Sunday, March 28, 2021

Por um céu mais azul, uma grama mais verde

Introito

   Nesta semana ultrapassamos 300.000 mortos por Covid. Não há estatísticas, mas possivelmente boa parte seja de seguidores do General bolsonésio. Seja pela falta de exemplo, seja pelas más orientações, os mais ignorantes dos meus irmãos, que financiaram meus estudos em uma universidade estadual com os 95% de impostos sobre suas pinguinhas, estão caindo como moscas frente a uma rajada do inseticida Raid. bolsonésio parece o vilão dos filmes de Roliúdi: governa pela burrice, não pela tirania ou vilanice, à medida que queima seus próprios comandados sem o menor escrúpulo. Comanda, mas não lidera; assim, interessa-lhe mais o caos do que o combate, justamente em uma época em que a liderança, mais do qualquer vacina ou remédio, seria a mola-mestra do bom combate à pandemia. Ao contrário dele, que chegou a comemorar uma morte no estágio de teste de alguma vacina, eu lamento a morte de cada pessoa, seja ela bolsonésia desavisada ou não. Escola bolsonésia, nós nos encontraremos nas urnas. E a batalha não terminará lá. Continuará até que o último bolsonésio esteja no cadafalso da História.

Fattoria Petrolo

   Petrolo é um produtor da Toscana que rotula seus vinhos como IGT, pois usa Merlot e Cabernet Sauvignon em seus principais produtos. Claro, também usa a Sangiovese, mas é nas cepas bordalesas que Petrolo causa um alvoroço entre os concorrentes locais. Já tive o imenso prazer de experimentar algumas garrafas do soberbo Galatrona, um 100% Merlot já comparado ao Château Pétrus, produtor do mais icônico vinho de Pomerol. Para registro, Galatrona também foi comparado ao Château Le Pin, apenas e simplesmente o segundo vinho dessa mesma região... e custa uma fração do preço de seus concorrentes. E quando digo fração, é fração mesmo: enquanto os bordaleses começam em... USD 2000.00+, Galatrona custa (a partir de)... USD 75.00! Como disse, já bebi alguns Galatronas. Até no dia seguinte o céu nascia mais azul, e a grama parecia mais verde. Espero que você ainda beba um. O sítio de Petrolo, ao contrário da qualidade de seus vinhos, é muito frutinha: deve ter sido feito por um gênio da computação (sic), mas com senso de estética similar à noção de qualidade dos produtores de vinho nacional, uma calamidade. Petrolo também produz o valoroso Torrione. Infelizmente as informações sobre safras passadas desse vinho são bastantes incompletas. Felizmente o vinho é muito bom, o que nos permite sugerir que o produtor enfie a falta de informações sobre ele no meio da sua ideia do que é um sítio organizado e com informações sobre o produto, e apenas sejamos felizes degustando-o.

Torrione 2012

   Eu no telefone: 
   - Akira, Torrione a R$ 140,00...
   - Pega uma caixa - sequer deixou-me terminar a frase. Fã do Galatrona, do qual trouxera várias garrafas de 'lá', o Akira já bebera o bem mais simples Torrione. Ao ouvir o preço não vacilou, decretou. Foi assim que rachamos uma caixa (meia dúzia) com a jura de bebê-las juntos. Como compramos outras coisas na queima da Cellar, em junho de 2017 (dóla médio a R$ 3,12), achei que meia dúzia estava bom.
Torrione parece ser um corte constante ao longo dos anos, composto de 80% Sangiovese, 15% Merlot e 5% Cabernet Sauvignon. Nessa proporção a Cabernet é difícil de pegar, embora tenha sim um pouco daquele ataque à ponta da língua. Lembremos ainda que a expressão da cepa muda de país para país, ou, mais precisamente (😑), quando mudamos bastante a região. Cepas não conhecem fronteiras, conhecem terroirs... Mas o toque está lá pra sem sabe perceber o presta muita atenção. Tem nariz com abundante fruta vermelha, especiaria e algum couro. Na boca, corpo médio a encorpado (mais para encorpado...), bela acidez, bons taninos. Álcool (14%!) não aparece, madeira discreta. Não sei (sabia) se a safra foi boa (foi!, chequei), mas mostrou-se, nessa idade, o melhor momento em que bebi esse vinho. Torrione tem um preço médio de USD 30,00 para a safra '12 (lá), e pagamos os R$ 140,00 aqui. Safras novas custam por volta de USD 25,00, e há uma oferta aqui por R$ 432,00. Tire suas conclusões. Esta é a quinta garrafa, as outras bebemos um pouco jovens, boa parte ali por 2017, começo de 2018. É decididamente a melhor garrafa que bebi. Paradas por muito tempo, em parte devido à pandemia, elas chegaram à plenitude, e é tempo de bebê-las. O Akira por motivos outros não bebe mais, e herdei os últimos exemplares por sua generosa oferta. É portanto com extremo agradecimento que desfruto desta garrafa em meio à pandemia. Não é um Galatrona, mas amanhã o céu me estará mais azul, a grama mais verde, minha existência um pouco menos triste.

8 comments:

  1. garay... Que saudades dos italianos da Cellar! A gente bobeou. Devíamos ter aproveitado mais as promoções no final. Agora, os vinhos não são mais encontrados no mercado. Só o Galatrona, a um preço bem "salgadinho"...rsrsrss

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    1. Aproveitei no que deu... 🙄 mas claro, sempre falta dinheiro nessas horas...

      Galatrona de USD 75,00 'lá' por R$ 2.000,00 aqui é só mais um exemplo de energumenice (sic). Vinho perfeito pra trazer de fora: ótimo, relativamente barato, e a diferença aqui faz compensar muito... Depois, claro, outros vinhos 'objetos do desejo'.

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    2. Pois é... Dois paus não dá, né? O pessoal perdeu completamente a noção, ou pensa que a gente não tem internet.
      Mas além do Galatrona, tinha os irmãos dele e também de outros produtores, que eram bem legais. Uma pena mesmo que a Cellar tenha descontinuado a importação dos italianos.

      abs

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    3. pois é... Ele bem que poderia trazer os vinhos que a Cellar trazia. Os Lessona, Furore, os brancos do norte da Itália...

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    4. Faiz (sic) uma listinha, vamos encaminhar para ele em nome dos... 'Bebedores Anônimos de São Carlos', ou algo assim...

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    5. kkkkkk... Ele nem vai descobrir quem é, né?

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