Tuesday, February 17, 2015

Folias de Carnaval 1: Sophenia branco 2012 e Crasto Douro 2009

   Por ocasião do convite de um casal de amigos - o Paulão e a Claudinha -, acabei indo conhecer um restaurante de comida japonesa. Todos dizem que harmonizar essa iguaria em particular é muito difícil, então... nada como uma experimetação sem compromisso. Como havia comprado algo da queima da World Wine - sim, tem algumas coisas lá que valem a pena nem que seja para experimentar - resolvi escolher um branco. E tinha na adega um Crasto me olhando com cara amarrada desde que comecei a falar que os vinhos da Qualimpor estão muito caros no nosso mercado. A, é? Pau nele, então. Assim, marcharam impávidos para o sacrifício:
Sophenia 2 Torrontés - Sauvignon Blanc 2012,
• Crasto Douro 2009.


O primeiro é produzido pela Finca Sophenia, em Mendoza. O corte leva uma relação 60%-40% (a primeira cepa sempre é a que está em maior quantidade em um corte). Estava na promoção por algo como "de R$ 50,00+" por "R$ 29,00". Pelo preço da promoção, é apenas um vinho razoável. Bastante floral e boa acidez, o que não lhe permite um final muito melhor do que "ligeiro". Note-se: é um pouco melhor do que isso, apenas. Não é um vinho que encha a boca, e o retrogosto também é um predicativo. Justifica o preço de R$ 29,00; por "R$ 50,00+", não. Já ouvi comentários de que os tintos desse produtor são bons, mas pelo preço pedido pela importadora, vou tentar outros rótulos.

O segundo é-me bastante conhecido, e já perdi a conta das garrafas de Flor de Crasto e Crasto que degustei ao longo dos últimos anos. Eram vinhos de preços bem razoáveis até as últimas altas - não foi apenas uma, os preços desses vinhos enfrentaram uma escalada relativamente recente.  Eu já comentei que a Qualimpor era - era - uma importadora que praticava margens relativamente baixas em seus produtos, mas isso tem mudado, infelizmente. Bem, o Crasto 2009 foi produzido com as tradicionais Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Touriga Nacional, em corte não especificado, mas bem explicado: com o tempo, perdeu-se a informação das cepas que estão misturadas no vinhedo e não é possível saber qual é sua proporção. Não passa em carvalho, e a fruta fica bem evidente. Ainda estava lá, depois de todo esse tempo. Com a aeração apareceu um pouco de chocolate (café?), o que deu um toque de agradável surpresa. A acidez estava presente, mas o conjunto denuncia que sua hora foi apropriada. Mais um pouco e estaria descendo a ladeira.

A harmonização? Não  funcionou em nenhum momento. O Sophenia 2 pode ser um vinho de piscina, no dizer de alguns. Para mim, é conversa mole para justificar a existência de produto de terceira. Vinho bom é vinho bom; o resto, tá, podem chamar de vinho de piscina. E Sophenia 2 é um desses. O Crasto, por ser um vinho de corpo médio, eu sabia que não iria comprometer a comida japonesa. Mas também não ajudou. Conclusão: havia comida, havia bebida, mas elas não se completaram, não encheram a boca da forma 2 + 2 = 6, se o leitor me entende. Resolvi que não precisaria gastar mais fôlego falando de outras características dos vinhos (graduação, estória dos produtores, etc).

1 comment: