Friday, September 3, 2021

A Senhora N. desafia

Introito

 
A Senhora N. debutou no blog em 2016. Acho que já disse isso... 😕 Não importa muito (se já disse); importa que desde então temos nos reunido em encontros sempre agradabilíssimos onde nada falta - inclusive polêmicas - sempre levadas com algum humor e absoluta honestidade intelectual por todos. Achar que um vinho é melhor que o outro diz respeito ao vinho, e não a seu proprietário - por mais que os meus sempre sejam melhores que os de Don Flavitxo... Dizer que o político da hora até está fazendo um bom mandato não me impede de classificá-lo como idiota. Há 20 anos nosso crescimento - quando ocorre - é medíocre e a distribuição de renda pouco melhorou - se melhorou de fato. Não concedo mais que políticos errem bisonhamente; errando, idiota é. Voltemos: havia algum tempo que não nos reuníamos, e Dona Neusa achou que era demais. Chamou-nos para um... bifinho... Akira e Ghidelli disseram que fariam de tudo para atender ao chamado - Akira estava em viagem -, enquanto as confrades Elvira e Margarida garantiram presença. Na hora, só de olhar para os bifinhos, senti que Baco gostou. Curiosamente na mesma semana a amiga Angelina comentou, algo preocupada com minha saúde, que não é recomendável comer carne à noite. Bem, acho que um pouquinho pode...

Entradinhas

As entradinhas foram, principalmente, mentiras que costumo contar para animar os encontros. Entre uma (mentira) e outra, aumentei um pouco a fama do Akira, citando o lançamento do catso do astronauta brasileiro para o espaço (deveria ter ficado por lá...). Eu levara um Tarapacá Reserva Privada, que, às cegas, ele matou o produtor na cafungada e o vinho no paladar. E não é que mal acabo de contar a estória, o Akira toca a campainha? 😨 As meninas olharam para mim com um olhar especialmente artimanhoso: 
- Agora descascamos esse Enochato... 
Ah, nada como contar boas mentiras. Cumprimentos feitos, todos sentados, vinho servido para o Akira - às cegas - logo a Elvira perguntou a uva. O Akira mal deu uma cafungada e olhou para ela, como se fosse normal: - Riesling. Ela perguntou de onde. Ele comentou que não era da Alsácia porque faltava mineralidade, não era da Nova Zelândia porque faltava potência, e não era da Alemanha porque faltava alguma outra coisa (😖). Ante a insistência da Elvira, opinou que fosse primeiro mundo - Américas. Sugeri que sob pressão até pato botava ovo, e ela continuou a espremer o pobre Akira até ele - conforme enfatizou - chutar: Americano. Particularmente achei um pouco doce na entrada da boca, e o nariz não apresentava a assinatura típica dessa uva, o buquê a óleo Singer. Note: para mim. Essa assinatura - a conexão com óleo Singer foi criada pelo próprio Akira - não estava-me tão clara e só depois que a temperatura subiu um pouco ficou levemente perceptível. Acho que particularmente não reconheceria. Chateau Ste Michelle Dry Riesling 2019 tem boa acidez e pelo toque mais doce temo que fique enjoativo se degustado em grupo pequeno - ou a dois. Para uma ou duas tacinhas, vai bem. Um Zind-Humbrecht Riesling Turckheim não te enjoa jamais. Mas ora, onde fica aquele ditado de variar sempre?! Viva o diferente. Este não me agradou - e minha opinião passou longe da unanimidade. O Corello 2017, de Salice Salentino DOC, é um corte Negroamaro (90%) e Malvasia Nera (10%) produzido na região da Puglia. E meio-seco, estilo que neste ano vem mudando meu conceito a esse respeito. Pelo próprio estilo, é um vinho mais leve, apesar de seus 15% de álcool que não aparecem. O travo é sim um pouco mais doce, mas sem enjoar. Tem taninos discretos, boa fruta e alguma acidez, fazendo um conjunto harmonioso. Pelo doce, sem o devido acompanhamento, não faz meu gosto como vinho para degustação. Mas é, por exemplo, boa porta de entrada para quem deseja passar do vinho suave para o seco. O evento continuou, para fica para a segunda parte.

Esta postagem foi embalada a uma meia garrafa do Caldas Douro 2014, um português corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinto Cão. Nariz com fruta e algo mais que me escapa - anis? Dia de nariz ruim? Tem boca com aquele travo algo doce de Portugal que fica obscurecido pela acidez um pouco desequilibrada. Uma picada de especiaria e permanência mais interessante que o final - este é um pouco rápido, dá um escorregada no final da língua e não deixa muita lembrança. Não é ruim, mas penso que pelo preço (atualmente cerca de R$ 98,00 a meia garrafa) existam opções melhores no mercado. 

No comments:

Post a Comment