Saturday, October 2, 2021

Efemérides

Introito

   Uma efeméride é, por definição, a celebração de um acontecimento ou fato importante assinalado em determinada data. Este mês temos algumas interessantes; mantendo o blog laico como recomenda a Constituição (aquela, que quem não respeita é traidor na nação!), aponto o Dia das Crianças (liberte o tontinho dentro de você! 🤣), o Dia dos Professores (acredite: casar-se com um(a) professor(a) um dia foi considerado golpe do baú 😱) e o Dia da Bruxas, que coincide (sic!) com o nascimento de Carlos Drummond de Andrade, considerado por muitos o mais importante poeta da segunda geração do modernismo brasileiro. Ontem abri o mês de efemérides tão importantes comemorando. A postagem não virá agora, mas está próxima.

Napa Valley

   O Vale do Napa é o coração da produção vitivinícola norte-americana. Produz vinhos caros e muitos vinhos bons, mas talvez não os melhores do país. Ou pelo menos tem regiões rivais à altura, como Washington State, representado principalmente pelas AVA's de Columbia Valley e Walla Walla. Um exemplo de Columbia Valley é o imponente Quilceda Creek, que há um ano fez bonito - muito bonito! - frente a um segundo vinhedo de Bordeaux, o Chateau Montrose. Isso não é pouca coisa, e comprova para a detratoria (sic) de plantão que sim, os americanos produzem vinhos de alta qualidade. O problema é encontrar aqui Napas de boa qualidade a bom preço. Se puder, traga de ; melhor negócio não há...

Coho Merlot Michael Black Vineyard 2009

Comprei Coho por meio a uma indicação do The Tasting Panel. Na época era uma revista que falava não apenas de bebida (vinho, cerveja, whisky), mas também de estilo de vida: casas dos sonhos (padrão americano, claro), férias paradisíacas e outros. Não lembro se falava de carrões, mas acho que não era tão mundana assim (rs). Deram boa recomendação de Coho, e era um vinho relativamente barato (uns 45 dóla), e cabia na cota da minha irmã, que já estava sobrecarregada com dois borgonhões de uns 170 dóla cada (boa época, quando 1 dóla era igual a R$ 2,20). Éramos ricos e não sabíamos...
Bem, Coho Merlot Michael Black Vineyard 2009 vem de um produtor cujo sítio encontra-se fora do ar no momento (🙄)... depõe contra... A safra '09 foi a última dos três anos de seca no Napa, quando a precipitação caiu a níveis assutadores. Parece que o primeiro ano ('07) beneficiou-se da estiagem, mas os anos seguintes foram mais complicados. Basta ver os gráficos no vínculo. Houveram pelo menos 5 meses de precipitação zero na região, a cada ano. Claro que americano é sinônimo de empreendedorismo e tecnologia, e o pessoal fez das tripas coração para não deixar a peteca cair. Coho é prova disso. A safra foi muito difícil, mas dá-lhe por exemplo leveduras geneticamente modificadas e outros aprimoramentos na produção, e Coho '09 saiu com meros 14,9% de árco (sic) que não se nota, e um arsenal de flechas para disparar no primeiro tonto que puser a cabeça a cabeça para fora do ninho. Apresentou (duas horas depois de aberto) nariz com muita fruta negra, especiaria, algo lembrando chocolate ou couro... é um buquê que com camadas, coisa típico dos vinhões. Nessa idade os taninos estão macios, aveludados, a madeira está integrada, o açúcar é notado, e só (digo, ponto para ele, porque o açúcar está contido também). A boca tem especiaria, talvez da madeira, a persistência é muito boa, algo surpreendente para uma acidez que não vai além de média, e olhelá (sic! rs!). É de se esperar, já que a temperatura esteve na casa dos 30 graus Celsius entre junho e setembro, meses que antecedem a colheita. Aqueles com quem conversei estes dias sobre o efeito da temperatura na acidez saberão o que isso significa. Coho Merlot é um corte 98% Merlot e 2% Petit Verdot, mas não cheguei nem perto de conseguir intuir o amargor típico dessa cepa. Sinal de que falta milhagem e este escriba. Ainda chego lá... nem que na próxima gestão do Senhor.

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