Saturday, March 6, 2021

Chileno sobrevivendo ao tempo

Introito

   Sempre 'largo o pau' em vinhos sul-americanos. Nenhuma novidade. A proposta é fazer 'crítica'. Como tal, devemos levar em conta todos os aspectos que circundam o objeto em análise. Um deles, em tratando-se de produto comercial, é o preço. Essa estória de preço/valor é algo bem confuso. Atribuímos um valor a algo de maneira mais ou menos aleatória. Fulano (Ronaldinho/dão, Neymar, Brad Pitt, Tom Cruise) usa(m). Ah, então deve ser bom. Cicrano (todos esses aí) bebe(m)? Ah, então deve ser bom. Beltrano (idem) dirige(m), escolhe(m), enfia(m)? É bom!, não resta dúvida! Voltando ao vinho: os chilenos conseguiram, pelo menos aqui - aliados ou não (mas acho que sim) aos energúmenos de sempre - promover seu produto a níveis extremamente distorcidos. Estão conseguindo isso em outras partes do mundo - Oriente Médio, até onde ouvi falar, e Ásia. Sob certo aspecto, não posso recriminar qualquer besta honorável consumidor que compre vinhos chilenos, principalmente os ícones. Tais bestas honoráveis consumidores seguramente possuem situação pecuniária melhores que a minha - gasto com vinhos algo além da minha capacidade financeira, só explicável pelo fato de não ter compromissos que a maior parte das pessoas tem, seja(m) filho(s), pais idosos e outros. Sorte(?) a minha. E se essas essas pessoas tomassem noção do que é vinho, e passassem a consumir os mesmos produtos que eu? 😖 Oferta e demanda, o preço subiria, possivelmente a patamares que eu não conseguiria acompanhar. Bem, já não consigo mais, com o atual dóla. E ficaria ainda pior... Portanto, primeira providência, vou parar de meter o pau em bestas honoráveis consumidores que consomem ícones sul-americanos. 

Terrunyo 2009 Cabernet Sauvignon

Uma das minhas últimas compras de segundos-vinhos no Chile foi quase uma mala de Terrunyo. Era um dos poucos vinhos premium a preço razoável quando fui para lá ali por 2012, 2013. Peguei uma 'promo' que valia a pena (paguei uns R$ 75,00, à época). Trouxe até o branco. Em viagens posteriores, encontrei franceses... Então fui bebendo Terrunyo ao longo dos anos, aqui e ali. Cheguei à penúltima garrafa, e ainda é da safra 2009.  Enquanto comia um bifão e degustava o final de Antiyal e Ampodium para a postagem passada, Terrunyo respirava. É uma agradável surpresa ver que ele sobreviveu em ao tempo. No nariz, tem madeira discreta e boa fruta vermelha. Ainda, algo na direção de tabaco, talvez couro. A boca apresenta-se equilibrada, chocolate e/ou couro, misturados a um dulçor bem comportado. Os taninos arredondaram muito bem, a Cabernet marca presença discreta na língua, e a especiaria do carvalho pica mais do que a cepa. Se tiver algo nessa safra ou próxima, beba. A acidez apareceu tímida, mas não inespressiva; marcou discretamente o fundo da língua, com final ligeiro. Sobreviveu muito bem ao tempo. Custa aqui, atualmente, uns R$ 300,00; clara obscenidade. Don Flavitxo reportou-me ter comprado, em queima, a R$ 170,00. Então... de R$ 300,00 por R$ 170,00? Tenho dito e repito: por que não vendem sempre a preço razóavel, e sempre? A R$ 120,00 até seria competitivo, embora caro. Mas pelo menas (sic) a imagem dos sul-americanos não ficaria tão arranhada perante a crítica séria - que praticamente inexiste, diga-se...

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