Sunday, September 20, 2020

Roquette e Cazes 2008

 Introito

   Há pouco (maio) bebi um Roquette, na safra 2006. Preocupado com sua longevidade, e ainda tendo uma garrafa da safra 2008, achei que poderia não fazer-me de rogado e mandar vê-la (sic) no curto prazo. Lembrou os tempos da inflação, do overnight, aquelas estórias... cuidado para que não voltem! Estamos à beira! Mais uma oportunidade e o canalha a quem demos permissão para governar o país vai nos atacar com todas as suas forças advinda das montanhas do obscurantismo e das colinas da ignorância. Só um fato não faz-me lamentar o eventual voto nulo: o outro lado já teria atirado o país em situação mas calamitosa. O que não justifica mais o voto dado uma vez ao idiota. Na falta de melhor opção, volto ao voto nulo, como tenho praticado desde há vários pleitos majoritários - e os tolinhos dos amigos me criticavam porque não votei no alquimim na 'primeira vez' dele... tolinhos... percebem agora?! Este blog fala de vinho, mas nunca se esquece do nosso bem maior, a cidadania. Voltemos aos vinhos.

O vinho português

Recentemente abordei a questão da classificação e um pouco da legislação do vinho em Portugal. Não vale a pena ficar repetindo. O vinho português - para mim - sempre gozou de boa fama por aqui. Graças mais a importadores 'independentes', ou, durante certo tempo, até às boas ofertas aqui e ali, possivelmente estimuladas pela concorrência sul americana, com vinhos (ainda) relativamente baratos. Os portugueses pareciam os únicos melhor europeus bem colocados na competição pelo consumidor. Falo de 2009, 2010,... de um mercado de 10 anos atrás... Outro dóla, também... Lembra? R$ 2,00/2,20... 2009/10 foram os anos posteriores à crise mundial; recordo-me de ter ouvido em podcast o pronunciamento do ministro da agricultura de Portugal dizendo que a única saído dos produtores de vinho locais era melhorar a qualidade e procurar o mercado mundial - para quem se lembra, Portugal foi um dos países mais afetados pela crise. Durante bom tempo, os vinhos portugueses foram uma opção honesta até por estas terras. A bem da verdade, continuam sendo. Mas atualmente  tem que suar a camisa...😓

Roquette e Cazes

Roquette e Cazes é produzido pelas famílias Jorge Roquette, da Quinta do Crasto, e Jean-Michel Cazes, do Château Lynch-Bages. O sítio explica a história toda. Roquette e Cazes tem um preço honesto lá fora. Fica em torno de 22 dóla nas melhores lojas do ramo. Duriense, é um corte das tradicionais Tourigas, Nacional e Franca, e da Tinta Roriz. Este 2008 está em condições bem melhores que o '06, mas convenhamos que está bom para ser consumido. Não guardaria mais. Então vamos lá, às perguntas inconvenientes que este enochato gosta de fazer. O Château Lynch-Bages é um vinho com potencial de guarda de 30 anos. Foram inventar de fazer uma junção para produzir um vinho que mal dura 10, e cujo ícone (Xisto) chega mal aos 15. Veja aqui! Pow! (rs!), o que esses caras foram até outras terras para produzir vinhos que não dão no mesmo couro? Ainda mais no caso do Xisto, que mal chega aos 15 anos, e é vendido a 70 Euros lá, R$ 1.200,00 cá? Não percamos de vista que o Douro tem potencial de produzir vinhos muito mais longevos! Veja aqui, para não precisar ir mais longe (risos!).

Bom, falemos do vinho. Bebi ao longo de 3 horas, pouco mais, e as notas são destes momentos, mais para o final. Observe-se que no início estava já bem agradável. Roquette e Cazes 2008 tem nariz a couro, chocolate (café?), especiarias, ainda preserva boa fruta. Na boca, boa presença de taninos - bem redondos - acidez agradável,  bem marcada, corpo médio. Álcool pega um pouco, o que não compromete no conjunto da obra - o pouco excesso está bem discreto. Deixando claro: longe de ser grosseiro; só aparece se prestar atenção. Continua um bom vinho, embora seu consumo para os próximos semestres - já não arrisco anos 🤨- deva ser observado. Guardando muito mais, o risco será pegar um produto já em decadência... o leitor fique à vontade para escolher. Para 2020, está bastante bom. Casou muito bem com um fibim (filé mignon) ao milho madeira. Seu preço anda proibitivo: R$ 300,00, em média. Como custa cerca de 22 dóla 'lá', e muitas das minhas garrafas comprei no Duty Free, que até pode ser Duty, mas nunca Free (tem alguma Duty, por mais obscura que seja. Duty Brazio?) - já não compro lá há muitos e muitos anos - a cerca de 28 dóla, x 2,00 (dóla de antanho) = R$ 56,00...  lembre que custa 22,00 'lá' em pleno 2020! Hoje, R$ 300,00 aqui, é o preço de rua! O comentário final é assim: o produtor é proprietário da importadora oficial no Brasil (Qualimpor). O dóla sai momentaneamente de controle e não fazem o menor esforço para praticar um preço mais camarada para o consumidor? Nenhum ganho baseado no fato de produtor e importador fazerem parte do mesmo grupo?! Precisamos notar, sobretudo, que essa fase é passageira - ou assim espero. Mas voltando, isso não pode passar em águas brandas. Não fazem nenhum esforço para manter um preço atraente para mim, para você, para o  consumidor em geral?  Lamento... não são meus... meus... meus... parceiros. Sempre bom lembrar que este blog faz perguntas inconvenientes... muitas vezes, para os produtores/representantes, em prol do consumidor. E apenas isso. O espaço é aberto à discussão. Mas idiotas serão rebatidas com veemência.

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