-se de que o Grande Guia sofreu uma perseguição do Estado, na figura de um juiz de Curitiba. E, na sequência, um tribunal superior, que antes o havia condenado, convenceu-se do contrário e anulou o julgamento que anteriormente decretara da mais completa lisura. Do outro lado do espectro, outros milhões de idiotas consideram o mesmo juiz de Curitiba um traidor. Não sabem porque, mas consideram-no. E, se e quanto souberem o motivo, duvido que essa crença suporte uma ou duas perguntas bem feitas. Mas eles continuarão acreditando, porque essa é a missão dos tolos. 

Lembro-me muito bem quando um amigo bolsonésio chegou em casa e sugeriu - apenas sugeriu - algo desabonador sobre o Moro. O Gabinete do Ódio já iniciara sua fritura, eu é que não sabia. Ouvida a infeliz sugestão, propus o seguinte: imagine uma cidade com dois diques, um no norte e outro no sul. Do leste, vem o bolsonésio em sua motocicleta dourada - a cor dos tolos, porque eles acreditam em tudo o que reluz - e diz que o dique do norte estourou. Do oeste, chega o Moro em uma lambreta reportando o estouro do dique do sul. Não penso duas vezes, corro para o norte. Não entendi porque, meu amigo abaixou o olhar na hora. Só muito depois caiu-me a ficha.

   Assim permanece a nação: idiotas nos dois extremos do espectro político acreditando no que não faz sentido. Título de doutor ou educação básica, ou mesmo nenhuma educação, nada faz diferença. Os tolos escolheram acreditar em uma ilusão só justificada pelo mais profundo delírio. É de encontro a essa escuridão tenebrosa que caminhamos. Resta saber se vamos afundar todos, de mãos dadas, ou se tentaremos jogar luz nessas trevas. Poucos que somos, comecemos por acender algumas velas. Se depois alguém aparecer com um holofote, melhor...

Revendo um produtor já conhecido

Conheci a Quinta de Chocapalha (produtor) por obra de graça de Don Flavitxo. Situado nos arredores da capital portuguesa - antes a região era chamada Estremadura - recebeu a classificação de Vinho Regional de Lisboa e posteriormente foi designada Indicação Geográfica Protegida. Cuidado com o sítio: pedem para você confirmar a idade, mas o botão de 'confirmar' fica invisível, pelo menos no Chrome. Depois por lá contam piadas de brasileiros. Ah, tá... Precisa clicar na parte de cima da tela com o rato (sic!) e fazer uma seleção do texto de cima para baixo, aí o botão invisível aparece. Não bastasse, uma vez no sítio de pouco em pouco aparece uma janela oferecendo a subscrição na newsletter deles. Que idiotice! Chega... Então voltando... Don Flavitxo avisou que um tal de Chocapalha Reserva estava em 'promo'. Comprei duas garrafas e apresentei a conta para o Akira. Primeiro guardamos e depois as degustamos, espaçadas em vários anos, e ambas estavam ótimas. Eis que aparece, em 'promo', o Quinta de Chocapalha em um lugar quase ao mesmo tempo em que encontro o Vinha-Mãe também em ótimo preço. Fiquei doente (rs), estourei o orçamento mas tornei-me o feliz proprietário de algumas garrafas. Hoje degusto a primeira delas.

Quinta de Chocapalha 2016

Quinta de Chocapalha está abaixo da linha reserva. É um corte Touriga Nacional (45%), Tinta Roriz (20), Touriga Franca (15%), Castelão (10%) e Alicante-Bouschet (10%). Um vinho português com certeza! Apesar de não ser o reserva, estagia 18 meses em barricas de carvalho francês. Rico em frutas negras mesmo com 15 minutos após a abertura, ainda aporta algum chocolate (café?) e a madeira é perceptível. O álcool escapa um pouco. O boca tem aquele dulçor português, e indica ser mesmo o café do nariz a se repetir. Tem especiaria, acidez vibrante, taninos um pouco pegados boa persistência e final. Segundo o Wine Searcher, sua janela de beberagem (sic) vai de 2019 a 2037... significando que mais alguns anos na garrafa seguramente vão arredondar todos esses detalhes e seguramente se tornará um vinho muito mais redondo e prazeroso. Será preciso alguma paciência... Uso o conceito a seguir sempre ligado ao preço, e posso dizer tratar-se da já citada felicidade engarrafada. É um vinho de USD 12,00 lá, e paguei R$ 96,00 por aqui. Ótima relação custo-benefício, mas por aí está beirando R$ 200,00... aí não... Por 200tão, tem obrigação de ser bom, e entrega isso. E pela metade do preço, aí sim, merece a classificação generosa deste Enochato. Baco gostou... eu muito mais...

2 comments:

  1. Enóloga excelente.
    []s,
    Dionisio

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    1. Olá. Só me toquei de procurar sobre a enóloga depois de seu comentário. A Sandra Tavares da Silva parece mesmo estar sendo bem comentada em diversos blogs. Não acompanhar esses profissionais reflete apenas mais uma deficiência deste Enochato.

      Obrigado!

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