Tuesday, February 16, 2021

Finish

Introito

   Para gáudio de uns e desespero de absolutamente ninguém, esse título chegou 😕. Para a felicidade geral da nação, é só um título, não o fim do blog. Acabou a última garrafa de uma série que guardei por alguns anos, esperando poder melhor aproveitá-la com algum envelhecimento. Não foi bem o que experimentei...

Quinta do Crasto Vinhas Velhas Reserva 2010

   Recentemente [1, 2], andei bebendo uns Quinta do Crasto Vinhas Velhas safras 2008 e 2009. Agora, fecho a caminhada com este 2010. Era assim: bebia esse vinho (poucas vezes) em confraria e algumas em degustações. Bons tempos aqueles, de recepções na embaixada portuguesa em S. Paulo, evento anual promovido pelo importador e onde a Mercearia 3M sempre se fazia presente, levando uma van com alguns clientes malucos o suficiente para viajar durante sete horas e participar de um evento que durava... três? Quatro horas? Mas valia a pena. Durante anos, comprava uma garrafa por safra para guardar um pouco mais. A ideia era fazer uma 'vertical', experimentando todas as safras de uma só vez, tentando apreciar a evolução do vinho ao longo do tempo. Em 2011, com o anúncio de uma safra 'histórica' em Portugal, o preço desse vinho virou nome de música da MPB, os proprietários do vinhedo e da importadora acreditaram-se donos de belos olhos e tornou-se impossível continuar adquirindo mais garrafas. Talvez eu já estivesse ganhando pouco, talvez o dóla tivesse subido (2012? nããããooo... basta ter memória!), talvez... talvez o cadáver do Ulysses Guimarães tenha passado perto do navio que trazia o container, e os donos acharam-se gostosos a ponto de poder aumentar o preço do vinho em dóla (sic). Sei lá! Sei mesmo que, se for procurar nas postagens da época (2013, talvez) há um comentário meu de que os vinhos da Qualimpor estavam ficando caros...  Falemos de vinho...
Ao longo do último ano, provei três exemplares de Quinta do Crasto Vinhas Velhas Reserva, safras 2008, 2009 e este, 2010. Os 2008 e 2009 estavam claramente perdendo a força. Este 2010 já mostrou boa fruta - cerejas? -, em um buquê mais elegante, boca à chocolate (café?), boa acidez. Permanência e retrogosto médios. Se tiver esta safra, beba. Será que minhas outras garrafas, um pouco mais antigas, estariam 'miadas'? Não procurei com afinco, mas Cellar Tracker dá algumas pistas: para a safra 2008 algumas garrafas estavam boas, mas comentários diziam: "Would get again but with a little less age", ou "This wine is past its peak. Still lovely but fruit has faded" - comentário de 2018! Para a safra 2009, enquanto algumas garrafas permanecem boas, outras estão 'literalmente desintegrando-se', em uma opinião. E outra diz algo como 'beba logo'. Portanto, worldwide (sic!) há consenso de que não é um vinho para guarda tão longa quanto 12 anos. Ao contrário de outros produtores do Douro, cujas safras podem ser guardadas tranquilamente por uma década: Ferreirinha e Quinta do Vallado, apenas para citar duas. Pena que a primeira está com os preços fora de escala e a segunda quase desapareceu do mercado. Quinta do Crasto Vinhas Velhas segue impassível custando atualmente cerca de R$ 500,00(!). Um nojo. O mercado oferece italianos e espanhóis de qualidade superior, maior longevidade e metade do preço. Mesmo portugueses de outras importadoras tão um 'pega' em Crasto Vinhas Velhas, e custam menos. Viva a desinformação, o melhor ativo a se propagar na Era de Informação. Isso é o finish... 😂

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