Friday, April 23, 2021

A aquarela e o Pintor

Introito

   O 70tão Antonio Pecci Filho é um cantor, compositor e violonista de mão cheia e absolutamente desconhecido. Por esse nome, claro... porque pela alcunha, Toquinho, talvez só não seja conhecido pelas pessoas mais sem oportunidade que nosso sistema social conseguiu criar. Esse sistema vem sobrevivendo nas figuras de odebrechts, camargos correas, andrades gutierrez, queiroz galvões e outras, que estão para ser reabilitadas juntamente do segundo maior infame que já pisou neste país, e olha que doutor Josef Mengele deixou suas pegadas por aqui. Pobre Mengele, sequer figuraria na lista dos dez mais. Faça um rápido exercício e enumere as mais infames personagens da atual república e compare. Só no Supremo tem meia dúzia. Mais? Pois é! Pensando bem, Mengele não figura entre os top 20. Pobre trombadinha. Sejamos mais aprazíveis, voltemos ao começo. Toquinho. Ali por 1970, iniciou uma sólida parceria com o Poetinha, que aliás é personagem de um conto de ficção científica da minha lavra (inédito, claro 🙄). A colaboração chegou ao fim com a morte de Vinícius, em 1980, e apenas três anos depois Toquinho lançava o que talvez seja seu maior sucesso individual: Aquarela. Há quanto tempo você não a ouve? Relembre... porque nesse caso relembrar é deleitar(-se).

Monte do Pintor Reserva 2011

Monte do Pintor é um produtor do Alentejo, estabelecido próximo a Évora. Produz uma gama simples de vinhos: um branco, um espumante, e os tintos em ordem crescente Pequeno Pintor, Monte do Pintor, Monte do Pintor Reserva e Escultor, seu ícone. Já experimentei duas vezes o Escultor. É um ótimo vinho. O de hoje foi seu segundo rótulo, o Monte do Pintor Reserva 2011. Escrevo com meia garrafa descansada na geladeira de ontem para hoje - como você acha que fiz a última postagem?! 😂 - e Pintor sobreviveu muito bem. Continuou com boa fruta vermelha e madeira; apareceram chocolate e couro. Boca com porte médio, bons taninos, 15% de álcool não aparente. O doce típico do vinho ibérico arrefeceu. É um corte de Trincadeira, Aragonez e Cabernet Sauvignon que, se não fosse pela ficha técnica, dificilmente perceberia. A especiaria da CS está discreta com esses 10 anos. Pintor pede Aquarela para acompanhar na degustação e formar um bom dueto; pronto para beber, pode ser guardado um pouco mais apenas por capricho. Tem bom final e boa permanência, deixa seu rastro bem marcado garganta abaixo, de modo que a saliva posterior não se perde no caminho 😂. Custa 'lá' (Portugal) cerca de 30 dóla. Aqui encontrei por R$ 260,00 (paguei cerca de R$ 100,00 há bom tempo...), mas vejamos: USD 30,00 x R$ 6,00 = R$ 180,00, portanto é uma boa relação custo-benefício. Eu me pergunto se vale os USD 30,00 'lá'. Pensando bem, acho que existem compras melhores. Se você já está desembolsando 30 moedas, pegue mais 10 e compre um Quinta do Vallado Field Blend. Não é uma mudança de degrau. É mudança de andar... Então acho que, apesar de bom, Monte do Pintor Reserva, mesmo na ótima safra portuguesa de 2011, não é um vinho para tudo isso. Nessa faixa de preço (diria até USD 50,00), acho um tanto raro que vinhos europeus destoem tanto no quesito preço-qualidade. Mas acabei por encontrar um caso...

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