Wednesday, June 8, 2022

I Love Italian Wines 2022 - parte 2

Introito

É, ou foi, o dia do jornal. Ou do jornalista. Do jornaleiro não, que é 30 de setembro. Chegam todos os jornais  da praça com a tarja no cabeçalho da primeira página propalando imprensa livre e aquela estória toda. Quando é para fazer auto adulação, estão todos lá. Na hora de pagar indenização por reputação comprovadamente destruída em reportagem de quinta, ah, aí saem todos de cena. Já disse (escrevi): não votei em qualquer um deles. Decerto, calar a mídia como pretendem lulalelé ou bolsonésio é apenas o outro lado do desregramento cristalino e da peleguice generalizada que observamos diariamente. Não a ambos. Mas deveria existir algum tipo de teste para o caboclo ser jornalista. Passar pelo mata-burros poderia ser o primeiro de uma série; sem direito a seguro de vida nem atendimento médico em caso de acidente. Viva o sapiodarwinismo!

I Love Italian Wines 2022

Voltando ao Italian Wines, fiquei um pouco no stand da Enoeventos e fui circular. Estava junto do Ghidelli (centro) e do sr. Rafael Mauaccad (direita) apontando-lhes o mapa da mina em algum importador quando o fotógrafo do evento flagrou-nos. Muito vinho, urgia escolher bem. Os Barolos e Brunellos estavam todos jovens; o mais antigo que vi, creio, foi um Brunello 2013 - nem 10 anos. A safra é boa, o que sugere ainda mais guarda para exemplares superlativos. Os Rossos não estavam em melhor situação, e como vários eram de produtores grandes, na média não estavam prontos. Alguns Barberas e Dolcettos apresentaram-se melhores, mas eram mais simples - não no preço. Se procurar (até aqui no blog) encontra Dolcetto bom e a preço melhor. Ah, também esqueci de fotografar muita coisa, o que torna a tarefa mais difícil. Puxando pela memória, lembro-me do  Rosso Dei Notri, produzido pela Tua Rita, importado pela Domno, braço internacional da Família Valduga. Esse Sangiovese com corte bordalês (CS/Merlot) foi o que mais surpreendeu, por estar em bom momento; aí sim a fruta do nariz encontrou a fruta da boca, taninos médios, boa acidez. Gostei muito, mas o preço não ajuda: cá, R$ 350,00, e lá a USD 18,00-20,00; dá 3,5x.

Dei de cara com uma importadora que não conhecia, a Sicilianess. Seu Barolo Costa di Bussia Tenuta Arnulfo 2016 teve boa presença, apesar de novo. A fruta aparece um pouco, acidez média, arredondando mas sem mostrar-se em sua glória (rs). No sítio do produtor a 40 Euros (R$ 208,00)e a R$ 400,00 aqui, tem algo próximo 2x e torna-se uma opção interessante. O Barbera Vigna Campo Del Gatto 2018 fez boa presença. Está mais pronto, boa fruta e boca com acidez presente, além de boa persistência. O preço assustou, R$ 299,00. Custa 16 Euros (R$ 84,00), o que dá 3.5x. Tá fora... 
Na Grand Cru, experimentei o Chianti Classico Brancaia e o Il Seggio, de Bolgheri, ambos 2019, fechados, embora o segundo expressasse melhor a fruta. É um corte bordalês, Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot, a R$ 555,00 (assinante sai a R$ 472,00). Encontrei em várias lojas Londrinas por USD 30,00... na melhor das hipóteses dá 3x, para assinante.Vinhos bons, mas a compra não vale.

A Wine Brands representa os vinhos da Fescobaldi. Encontrei o Tenuta Perano Chianti Classico 2018, o Frescobaldi Campo Ai Sassi Rosso Di Montalcino 2019 e o Tenuta Castiglioni IGT 2017, todos da Toscana. Bons, mas ainda jovens demais. O Perano menos, até por ser um pouco mais simples, mas também necessita de guarda. Preços? O Castiglioni é um corte Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Sangiovese, custando USD 30,00 'lá' vs. R$ 487,00 'cá'. Se USD 30,00 x R$ 5,00 = R$ 150,00, dá um pouco mais de 3x. Fiquemos com 3x nos arredondamentos. A Argiano estava lá também, não lembro em qual importadora. Lembro que há muito tempo bebi, por obra e graça de Don Flavitxo, o excelente IGT Solengo. Os comentários estão no blog dele, onde observo que o André é outra pessoa, e ele refere-se a mim como Carlão. Destes Argianos, destaco o Non Confunditur 2019, mais simples deles, por estar algo pronto. Outro IGT à la Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Sangiovese, mostrou especiaria e fruta no nariz com boa integração com a boca, apesar de potencial para melhorar com mais uns dois ou três anos. O Rosso e o Brunello vimos que são ótimos vinhos, evoluirão bastante com mais tempo em garrafa.

O tempo acabava e voltamos para o stand da Enoeventos. Aproveitei para tirar a foto oficial do blog (rs) com o sr. Oscar e renovei o agradecimento pelo convite. Os elogios à importadora escritos aqui ao longo dos anos foram sempre merecidos - até porque a grande maioria das postagens mostra o valor dos vinhos lá fora - e todos os vinhos dela degustados foram pagos por mim ou por um confrade, sem a menor sugestão de agrado por parte loja. Já recebi proposta para fazer venda online de vinhos, que recusei - está em algum comentário do blog. Como pode o comentarista ser independente e promover um produto ao mesmo tempo? Aqui, portanto, os comentários são mesmo livres de qualquer outro viés que não o de proteger meus colegas consumidores. Voltando... claro que espetei mais uma tacinha do Brunello da Donatella. Apesar de novo, nota-se que será um bom vinho quando chegar à maturidade; a paciência será bem recompensada. Opinião partilhada pelo Ghidelli, nada ficou devendo aos outros Brunellos que experimentamos durante a feira. Seu grande diferencial é o preço, e para isso está aí o Wine-Searcher cuja consulta sempre recomendo na hora de considerar uma compra. Experimentei ainda o Masso Antico Il Potere 2018. Estava bem mais pronto do que a média dos vinhos da feita, um chocolate na frente de tudo e de todos (rs), um dulçor saliente provavelmente advindo do corte Primitivo e Negroamaro, com corpo e acidez médias. Não fotografei os vinhos do stand! Bem, não fotografei um monte de coisas... Fim? Não!

Tre Bicchieri

Perguntei ao Oscar o que tinham agendado para o jantar, e como bom Enochato imiscuí-me na programação do pessoal. Haviam marcado no restaurante Tre Bicchieri, onde encontramos a Liane Vieira, que não pôde participar do evento. Logo chegou a trupe, Rafael Mauaccad (direita), Oscar (esquerda) e Thiago (entre Oscar e Ghidelli), sócio da Enoeventos. O Rafael ofereceu um espumante italiano muito bom - não fotografei nem guardei o nome 🙄 - e o Oscar levou outro Brunello e um... um... um... Nativ Blu Onice Irpinia Aglianico 2018? Depois procurei no sítio da importadora, e foi o que mais lembrou-me o rótulo. Se foi mesmo ele, é um Aglianico (e isso lembro bem!) de ótimo corpo, bela acidez e persistência, e com ótima relação custo benefício: vale lá pelos seus USD 20,00 fora e é vendido pela Enoeventos a R$ 211,00, pechinchando, claro. Dá 2x. Lembra de ter lido sobre vinhos a USD 20,00 ou USD 30,00 nesta postagem? Lembra quanto estavam? Não? Tá fácil, basta tomar sal de fruta e subir um pouquinho... Embalado pela agradável companhia da turma, devorei um filé a Rossini e não pedi outro por vergonha. Também porque o vinho acabara...



 Rosso Dei Notri











2 comments:

  1. Muito bom comentário sobre o evento. Sucinto e claro. Parabéns!

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