Sunday, December 4, 2022

Ser decente é tomar atitudes decentes

Introito

Ser decente é tomar atitudes decentes.
dito d´Oenochato

Máxima, ou aforismo, é uma sentença que apresenta uma regra moral. Às vezes pode parecer óbvia como a proposta, mas ainda assim atenta para uma trivialidade não notada pela maior parte das pessoas. A frase acima deveria chocar pela obviedade, mas surpreende ainda mais quando notamos sua falta de aplicação no dia a dia. Aliada à falta de honestidade intelectual, a quem dá as mãos, desonestos e indecentes de todos os cantos, estirpes e tendências tentam ludibriar-nos com raciocínios toscos ou francamente mentirosos, enquanto as pessoas de boa fé simplesmente acreditam. Pese sobre estas que a inocência não é desculpa; a Bíblia - tomada apenas como referência histórica - já tratava do assunto ao narrar que Deus tem compaixão daqueles que não sabem discernir entre a sua mão direita e sua mão esquerda. O leitor destas linhas seguramente tem noção disso; a idade da inocência ficou para trás. Assim há aqueles crendo em narrativas afirmativas da inocência de Ali Lulá à mesma proporção que outros põem a mão no fogo por bolsonésio. Ele mesmo  queimou a cara, depois passou pomada e disse que não era bem assim, mudando de assunto. Diante desse cenário dantesco, resolvi tirar uma da cara de amigos bolsonésios - amigos PTlhos, aguardem! O fumo virá a cavalo! Chamei-os para uma suposta Fan Fest patrocinada pela FIFA em S. Carlos dizendo que rolaria cerveja grátis. O interesse foi enorme, e só não rolou enviar-lhes o endereço por escrito por eles já terem seus compromissos. Por vingança, mandei-lhes a foto do suposto local do encontro: a entrada do Tiro de Guerra de São Carlos, do qual possivelmente não se lembrariam do endereço mas muito bem conhecido por ambos que prestaram o serviço militar justamente ali... 😆

Reunião de confraria

Ghidelli e Márcia embarcam para algum lugar das Európias (sic) estes dias, e só voltam no ano que vem. Marcamos uma despedida coincidente com o jogo de sexta à tarde - e quase chego atrasado, porquanto o eletricista fazia  os últimos ajustes em minha cerca elétrica 😣. A importância disso é que o serviço de alguns vinhos ficou um pouco comprometido. Mas tinha um tintinho nojento na manga para segurar as pontas, que sabia poder abrir e servir rapidamente... 

Domaine des Remizières Crozes-Hermitage 2017 (norte do Rhône, portanto) é, claro, um 100% Syrah proveniente de vinhas com 20 a 25 anos. Já havia bebido uma garrafa tempos atrás e talvez não tenha postado, uma pena; é um vinho de preço relativamente acessível guardando ótima relação com a qualidade. Rico em fruta, chocolate (ou couro), mostrou-se direto e agradou a todos. O bom corpo veio acompanhado de taninos bem redondos e acidez média a alta, marcando bem a boca. Está pronto, e aguenta mais alguns anos. É um vinho dos seus USD 20,00 'lá', à venda em S. Carlos por R$ 149,00, o que indica bom preço. Faz parte do pacote que a rede Savegnago comprou junto ao grupo supermercadista Verdemar. Se o leitor não acha R$ 149,00 exatamente acessível, para minha completa surpresa encontrei no Savegnago de Ribeirão Preto por... R$ 99,00!, quando visitei o Xandão (não o do STF 😂), vide postagem passada. Comprei somente uma garrafa até com algum medo de ser uma safra miada (rs), mas depois conferi e é a mesma que temos aqui. Preciso voltar lá pegar uma caixa... até porque gente da confraria chutou seu preço em R$ 300,00, o que está perfeitamente consonante com a política das tubaronas do mercado (USD 20,00 x R$ 5,00 x 3 = R$ 300,00, grosso modo).

A Dona Neusa tirou da adega um Dolcetto 2019 do Luciano Sandrone, vinho que embalou parte da postagem no dia seguinte, sábado. Também rico em frutas, algo herbáceo e chocolate. Boca com corpo médio, um pouco de especiaria bons taninos, acidez mais presente do que Remizières (a salivação fica bem estimulada), apresenta ainda fruta e um ligeiro dulçor que nada bem a ver com a sugestão do nome da cepa, Dolcetto. Tem melhor final e permanência muito agradável. Aqui a bola fica dividida. Seu valor 'lá' é um pouco maior, USD 27,00 (x5 = R$ 135,00), e o preço aqui R$ 275,00 - boa compra, não dá 2x. O galo canta quando, numa oferta no ano passado foi arrebatado por R$ 170,00! Se tomar o Remizières por R$ 149,00, o Dolcetto na promo leva fácil. Por R$ 99,00, o francês volta a ficar bom.


Então chegaram os pesos-pesados. O Muga Selección Especial 2005, das Bodegas Muga, vem da esplêndida safra agora só encontrada fora do país. O tempo de consumo das primeiras garrafas não foi suficiente para um bom serviço do Muga - ele melhorou muito na segunda rodada, depois de irmos ao quarto vinho e voltarmos a ele. É fácil perceber tratar-se de outra categoria de vinho - e nem custa tanto mais, em safras recentes. A estrutura como um todo é claramente superior; o buquê é profundo, é perfumado, é rico, enche-nos de percepções que vão de uma rajada de frutas vermelhas e negras a chocolate e café bem distintos, madeira muito bem integrada, boca com ótimos taninos e acidez muito elegante. O final é médio, até para certa decepção pelas qualidades de nariz e boca. Ele seguramente tem muita vida pela frente, não precisa ter pressa. Na safra 2018 (disponível no sítio do produtor) consta como um corte Tempranillo, Garnacha, Mazuelo (Carignan) e Graciano, sem especificar as quantidades. Mas no corte Riojano a Tempranillo costuma apresentar-se como majoritária, até onde li. Pelos seus USD 50,00 na safra envelhecida (USD 30,00 na loja do produtor, safra 2018), é um ótimo vinho, felicidade engarrafada que precisa do devido tempo para realizar-se como tal. Não procurei, mas seu preço aqui anda na faixa dos 3x, o que é salgado. Uma pena. E chegou a vez do  Granja Nuestra Senora de Remelluri 'Remelluri' Gran Reserva 2012, outro Rioja. Com seu sítio Olá Mundo (rs), não há informações adicionais disponíveis. Aerou por cerca de 3 horas até iniciarmos a primeira rodada de degustação. Outro vinho bem estruturado com nariz aportando muita fruta, baunilha - seria da barrica? - chocolate/café, mas com boca um pouco travada. Não sei se é a safra ou se faltou (muita) aeração; a acidez estava presente, elegante até, mas parecia não chegar lá. Achei o Muga mais solto, embora não arrisque dizer melhor. Alguém com boa percepção poderia explicar melhor, mas não este pobre Enochato desnarizado e sem noção. O final também não estava tão atraente, quiçá outro efeito do pouco envelhecimento. Temos outra garrafa... acho que precisará aguardar um pouco mais...





8 comments:

  1. Conseguiu este Muga onde? Só estou achando o Reserva.
    Sds, Dionísio

    ReplyDelete
    Replies
    1. Obrigado pela leitura.
      Veio do Canadá... https://www.lcbo.com/en/

      []s,
      Oeno

      Delete
    2. Que bom. Obrigado. Amanhã vou lá pegar duas garrafas.

      Delete
    3. 🤔 Aproveite, ouvi dizerem que a passagem está em 'promo'...
      🤣

      Delete
    4. Eu não preciso de promo. Sou rico. Amigo do nine.

      Delete
    5. 🤣 Então também não precisaria estar bebendo isso. Convenhamos tem coisa bem melhor, se dinheiro não é o problema... A turma do novesfora (sic) bebe borgonhas...
      Boa sorte, e que a justiça chegue.

      Delete
    6. Mas o simples fato de ser borgonha não significa que é melhor. A diversidade na borgonha é muito grande. Aliás, borgonha é vinho de metido. Quando o cara quer dizer que sabe algo de vinho, sempre cita borgonha, até mesmo sem conhecer direito. Borgonha é o top da enochatice.

      Delete
    7. Chatice ou não, é o que o novesfora bebe de vez em quando, não é mesmo?

      https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0910200207.htm

      Ademais, a conversa saiu do assunto principal, 'vinho'. Finish.

      Delete