Saturday, September 12, 2020

La Chablisienne Chablis Premier Cru Côte de Léchet 2016

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Introito

   A Borgonha é uma região vitivinícola que estende-se, de norte a sul, entre as cidades francesas de Dijon e Lyon. A ordem de monges cistercienses já estava estabelecida ali lá pelo ano 1.100. Ramo dos Beneditinos, eles seguiam o preceito máximo de São Benedito, seu patriarca: ora et labora (reze e trabalhe). Claro, muitos mosteiros tinham como labor o trabalho nas vinhas, meticulosamente cuidadas, para que pudessem colher as melhores uvas e consagrá-las ao bom Deus em suas missas diárias. Logicamente o excesso - uns 99%, acho - acabava por ser consumida fora dos cultos religiosos. Eu decididamente não estou disposto a enfrentar uma situação como a dos heroicos jornalistas do Charlie Hebdo em 2015, de modo que atento o leitor para o meu acho, no parágrafo anterior... Eu posso estar errado. Mas acho que não... 🙃
   A principal cepa branca de Borgonha é a Chardonnay. Em alguma região perdida (Saint-Bris) cultiva-se a Sauvignon Blanc, e em algum lugar mais perdido ainda, há espaço para a Aligoté.
   Chablis está dividida entre várias regiões Premier Cru e Grand Cru, além, claro, das regiões mais simples. Uma boa fonte de informações para o iniciantes está aqui. O Chablis é normalmente um vinho seco, fresco, bem mineral e com boa acidez. Em suas versões mais simples deve ser consumido jovem, mas as produções mais sérias, nos melhores vinhedos, podem precisar de uma década para atingir o ápice, e manter-se por igual período. 

La Chablisienne

La Chablisienne é a maior e mais séria cooperativa da região. Fundada em 1923 como Société Coopérative La Chablisienne, conta atualmente com cerca de 250 cooperados que produzem vinhos de uma extensa gama de regiões e vinhedos específicos. É tida como a melhor relação custo-benefício de toda Chablis. Seu sítio é bem estruturado, e pode ser apreciado aqui.

La Chablisienne Chablis Premier Cru Côte de Léchet 2016

   Côte de Léchet produz vinhos Premier-Cru, significando uma qualidade bastante elevada. Não é o topo da excelência, mas é o suficiente para assegurar que a América do Sul precisará estudar (e rezar, e trabalhar...) por mais 200 anos se aspira atingir nível próximo. E na minha opinião ainda assim não vai... Mas bem, Côte de Léchet tem uma corzinha na qual não dá pra creditar, olhando meio longe, a menor qualidade. É quase transparente...  água com um pózinho para deixar mais turvo... (sic).  Aí vem o nariz, e o sujeito precisa se arrumar dentro da camisa. Bem floral, maçã por cima e algo mais que não identifiquei. É um dos problemas da pandemia: em confraria, os confrades sugerem outras notas, e de repente nosso cérebro faz a conexão. Sozinho, ficamos pensando: mas o que é isso, mesmo? 
A boca também é bastante boa: fica bem marcada, traços de limão são os mais evidentes. Boa persistência, acidez muito presente, muito frescor. Combinou muito bem com lombo canadense, com peito de peru, com Briê e com salsicha de vitela. Comprado em 'promo'(ção) no ano passado, a R$ 160,00, é outro exemplo de felicidade engarrafada que apresento no blog. Fazendo jus, dentre o que experimentei em bastante tempo, a até R$ 200,00 ('promo' ou não), é de longe o exemplo mais perfeito, completo e acabado de felicidade engarrafada que já analisei. Duro é pagar seu preço cheio, atualmente na ordem de R$ 380,00. Aí não... 

Provocando (como sempre), se formos comparar com um Sol de Sol - venderam-me certa feita como "El mejor Chardonnay de Chile", a USD 32,00 lá, a atualmente a R$ 300,00 aqui, então por R$ 380,00  Côte de Léchet está barato. Claro que não é assim. Sol de Sol é que não vale mais do que R$ 50,00 (posto aqui), e, enfatizo, isso porque eu simpatizo muito com o Chile em geral e com Sol de Sol e particular, o que exacerba minha generosidade (mas não minha capacidade analítica!), e acho que alguns brancos chilenos são infinitamente melhores que os tintos, proporcionalmente falando. Qualquer centavo acima disso deve-se ao marketing e a consumidores desavisados e desprotegidos. Existem dezenas de vinhos ao estilo e qualidade de Sol de Sol mundo afora - daí minha generosidade em simpatizar com ele - mas são poucos, muito poucos, os que rivalizam com um Chablizinho como  Côte de Léchet, que tem uma produção minúscula. O mundo tem 8.000.000.000 de consumidores em potencial. Vinhos equivalentes a Sol de Sol são muitos. Equivalentes a Côte de Léchet, são bem poucos. Entenda-se por que este pode custar mais. É mais com menos como o Chuck Norris: ele pode dividir por zero...

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