Saturday, April 11, 2020

Villa Poggio Salvi Rosso di Montalcino 2011

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Introito

   Mais uma daquelas garrafas compradas à boa oportunidade de quem fica alerta e não banca o consumista tonto. Repetindo sempre, comparar o preço aqui com o lá de fora via wine-searcher e deixar na prateleira se a diferença foi muito alta é questão de cidadania. Precisamos fazer a nossa parte. Ainda não foi, mas virá o tempo em que os preços muito altos - advindos unicamente de margens excessivamente gordas - não terão mais espaço no bolso do consumidor. Temos a "arma", o wine-searcher. Investir dois minutos antes de fazer sua compra pode levá-lo a economizar a metade ou mais do seu dinheiro descartando um produto a preço aviltante.

Montalcino

  Montalcino produz vinhos à base de Sangiovese desde o século XIV. Foi na década de 1870 que Ferruccio Biondi-Santi desenvolveu a Sangiovese Grosso clocando a Sangiovese, e começou a produzir o que ficaria conhecido como o Brunello di Montalcino. Nos anos 1960 estabeleceu-se a DOC Brunello di Montalcino, que "evoluiu" para DOCG em 1980. Com vinificação um pouco diferente da do Brunello, o Rosso di Montalcino costuma ser considerado "irmão menor" do Brunello. Produtores sérios, em uma safa não tão boa, abrem mão de lançar o Brunello e lançam o Rosso. Produtores não menos sérios podem ter vinhedos diferentes, de onde vêm o Brunello e o Roso. O leitor mais esperto já percebeu que outras combinações são possíveis: produtores igualmente sérios podem simplesmente não lançar o Brunello e apresentar apenas o Rosso se a safra não é boa e seus vinhedos ainda assim são bem específicos. Já os produtores não tão consistentes enfrentam a vergonha de apresentar Brunellos inferiores a muitos Rossos. Há espaço para todos: muitas vezes o preço dita a qualidade do vinho. Não no Brasil, claro... se a importadora Z tem margem média de 4x, seu Brunellão Riserva vai perder de muito Rosso importado pelo pessoal mais... "sério".

Villa Poggio Salvi

 Villa Poggio Salvi é uma propriedade encrustada na DOC de Montalcino, onde a Sangiovese Grosso é hoje unipresente. Produz o Rosso, um Brunello e um Brunello Riserva. O vínculo que leva à página da Wine-Searcher acerca do produtor apresenta dados resumidos sobre ele. Só não tem vínculo para sua página original, que está aqui. A introdução é bonita, mostrando a sede e parte dos vinhedos; recomendo uma olhada.

Villa Poggio Salvi Rosso di Montalcino 2011

  Os Rosso são envelhecidos em carvalho esloveno por um tempo que varia de acordo com a safra. Este 2011 passou 12 meses em tonéis de 10.000 litros e descansou dois meses depois de engarrafado. Sua produção é de 22.000 garrafas.
  Aerado por cerca de uma hora e meia, surpreendeu pela boa acidez e pelos taninos. Está em bom momento para ser consumido. Boa fruta, persistente, combinou muito bem com um bifão de ancho. À medida em que experimentava, fui me apercebendo e surpreendendo-me com sua consistência e qualidade. Por não consumir italianos com a frequência que gostaria, e por ser muito grande a gama de estilos do país, é-me difícil reconhecer um Rosso, ou mesmo um Brunello, às cegas. Mas um ponto é inescapável: esse Rosso agradou, e bastante. Comprarei novamente, se deparar-me com uma boa oferta. Caso contrário... neeeeeeeext!

2 comments:

  1. Fala, Carlão! Mandando ver nos tempos de quarentena, hein? Então, o melhor Rosso que bebi até hoje foi o do Siro Pacenti, que batia sim, muito Brunello meia boca do mercado. Inclusive, mais (mas nem tão) recentemente, começaram a fazer o Brunello Pelagrilli. Sei não se não era o antigo Rosso... Aliás, deram uma aumentada no portifólio. Antes tinha o Rosso, o Brunello normal e o Riserva. Hoje tem ainda o Pelagrilli e o Vecchie Vigne. Eu bebi muitos Rossos antigos de Siro Pacenti, quando ainda eram importados pela Mistral. Não sei como eram vinificados na época, mas hoje, maturam em barricas de carvalho francês em vez de carvalho da Eslavônia. A propósito, permita-me, respeitosamente, apenas esse comentário sobre o seu texto: É carvalho da Eslavônia e não da Eslovênia. Muitas fichas traduzidas para o português colocam Eslovênia. Bem, mas é tudo alí pertinho...rs. Confesso que, apesar de adorar os vinhos de Siro Pacenti, esta maturação em barricas francesas tornam os vinhos mais modernosos e digamos que "quebra" a tradição dos Brunello. Eu prefiro que a tradição seja mantida.
    Abração,
    Flavio

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    1. Don Flavitxo, como vai? E taí um depoimento de que bons Rossos batem Brunellos não tão caprichados.
      Sobre minha "barriga": não podemos ser piedosos com ela. Nada de "respeitosamente". Corretíssimo, Eslavônia. E assumo, não li corretamente na fonte, o sítio do produtor:

      Ageing: In Slavonian oak barrels from 50 to 100 hl (1,320-2,640 gallons) for 12 months.

      Sobre a barrica francesa no Brunello moderno, bem... bebi poucos Brunellos, novos ou mais antigos (estes, menos ainda). Mas o que lembro-me das safras mais antigas é que elas me cativaram mais. É aquela estória que eu falo acerca do nariz das versões mais antigas: "água de riacho depois da chuva", que com horas de aeração vai se transformando de água a vinho.
      []s,
      Carlão

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