Friday, April 30, 2021

400 mil e a falência coletiva

Introito

   Lamentavelmente chegamos nos 400 mil mortos pelo Covid. Uma CPI com suspeita de que acabará em pizza - quero estar errado; por enquanto a maioria é de senadores da oposição, mas dá para sair muito dinheiro dos cofres governamentais antes do país falir de vez - ainda dá-nos alguma ilusão de que o futuro próximo (6 meses) possa apresentar algum vislumbre de mudança. Um amigo bolsonésio, há dois meses, enviou-me uma agenda de vacinação. Minha idade estava prometida para iniciar-se no dia 5 maio. Ontem enviei-lhe um uatizappi - somos da mesma idade - convidando-o para irmos juntos tomar a vacina. Adivinhe o resultado... 
   Enquanto isso o Estúpido-Mor da República continua com seu negacionismo, ameaças de golpe - venha... - e  insistindo em fazer parte do problema em vez de tornar-se parte da solução. Já comentei aqui: deixe as tralhas, e junte-se aos bons. Bolsonésio e importador energúmeno: tudo a ver; fiel retrato de um país falido.

Santenay

   Santenay é uma comuna da 'macro' região de Côte de Beaune, que fica na Borgonha. É uma comuna Premier Cru, produzindo grande quantidade de tintos e um pouco de brancos - sempre Pinot Noir e Chadonnay, respectivamente. Claro, nem todos os vinhos são Premier Cru; existem doze regiões demarcadas com tal status, além de porções ditas Village. Dentro das regiões Premier Cru, muitos produtores plantam para vinificar ou vender suas uvas.

Maison Louis Latour

   Louis Latour é uma empresa négociant, estabelecida em 1797. Possui vinhedos Grand Cru, Premier Cru e Village, além de comprar uvas de produtores independentes. Produz, efetivamente, dezenas de rótulos por toda a Borgonha. É tido como um produtor consistente, mas vamos lá: no mundo do vinho, toda uva é vinificada. Não importa se de alta ou baixa qualidade: está na Borgonha, vai virar um Borgoinha. Está em Montalcino, vai virar um Brunelinho - ou Rossinho, ou alguma coisa mais estranha (rs!). Está no Brasil, vai virar um Colheita Selecionada (sic! rs!), ou o que o valha, e custar os olhos da cara.  O leitor entendeu... Assim, se comprar um Louis Latour Rouge e não estiver tão bom quanto o esperado - ainda mais pelo valor -, não venha reclamar a este blogueiro. Diria ainda que, com várias dezenas de rótulos em seu portfólio, não estranhe se a marca estiver presente nos catálogos de várias importadoras, cada qual com sua margem, pornográfica ou não.

Louis Latour Santenay La Comme 2013

La Comme é um dos vinhedos Premier Cru de Santenay. Não é incomum que vinhedos sejam repartidos entre diversos produtores, então se encontrar um La Comme de outra casa, não se assuste. A safra 2013 não foi lá grande coisa. Essa garrafa foi comprada no Chile há alguns anos por R$ 120,00. Dóla a uns R$ 4,00, talvez. Não faz sentido comparar o preço com o Brasil se não temos um importador precisamente desse rótulo por aqui - não encontrei. Tem nariz com fruta vermelha bem marcada, especiaria e algo doce. O doce repete-se na boca, onde está balanceado pela acidez muito expressiva, taninos leves, álcool também integrado (13%). A madeira - 12 meses em barrica - quase não se nota. Está pronto para beber. Em se tratando de Borgonha, não sei dizer quanto tempo mais poderia durar. Já bebi Grand Crus com 15 a 20 anos, e estavam novos. Borgonhas muitas vezes envelhecem, oxidam e continuam excelentes na modalidade oxidado. O ponto é que não sei avaliar esse exemplar, se poderia ter envelhecido mais e encontrado sua quinta essência. Estava desejoso de um vinhobão, e nesse quesito sei que meus borgoinhas não me decepcionariam. Pelos R$ 120,00 foi felicidade engarrafada. Para um Premier Cru? Ah, vá!

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