Monday, July 26, 2021

O Prelado e as Vestais

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Introito

   Desta vez dirijo-me a um grupo específico e não ao eleitor inexistente, a confraria Noivas de Baco. No sábado apenas duas vestais do templo atenderam ao chamado para o culto. Sim, somos uma fraternidade relativamente pequena - mas valorosa, dado o interesse de cada um no assunto - e claramente cada um tem sua agenda. Gostaria de comentar que uma confraria se faz com seus membros participando dos eventos. Sim, ainda estamos em tempos de pandemia, e é necessário todo cuidado e responsabilidade. Por outro lado as reuniões que temos feito são levadas com distanciamento, de maneira tranquila e ordeira, muito diferente de festas em boates. Sim, claro: quem sentir não ser apropriado não deve mesmo participar. Todos sabemos, inexiste penalidade ou recriminação. É uma reunião entre amigos em torno de um interesse comum, jamais uma obrigação de qualquer tipo. E, agora que ameaçamos sair debaixo da terra como marmotas após o inverno, ainda não temos um calendário definido de encontros. Apenas atento sobre podemos começar a respeito. Se os encontros de vinho e turismo serão mensais a partir de agora, encontros igualmente mensais espaçados destes por quinze dias proporcionaria degustações a cada quinze dias - e cada um pode julgar por si se é apropriado ou não. 

Sexta de degustação solitária...

   Na sexta-feira abri uma garrafa que estava muito boa, e da qual bebi pouco mais da metade. Apostei que poderia apresentá-la no dia seguinte, sem o perigo de passar vergonha. Claro, selecionara meu candidato para o dia seguinte e pensei comigo que nenhum adorador de Baco reclama de ser recebido com uma garra suplementar para o culto, mesmo que pela metade.

...Sábado de Aleluia

   A adoração a Baco é francamente anterior à religião católica, portanto não há o que se falar de plágio na invocação desta seção. A palavra, nos dias de hoje - alguém sabe desde quando? - é sinônimo de alegria e júbilo. É nesse espírito de congraçamento que fazemos uso da palavra para manifestar a satisfação do reencontro. Assim, receber as vestais Renata - recuperada da operação - e Dayane encheu este prelado de renovadas esperanças de um 2021 melhor que 2020... e pior que 2022... 😊

Cardápio e atores

   Por conta deste que escreve, o cardápio do cozinheiro de um prato só ficou por conta do indefectível filé ao molho gorgo. Por conta do número do número elevado de participantes, as batatas de fritadeira a ar queimaram um pouco 😖. Mas só um pouco... 😇 nenhum grande pecado. A já famosa entrada de frios também esteve presente, e acompanharam bem o vinho já aberto e bem aerado. A 'sobremesa' foi regada a vinhos já abertos. Novamente, ninguém reclamou...

Havia aberto no sábado um Mocali Mirus Rosso di Maremma 2008. Maremma era um pântano na época dos Etruscos,  e assim permaneceu - a despeito de várias tentativas de drenagem, inclusive já pelos romanos - até a década de 1930, quando sob ordens de Mussolini deixou de ser uma região entregue à malária em plena Europa. Ei, o idiota fez algo que prestasse. Lá pelos anos '90 os produtores mudaram-se definitivamente para lá, apesar de regiões próximas como Bolgheri estarem então bem estabelecidas. Maremma tem seus patéticos detratores por diversas razões, dentre elas a de permitir muitas cepas internacionais (Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlo, Petit Verdot, Syrah) misturadas às locais (Canaiolo, Ciliegiolo, Sangiovese, Pugnitello) mas... ora, se até este insignificante blog tem seus detratores... o que dizer de uma região nova que ousou afastar-se do cerne da produção toscana? Sobre o produtor, já comentei aqui, e aqui. Mesmo no segundo dia manteve fruta fruta vermelha, café/chocolate, açúcar residual com alguma presença mas o conjunto manteve-se harmonizado. Taninos muito bons, boa persistência, acidez equilibrada, bom final. Belo acompanhante para salame e presunto tipo alemão. Pêra-Grave 2017 é outro vinho muito bom, trazido pelas vestais Renata e Dayane. Vinho regional do Alentejo, bebi no ano passado um exemplar da safra 2016, que está comentado aqui. Assim, pouco mais de um ano depois atualizo a degustação de uma garrafa igualmente um ano mais nova, para certificar o que já conhecia: fruta muito fácil, café (chocolate?), um vinho alegre, equilibrado, taninos e acidez elegantes, corte de Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonez e Alicante Bouschet, cepa vastamente cultivada no sul da França e que aportou no próprio Alentejo nos idos de 1800, encontrando ali, segundo alguns, sua verdadeira residência. Com o bifão, veio também o Ferraton Crozes-Ermitage Le Grand Courtil 2009. Essa foi uma safrona no Rhône, que ajuda na sua 'janela de beberagem' (rs! sic!): até 2039... Bebi dele há algum tempo (não postei) e estava ótimo. Este mantém notas herbáceas, fruta e algo na direção de fumo. Boca com ótima acidez, taninos vivos, boa persistência e bom final, um vinho redondo. Comentei sobre outros Ferratons que bebi aqui e aqui, quando propalei (rs) um dos grandes blefes destas páginas, supondo que um vinho chileno teria - teria - batido franceses em degustação às cegas. Foi divertido ver algumas reações. Como comentado, Ferraton não tem encontrado uma casa fixa no Brasil, mas parece que alguns vinhos estão disponíveis a preços razoáveis. Comprei 3 garrafas de Enoeventos este ano e ainda tinha uma lá (bobeei, achei que tinha rapado o estoque). Não sei se durou muito... No final servi um queijo tipo gorgo com o Sauternes do Château Doisy-Védrines 2016, um  Adriano Reserva Particular sem vintage e um Tokaj Leonis Selection 3 putônios 2006, vinhos mencionados em postagens recentes. O Adriano, engarrafado em 2001, permaneceu alguns meses em geladeira, sendo servido em dedais aqui e ali para certos felizardos. Seus aromas terciários - nozes, principalmente - estavam deliciosos. Acabou, infelizmente. Ainda tenho um ou dois Portinhos (sic) de vintage ou engarrafamento mais ou menos dessa data. Aguardem episódios dos próximos capítulos.

Valore$

   Mocali anda à venda em safras mais recentes por uns R$ 250,00 (USD 50,00), e é um vinho 'lá' de USD 22,00. Vale a pena. Pêra-Grave foi comprado pelas meninas (sei porque compramos alguns vinhos juntos) a uns R$ 150,00, e é um vinho de uns USD 12,00 (ou pouco mais) 'lá'. Na 'promo' é bão tameim (rs! sic!). Ferraton, vinho de USD 50,00, paguei cercade R$ 260,00 'cá'. Essa sim foi uma comprona, arrematei aqui pelo preço 'lá': 1x. Baco gostou...

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