Thursday, February 25, 2021

Um toscaninho IGT

Introito

   Tem dia que a noite não é boa (sic). Não é motivo para desistir, é motivo para tentar novamente! Recorde aquele clássico que você não escutava há muito. É a boa alternativa para uma virada de mesa - a seu favor, claro. Nunca desista - nunca, nunca, nunca, nunca, em nada, grande ou pequeno, amplo ou insignificante, nunca ceda exceto a convicções de honra e bom senso. Nunca ceda à força; nunca ceda ao poder aparentemente esmagador do inimigo. (Winston Churchill) 
   Não ceda à pandemia, ao obscurantismo, à súcia que vem do andar de baixo da moralidade e tenta espoliá-lo. Não ceda um milímetro. É isso que eles querem, é com isso que eles contam, é disso que eles se alimentam. Não recue, não hesite, não ceda terreno. À medida em que os bons se retraem, os picaretas ousam; não permita!

   IGT's 

   Você sabia que o país mais bagunçado, sem-vergonha e sem noção da dita Europa Ocidental é a Itália? Sim, aquele lugar onde há imensa corrupção a olhos vistos, onde nada funciona direito (embora todos sobrevivam) e que guarda mais similaridades com as Terras Tupiniquins é, de fato, o país da bota. Na mixórdia que assolou a Itália após a Segunda Guerra, um fato inconteste foi a queda qualitativa na produção regional de vinhos. Também pudera: perdedor, o país estava quebrado, sem classe média (a nossa está sumindo!), e portanto sem dinheiro para adquirir produtos de maior sofisticação. Meus avôs, por parte de mãe da região central, por parte de pai do Piemonte, diziam (sobre os conterrâneos): - Uns bundas sujas! (porque não sabiam limpá-la direito...).
   Tentando impor alguma qualidade à vitivinicultura, lá pelos anos 1960 implantou-se o sistema  DOC, Denominazione di Origine Controllata. Em algum tempo (anos '80) tinha tanta picaretice e gente (sic) burlando as regras, que tiraram da gaveta as regras para o sistema DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita). Ou seja, ser controlada não bastava... tinha que ser garantida. Garantiram tanto que, 20 anos depois, deu no Brunellogate... 😕
   Cansados de tanta burocracia e desrespeito às regras, diversos produtores decretaram um via il culo às normas, e a denominação IGT, Indicazione Geografica Tipica, foi estabelecida para quem produzia vinhos fora das regras locais.  Notemos então que a denominação IGT foi criada para ser algo como a terceira qualidade em vinhos da Itália, mas em pouco tempo muitos vinhos IGT passaram a representar parte da nata da produção italiana. 
   Observe que um vinho IGT pode ter qualquer procedência dentro da Itália. Basta, até onde saiba, que seja produzido fora das regras de uma DOC(G). Qualquer DOC(G).  Deu um via il culo, às regras, leva um IGT na testa no rótulo. É claro que dentro da DOC(G) existem produtores honestos e que levam a sério e ao topo e estado da arte na produção de vinhos. Produtores da Toscana, do Piemonte e do Vêneto estão aí para não me deixarem mentindo sozinho... 

Brancaia

Brancaia foi fundada em 1981. Atualmente está espalhada em três regiões distintas da Toscana: Castellina e Radda, comunas pertencentes à área de Chianti Clássico, e Brancaia, situada em Maremma, já próxima ao Mar Tirreno, que a maior parte das pessoas acredita ser o 'Mediterrâneo'. Brancaia TRE 2011 é um corte 80% Sangiovese, 20% Merlot 10% Cabernet Sauvignon. Dizem que as uvas são provenientes das três regiões, Castellina, Radda e Maremma, mas não se especifica quem vem de onde. TRE é algo como a linha de entrada da marca, que em em Il Blu seu ícone. Quem já experimentou Il Blu diz que é muito bom. Muito mais humilde 😓, o que pude desfrutar foram duas garrafas (esta é a segunda), compradas há muito tempo em alguma queima. A segunda experiência, até onde lembro, repetiu a primeira, que aconteceu há muitos e muitos anos. Não encanta. Na verdade, é um vinho plano: abre daquela maneira e assim fica. Tímida expressão de fruta no nariz (começou a melhorar um pouco passada a terceira hora. Errei tanto assim no serviço, nas duas vezes em que experimentei?), embora a boca seja equilibrada, com acidez e corpo médios. Boca por boca, casa bem com uma pizza de Pepperoni, mas tem final curto e persistência apenas média. Enfatizo que a impressão de hoje (2021) é parecida com a de anos atrás (2013? 2014?), o que embasa meu conceito de um vinho plano. Lá fora é um vinho de 15 dóla. Caro, pelo que oferece. Por aqui, custa R$ 175,00, ou R$ 150,00 para o 'confrade'. 'Preço lá' vs. 'preço cá', não está tão ruim (2x, preço 'confrade'). O problema é que, mesmo 'cá', temos opções muito melhores, de repente a preço inferior. Tejem avisados (rs! sic!): se algum 'confrade' me trouxer esse toscaninho IGT para alguma degustação, passará a 'ex-confrade'... 😜

2 comments:

  1. então, Big Charles... Eu tomei bastante o 2007, que para mim foi o melhor de todos. Foi #10 da WS na época etc. Estava muito bom, mas ele não teve longevidade. O 2011 eu bebi em 2015. Se tiver saco, dê uma olhada na minha postagem. O senti bem diferente do 2007 (que também, foi um ano bem melhor). Critiquei também o notaço (95 pontos) que a Decanter havia dado para ele. Eu acho que os TRE são bons para beber até no máximo 5 anos. Depois disso, só seus irmãos maiores. O Il Blu é um vinho maravilhoso! Esse sim aguenta... Mas também, o preço é salgadinho. Em relação ao TRE, me irrita muito aquela rolha. Podia ser algo melhor, né?
    Abraços,
    Flavitxo

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    1. Don Flavitxo, comprei o TRE justamente pelo comentário das safras anteriores. E... sim, encontrei os seus dois comentários sobre ele, inclusive um deles foi justamente a 'irmã' dessa garrafa, que provamos juntos em 2015...
      Lembro-me à época de não tê-lo apreciado tanto. E desta vez repetiu o 'score'. Não estava estragado, não estava desbalanceado: como dito, acidez e corpo médios. Não sei se o lote não estava lá tão bom, ou se foi a safra. Ou meu nariz...
      A rolha? Quase consegui tirar com a unha... o que, curiosamente, também não contribuiu para estragar o vinho.

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