Sunday, January 29, 2023

Postagem atrasada, 1 de 'x'... 🙄

Introito

A desistência é a maldição dos fracos.
Dito d'Oenochato

Ouvi a estória há muito tempo e não consegui proceder a uma cuidadosa conferência. Contou-me o interlocutor que em esforço supremo os idosos da Coréia (creio) doaram seus valores ao Tesouro Nacional e suicidaram-se, para que o próprio governo não tivesse de ocupar-se deles. Esse sacrifício máximo tinha como objetivo beneficiar as futuras gerações. Aconteceu que alguns engraçadinhos acharam que podiam usar aquele dinheiro no cartão corporativo, ou equivalente da época. Há estórias desses mesmos sujeitos - eventualmente junto de suas famílias - sendo literalmente picados por grupos organizados de cidadãos de bem. Em alguns casos, com maçaricos. Longe de mim propor tal atitude para nosso povo bovino - até porque o preço do maçarico está pela hora da morte! -, eu que sempre defendi o voto nulo quando as opções na mesa são manifestas nulidades. Sou defensor intransigente do voto, não do massaricamento (sic). E, agora que a eleição passou, o voto auditável (impressorinha) e se possível protegido por blockchain. Afinal, não é o próprio Tribunal Superior Eleitoral o primeiro a dizer que camadas de segurança nunca são demais? Então por que postergar isso? O candidato interessado em recontagem que pague uma módica mórbida quantia, proporcional às urnas que desejar averiguar, e estamos conversados.
    Leitor do blog enviou-me comentário com o qual concordei bastante. Apenas não coaduno com a reflexão de que devemos (sempre) conceder os tais 100 dias de trégua ao governo que se inicia - a tradição é americana, uma democracia mais antiga, séria e estável que a nossa. Talvez tivesse a ver no primeiro dia de mandato, mas deixou de ser o caso. Dizem que os gastos da festa já foram para o sigilo. É isso mesmo? O que você, eleitor PeTralha, pensa sobre isso? Não é o maior problema - embora grave! Para Ali Lulá, é necessário que financiemos projetos de engenharia em outros países, pois... O Brasil deve ajudar a seus parceiros. A ideia não é ruim, nem um pouco. Mas tenho uma alternativa: o Brasil (digo, o governo) ajuda os brasileiros primeiro, construindo uma nação rica e igualitária (não é discurso desde... sempre? E nada fizeram nesse sentido nos primeiros 14 anos de (des)governo; acredita que farão agora?). Voltando, esse povo rico passa a comprar produtos dos nossos parceiros pobres, faz turismo no país deles, até recebemos de braços abertos (já acontece hoje!) seus estudantes para contribuir com a formação deles, e assim nossos parceiros enriquecem também. Sugiro uma consulta popular sobre as propostas de Ali Lulá e a deste modesto escriba. Ainda queria comentar sobre as forças armadas, mas fica para outra hora.

Loucuras de verão

O Gustavo, do Bistrô Graxaim, está determinado a montar uma boa adega, com o tempo. Já vem tomando providências bem antes de conhecer este blogueiro, a quem volta e meia pede sugestões de compra. Aconteceu dele considerar certa garrafa, adquirida em viagem ao Uruguai em 2017, pronta para o abate. Convidou seleta comitiva para testar outra de suas propostas pouco usuais, e este Enochato não fugiu à convocação. Conversamos muito francamente sobre o valor que ele pagara no vinho e procurei algo à altura. Tinha lembrança de lição involuntária aplicada com delicadeza e elegância por Don Flavitxo nos idos de '11, quando seu Quinta do Vallado Reserva '07 massacrou sem dó nem piedade meu portentoso (só eu achava) Dom Maximiano '05. Certo que a safra '07 em Portugal foi excepcional, mas a safra chilena de '05 também era considerada muito boa. Não deu pro cheiro (rs!). Eis que o Gutavo propôs a degustação de seu Massimo Deicas Tannat 2010 junto de um Cappeletti de costela com queijo coalho ao sugo à romanesca com requeijão de corte, parmesão Alagoa e presunto defumado de leitoa com tintos - há alguma ousadia em propor tintos com molho branco, concorda? Levei meu escolhido às cegas para um breve confronto, após o que revelaríamos sua identidade e partiríamos para o abraço. E assim foi.

Confesso inicialmente não ter anotado e a estas alturas não lembrar-me dos detalhes de cada vinho, então comentarei apenas algumas impressões gerais. O Massimo Deicas mostrou buquê com fruta, principalmente, mas pecou pela baixa acidez. Surpresa, tratando-se de sul-americano? Nenhuma. Após contar ao grupo minha experiência do parágrafo anterior com alguns detalhes a mais, e depois de devidamente apreciado, mostrei-lhes o Quinta do Vallado Reserva 2009, que a exemplo do encontro com Don Flavitxo posicionou Massimo em seu devido lugar: bom para um sul-americano, embora bastante caro - USD 50,00, à época - mas longe de ser páreo para um europeu de preço similar (nos EUA, pois em Portugal safras novas custam USD 35,00). É a estória de sempre: mesmo um tanazão de primeira linha, com seus supostos álcool e tanino penando na luta e levando bordoada de cepas supostamente muito menos 'pegadas' como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela e Touriga Franca; é a bendita acidez (e possivelmente 800 anos de história) fazendo toda a diferença. Ficou clara a superioridade, de nariz a boca, passando por permanência e final, do Vallado Reserva. De passagem: relatei o episódio ao Akira, e ao ouvir sobre o Vallado seu comentário foi lacônico: mas precisava bater tão forte? É ilustrativo e explica tudo. A Luciana apresentou seu Jaffelin Bourgogne, um borgonha básico trazido pela Chez France que em 'promo' é ótima compra. Safra 2020, mostrou-se muito vivo, fresco, pronto para beber; agradou a todos e (creio que opinião geral) ficou em segundo, suplantando inclusive o Massimo. O Eduardo compareceu com o The Old Museum Merlot 2017, da Franschhoek Cellar, um vinho que custa 25,00 Reais 'lá' e já foi comentado neste espaço. Novamente: é alegre e divertido (🧐), mas degraus abaixo dos demais. Claro, todos sabemos que não foi o Eduardo quem fez o vinho; ele apenas o comprou aqui por três dígitos de reais. Curiosamente os tintos - e o Vallado na frente, novamente - combinaram bastante bem com o prato. Pensando melhor, nem deveria surpreender tanto assim: a gordura da carne costuma casar bem com vinhos de acidez presente.


   Falando em valores, Vallado custa lá cerca de USD 35,00 e aqui está a R$ 556,00 (2.65x), embora para 'assinante' o preço caia a 473,00, ou 2.25x, diria que 'o limite da compra'. Mas 470tão é uma montanha de dinheiro... Já Massimo Deicas deve ter muitos fás por aqui, já que seu preço oscila entre a bagatela de R$ 965,00 a R$ 1699,99(!). A preferência do brasileiro pelo vinho nesse preço ajuda a explicar (mas não justifica!) votos em antas como Ali Lulá e bolsonésio. Esse é nosso país, terra de gente estúpida em todos os níveis intelectuais e econômicos. Um longo caminho à frente, mas sem desistir; desistência é a maldição dos fracos.










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