Sunday, June 13, 2021

Introito: processo criativo

   Meu processo criativo varia conforme a necessidade. Literariamente - aposentado! - primeiro penso na ideia principal. Vou burilando, criando um roteiro. Consulto minhas milhares de anotações - produzidas em balcões de bares ao longo da vida - procurando situações boladas e reboladas (rs) enquanto aproveitava noitadas viajando em alguma música, na bebida, no ambiente, que possam ter ligação com a trama. Vou separando e mudando ou a trama ou a ideia das anotações à procura de harmonização. Sentando para escrever, já tenho o início e o meio da estória. Se tiver o final, ora, o leitor inteligente também terá, sem muita dificuldade... Assim, ao longo do tempo, vou escrevendo, reescrevendo, deixando repousar, voltando a reescrever, escrevendo mais um pouco e progredindo devagar para um final que se revelará em algum momento. Minha última estória, Dante Acadêmico - título provisório, inédita - consumiu-me 10 anos de labuta. O leitor já percebeu que não dá pra tocar um blog de vinhos dessa maneira... Às vezes a postagem de um encontro fica para o dia seguinte, e tem que sair, sob pena de ir me me esquecendo das características do que foi degustado. Na pandemia, vou bebendo o vinho no jantar, acompanhando alguma notícia, e depois volto-me à degustação enquanto reflito sobre ele e sobre a abordagem do introito. O que saiu é o que fica. Depois vem algum arrependimento: poderia ter melhorado a abordagem se fizesse assim, se comentasse aquiloC'est la vie...
   Ontem faltou-me uma reflexão. Fomos governados por um idiota, um ladro e uma retardada - Never again. Never! (veja a terceira citação, a partir de 1:03). Ora, por nada os PeTelhos, após o impeachment de Collor, tentavam impedir o idiota. Por nada. Tomaram uma bela carimbada nos fundilhos por causa da retardada. Gostei de ver, mas foi só em 2016. Porque o idiota achou - em sua monumental sapiência, esquecendo-se da máxima do James Carville - que poderia deixar os PeTelhos sangrarem quando estourou o mensalão, o ladro não foi impedido logo em seu primeiro mandato. A estória poderia ter mudado naquele dia. O que temos agora? Os PeTelhos calados, deixando bolsonésio sangrar porque consideram-no seu adversário ideal para o próximo pleito. E as pessoas que estão famintas? E a nação? Para todos, um belo phod@-se. É isso mesmo?! São essas criaturas - Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, seus governadores, deputados e senadores - que pensam a nação? São esses nossos estadistas? É isso o que eles têm para nos oferecer? Obrigado! Enfiem suas ideias no meio dos seus cérebros esclerosados e deixem-nos em paz! Espero que a próxima eleição enterre todos vocês. Em cova rasa. Não merecem mais do que isso.

Artadi

   A Bodegas y Viñesdos Artadi começou como uma cooperativa em 1985 na região de Rioja, e com o tempo expandiu-se para Navarra (1999) e Alicante (1999) onde cultivam a Monastrell, outro nome da Mourvèdre, cepa bem presente no Rhone pelo corte GSM (Grenache, Syrah e Mourvèdre). Sendo uma cooperativa, produz uma gama relativamente grande de vinhos, entre Cava, tintos e brancos. 

El Sequé

El Sequé é o vinhedo localizado em Alicante, e sua cepa é a Monastrell. Abriu com boa fruta e agora, à quarta hora, evoluiu relativamente pouco. Claro, está bem presente - fruta vermelha - um quê terroso e algo do que o Akira costumava referir-se como... carne. Boca com taninos não tão pegados - médios, mesmo - acidez moderada, não marca tanto mas está bem presente. O álcool (14%) não aprece e compõe um conjunto harmonioso. Não é impressionante, mas é muito bom. Sinal da idade?  Não sei interpretar a esse nível, falta litragem. Claro, é preciso colocar uma métrica em tudo isso. Por exemplo, é muito mais vinho do que o Vinha da Defesa degustado ontem. Mas talvez esteja um pouco abaixo do 4 kilos da semana passada. De repente aquele era um tanto mais vinho e estava mais novo (2009), enquanto este é um pouco inferior e mais velho (2006). A safra 2006 na Espanha não foi lá tão boa - os principais avaliadores indicam como pronto para ser bebido - no que concordo. Seu preço lá fora oscila entre 40 dóla nos EUA (safras mais antigas) e 25 dóla para safras mais novas no sítio do produtor. Lembrando, 40 dóla é o preço do 4 kilos... Jesuis Cristinho, outro vinho de 40 dóla, o que projeta um preço aqui, atualizado, a mais de R$ 800,00... no se puede... paguei R$ 153,21 por ele em 2018, ano em que a média da moeda foi R$ 3,65... mais uma prova - como se precisasse! - do quanto empobrecemos no atual (des)governo. 


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