Saturday, April 3, 2021

Repetições

Introito

   Tenho abordado - até com alguma repetição (😕)! -a questão de repetir (sic) vinhos. Se volto ao tema é por sentir que não consegui, das vezes passadas, dar um tratamento adequado ao tema. Daí que tento uma variação das abordagens passadas, para levar o leitor a refletir e escolher seu próprio caminho. Por um lado a repetição do mesmo vinho no dia a dia parece-me uma falta de perspectiva grosseira; é manter-se fiel a um procedimento que não merecemos. E, sobretudo, é gastar fidelidade à toa. Sejamos fiéis ao vinho, não à vinícola. Bem diferente é comprar algumas garrafas de um bom vinho em oportunidade. Precisa ser um vinho com longevidade. Se puder beber uma garrafa por ano, será bom. Então essa repetição casual deve ser entendida como muito diferente da repetição do dia a dia. Essa última não vai-lhe acrescentar algo ao longo do tempo. Eu mesmo já cometi esse erro, só que não havia ninguém dando-me essas dicas... Certo, certo, aquele vinho de dia a dia você gosta muito, mas muito mesmo, beleza; beba dois por mês - na suposição de beber uma garrafa ou mais garrafas por semana. Não negue-se a oportunidade do novo, do diferente. Tente fazer uma boa compra - isso é o mais importante. Seu dinheiro é suado. O meu, garanto, é mais suado ainda... 🙄 bem... cada um sabe do seu suor...

Mâcon-Villages Les Héritiers du Comte Lafon Récolte 2011

Bebi Les Héritiers da última vez em maio de 2020, com a Carol. Ficou um camarão no meio, digo, entre eu e o Borgonha, e foi uma ótima combinação. Desta vez fui de um salmãozinho, também uma boa combinação. Continua floral, mas notei agora um toque cítrico. Boa acidez, parece algo na linha de abacaxi na boca; algum dulçor, boa permanência. Talvez fosse melhor se bebido mais jovem, mas esse tempo entre uma prova e outra não alterou sua qualidade; continua bem agradável. O tempo passou, o dóla subiu, a compra tornou-se melhor (rs), talvez isso influencie um pouco também... saber que você está bebendo um vinho de 500tão - embora tenha pago menos de 200tinha por ele faz, de alguma maneira misteriosa, bem pro ego. Sempre fica a pulga atrás da orelha. Onde estamos? Meio salário mínimo por um vinho de padrão igualmente mínimo para o produtor? É um produto de 20 dóla la fora... Mesmo com um dóla a R$ 6,00, dá uma margem de 4x. Estamos mesmo indo pro vinagre. O consumidor precisa deixar de ser tolo. É uma questão de cidadania enquadrar esses energúmenos. Assim como o cidadão-eleitor precisa enquadrar os maus políticos, de antes e de hoje.

2 comments:

  1. Perto de 500tão um Maconzinho nojentinho? Roubo! E não é vinho para durar 10 anos, hein!

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    1. 400 e fumaça (muita)...
      Na última 'queima' já estava em quase 300... ridículo...

      Na postagem passada, já refleti se realmente valeria a pena comprar vinhos nessa condição, uma vez que, de fato, boa parte do frescor já foi. Claro, é um grande produtor, e o resultado - mesmo deste último - é um vinho que, se perdeu mesmo um tanto do frescor, continua bom. Pelos menos de 200, foi uma boa compra. Se tivesse pago mais, estaria infeliz.

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