Sunday, October 3, 2021

Novamente o Coli

Introito

   Todo Prelado deve tomar conta do rebanho (😂), e este não foge ao compromisso. O último encontro do grupo aconteceu sob provocação da Vestal Dayane, propondo um chileno contra um europeu. Disse-lhe que levaria um Chiante simples para bater o indicado dela, e não deu outra. Aliás, deu tão bem dado (rs) que fui conclamado a promover nova prova do vinho em melhor condição de serviço. Eis que, determinado o motivo e escolhida a data, novo evento aconteceu. Sabemos que Chiantis casam muito bem com pizza, principalmente de pepperoni, como sempre menciono, embora calabresa seja a indicação mais tradicional. Margherita também é muito citada na literatura. Por alguma questão de restrição alimentar, ficamos por conta da margherita.

O serviço

Desta vez não poderia haver erro. Eis que fui procurar a postagem da minha primeira prova do Chianti Classico Coli 2016 para conferir o tempo que levara para o vinho desabrochar. Encontro marcado para as 19:30, às 16:44, para fazer pressão (sic! rs!) enviei a foto ao lado para o grupo. Achei que poderia oferecer uma entrada, e levei ainda um Astoria Prosecco Corderie Valdobbiadene Superiore Docg Extra Dry, espumante non-vintage que pode ser tudo, menos extra seco... pelo menos não no sentido que a palavra 'extra' (adicional, 'além de') significa para mim... Infelizmente não tiramos foto dele, uma pena. É um Prosecco muito equilibrado, bastante delicado, sutil. Nariz sugerindo fruta 'branca' e talvez um pouco de fermento; boca com acidez agradável mas não tão completa, marcando algo na direção de frutas mais cítricas - abacaxi? limão? O abacaxi, principalmente no nariz, costuma aparecer mais com a idade, o que não seria o caso. Mas ainda que errando feio, fico com o abacaxi. Tivemos algumas entradas servidas pelo Gustavo, mas não anotei exatamente quais, e ninguém tirou foto (de novo!). O pessoal estava mesmo a fim de beber...

O Chianti e a pizza

No momento do servir a primeira garrafa, ela apresentou-se muito equilibrada: boa fruta (para mim, cereja, mas alguém falou outra coisa... seria a Luciana? Teria dito framboesa?). Sei mesmo que na primeira cafungada o sorriso franco tomou conta de todas as Vestais, Dayane, Renata e Luciana. O Gustavo chegou depois e também gostou muito. Sim, já escrevi nestas mal fadadas páginas que italianos são os vinhos que mais tendem a surpreender. Muitas e muitas vezes exemplares relativamente simples precisam de algumas horas para desabrochar, e se o serviço não estiver à altura o vinho sai com a má (e errada) fama de ruim, quando não de malvado (risos!). Um exemplo é o Nemorino, servido na Noite dos Barolos Sanguinolentos (bem, não tão sanguinolentos assim, mas era o meu nível à época). Assim, caro leitor especialista em sul-americanos de maneira geral, cuidado. Se algum vendedor de loja dizer-lhe "30 minutinhos básicos" em recomendação de serviço de italianos, fuja do vendedor. E da loja, de preferência. Italianos são caso à parte, mais do que todos. Tudo o que foi dito sobre Coli estava lá, amplificado pelo bom serviço: acidez equilibrada, corpo médio, ótima compra na faixa de R$ 85,00. Infelizmente não combinou muito bem com a pizza de margherita, a despeito da literatura. Acontece. E não é que deu errado. Apenas não houve aquele resultado maior do que a soma das partes. Conversando com as Vestais, e recordando-me de outros diálogos com membros da confraria, percebi que mesmo nossas comparações sul-americanos versus europeus talvez estam equivocadas. Acho que precisamos voltar um passo. Precisamos comparar sul-americanos de níveis diferentes, antes de outras brincadeiras. É explicável: a turma é heterogênea, e cada um tem suas concepções e ideias pré-concebidas sobre qualidade de vinho. Algo a ser melhor conversado e posto à prova.

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