Saturday, January 29, 2022

As novas marvadezas do Renê

Introito

   Sérgio Moro faz uma apresentação mostrando a origem e quantidade de seus ganhos quando trabalhou no exterior. Lulalelé diz que deu 'palestras' lá fora. Não há registro. Uma mísera foto de auditório lotado, sequer. Lula ganhou algo como R$ 14 milhões, para palestrar no quarto mundo; ex-presidentes americanos palestram no primeiro pela metade do preço. Bem vinda, concorrência! Notem a diferença entre um estadista (sic) e um mero presidente gringo. Moro fez USD 650 mil dóla. Descontando impostos (50%), e pagando mais impostos aqui, ficará com menos da metade. Alguém duvida que alguma empresa paga isso para seu empregado e não suga o sangue do contratado? Lulalelá apresenta-se sempre muito corado - e (ainda) não é de vergonha; Moro, sempre pálido, como convém a um sugado. E os The Bolsonésios? O que têm a esconder? Por que não abem as contas? Hum...
   Enquanto isso, no mundo real (🤣), o energúmeno de sempre volta a atacar o blog. Está nos comentários da última postagem. Agora é um paladino da vigilância sanitária... que não lembra-se do que escreveu (para criticar-me) e sisqueceu (rs) da resposta muito bem dada na ocasião; refiro-me ao fato de quando tentou aventar que eu traria vinhos do estrangeiro acima da cota, e mostrei-lhe várias e várias notas de compras em meu nome endereçadas a outro destinatário, notas inclusive em vários idiomas, e todas abaixo de USD 500,00. O sujeito trata com bandidos, então acha que todos os outros também o sejam... Não satisfeito, continuou a escrever comentários dos quais poupei o leitor e não publiquei. Disse irado que continuaria a escrever... porque você vai ler tudo. É docemente engraçado ver o fariseu tentando mostrar a potência que não tem. Eu leio sim... ver onde chega a baixeza humana dá-me argumentos para tentar melhorá-la. Eu tento, e assim vamos.

Novas marvadezas do Renê

   O Renê resolveu aparecer, e avisou que viria armado. Ele gosta de argentinos - na opinião dele (e na de todo mundo que conheço, inclusive a minha! 😝) o melhor produtor da América do Sul. Conhecem vinho peruano? Não? Ah, tá... Por conta de seus negócios no país vizinho, ele volta e meia viaja para lá, e, claro, traz algumas garrafas na mala. Seu gosto recai para a Zuccardi, a Cobos e a Salentein. E alertou dizendo que traria um Cabernet Franc de ótima safra. Alguns ícones argentinos são dessa cepa; os vários El Enemigo são os mais conhecidos, embora o Numina não fique atrás. O Pulenta já foi bem falado, também. Bem, eu abri a caixa de ferramentas (já escrevi isso recentemente!), tirei o rabo de tatu (mas essa é nova! 😜) e pensei comigo que dar-lhe-ia uma lição. Mas não queria bater muito forte... ou, se fosse bater forte, que usasse luvas de pelica... 😂 O ponto é: volta e meia comento que os vinhos sul americanos estão caros, não competem com europeus, etc., mas não tenho feito tantas provas, recentemente. Achava que sabia (sic) de algo que poderia bater o Numina sem humilhá-lo. Pelo menos na qualidade...

O R$ 230,00 Numina versus o R$ 115,00 Cedro do Noval

A Quinta do Noval é um produtor português muito tradicional. Seu Cedro do Noval é o vinho de entrada e como costuma dizer o Akira, é valente. Custa por volta de USD 10,00 em Portugal, e é vendido em 'promo' aqui por R$ 115,00. Dá 2x. É aquela situação já obervada: o preço é R$ 150,00+, mas fica o tempo todo em 'promo'. Na 'promo', eu compro; gosto de mostrar para as pessoas e sempre falo bem, enfatizando a questão do valor. Quando sair da 'promo', simplesmente parto pra outra. Deixemos que sobre. Se formos enfáticos e precisos, o preço voltará ao patamar razoável. E Numina não está valendo R$ 230,00. Acho que tinha o preço de algum tempo, e agora não vou reeditar o cabeçalho. Já será humilhante o suficiente como está.

Chegamos ao restaurante ao mesmo tempo, eu comigo e Renê com Akira. Tinha deixado meu Noval na geladeira; estava na temperatura de serviço. Mal nos sentamos, ofereci um dedo a título de brinde inicial enquanto Numina resfriava um pouco. Numina Cabernet Franc 2018 é de uma safra realmente muito boa. Mas Cedro do Noval 2016 também é!, e o péga-pá-capá se desenhou. Assuntos postos em dia, Numina resfriado, debruçamo-nos para uma análise. Aqui farei uma mistura de comentários meus e do Akira. Cedro: fruta vermelha, principalmente, e alguma especiaria. Boca com boa acidez, taninos presentes e discretos, boa permanência, aquele travo ligeiramente doce típico dos portugas. Adequado para uma carne ou pizza com carne - mas pedi massa, por ser mais leve. Não harmonizou tão bem. Numina 2018 mostrou buquê um pouco doce, que se repetiu na boca. Não é aquele doce de goiaba dos malbecões de segunda (terceira?) que infestam o mercado; não é desbalanceado, mas é bem presente. Da Cabernet Franc que (pouco) estou acostumado, não tem a mais leve picância, nem no nariz nem na boca. Baixa acidez, mas bons taninos e madeira equilibrada fazem conjunto com alguma presença. Impressiona a quem não está acostumado à acidez, mas não a quem esta é familiar. Ao fim e ao cabo, o próprio Renê estava perguntando onde compro Noval a bons preços (Adegamais e Vinhobr). Mas cuidado, que se bobear sai da promo! Observemos que o Rene paga por volta de R$ 110,00 por Numina na Argentina. Olha, por R$ 110,00 eu poderia comprar uma ou outra garrafa e levar em um churras (sic) para quem não conhece muito dessas relações perniciosas e sair por cima ao comparecer um vinho caro (o valor por aqui é R$ 350,00!). Claro que eu entregaria o preço, e criticaria a tubaronice (sic) do importador. Cedro tem um valor (10 moedas) algo honesto para o mercado europeu. Sempre repito, vinhos sul americanos (chinelos (sic), argentinos e brasileiros) precisam ser sanfonados para que o mais caro (o Chadwick; não bebi mas aposto ser uma porcaria) para USD 50,00. Aí estará bom. Nessa circunstância, e lembrando da propaganda: Quer pagar quanto?, pago R$ 30 por Numina, colocado aqui, com impostos (dola = R$ 5,00). Estará bem pago. Você paga R$ 350,00? O que mais? Vota no lulalelé/bolsonésio? Tem máquina de imprimir dinheiro em casa? Acredita em Saci?, na Mula sem Cabeça?, no Curupira?, na Cuca?, no Boto Cor de Rosa? (ei, esse existe, mas não seduz ninguém...).

Resenhas

Afastado que estava do cinema nacional, resolvi fazer uma incursão. O último filme que assisti foi (trechos) O Candidato Honesto (2014?), que passava de madrugada em algum canal da tv paga e estava no ar quando eu chegava de algum bar pronto para dormir. Assistia alguns minutos antes de arregar para o sono. Ei, alguém mais arrega... né, lulalelé? Bendito timer. De tudo o que consegui assistir a impressão foi muito ruim. Atores, argumento, estória. Nada se salva. Como vinho nacional. Então, num final de semana voltei à carga e assisti a vários.

A Presepada
(2018). Presepada, no contexto que conheço, é quando o caboclo (sic) apronta uma cena ridícula. Não é necessário muito esforço para assumir que seja uma comédia. Talvez comédia romântica, ou alguma outra vertente? A ver. Sempre achei que, por incompetência incompleta em fazer algo melhor, produzir comédias fosse o destino do nosso cinema. A despeito de O Homem da Capa Preta, Pra Frente Brasil e até outros bons exemplos mais recentes; diria ser carma, mesmo. Bem, armei meu melhor pré-sorriso desde o início, quando um fulano foge do adultério em que é pego no flagra. Desembestado, entra no banheiro da rodô e rouba a mala que um incauto deixara na pia enquanto passava um fax. Encontra a passagem para alguma cidade e as roupas de monge (ou quetal), de quem assume a identidade, rumando para o destino onde o padre local aguardava-o já na rodoviária. Começam então dois périplos: o do caboclo em busca de safar-se, e da audiência em busca do riso. O primeiro até se completa, mas o segundo, não. Um filme linear, sem alternâncias ou surpresas. Pior: despreza fatos básicos, como a existência daquela invenção secular do Graham Bell. Ao ver-se roubado e sem recursos, o monge verdadeiro não ligaria para sua paróquia original, dando um alerta inicial? A notícia não chegaria até a outra paróquia rapidamente? Produzido para ser exibido na tv aberta de Pernambuco, ganhou rede nacional devido ao sucesso alcançado. Bem, o que podemos esperar de um estado que em 2018 ainda elege PTlhos para o senado? Um filme que, efetivamente, faz jus ao nome.

Cabras da Peste
(2021): Matheus Nachtergaele é um ator consagrado tanto pela leveza de suas atuações como pelo controle de cena. Não é necessário mais do que o cartaz para termos certeza de tratar-se de outra comédia. O policial cearense Bruceuilis estava encarregado de cuidar de uma cabra, quando perde-a para um traficante. Quando este está prestes a iniciar sua fuga, o tenaz policial nota a placa do veículo - São Paulo - e vem para a cidade grande procurar por Celestina. Só não sabemos de onde vem sua certeza de que, sendo o caminhão usado pelo traficante de São Paulo, seu destino seja exatamente esse... Chegando em São Paulo, Bruceuilis encontra o agente Trindade, caído em desgraça após comprometer uma operação de campo. Cabras da Peste tem alguns bons momentos cômicos, mas são poucos. Surpreende mais pela boa coreografia das lutas - embora um pouco forçadas, encaixam-se muito bem no contexto cômico. O ator Edmilson Filho surpreende gratamente, tanto nas lutas quanto na atuação despojada. Faltou trabalhar melhor o roteiro e o argumento, mas o filme sustenta-se bem. Engraçada a atuação do cantor brega Falcão, cujo destino Deus ex machina deixa a plateia um pouco a ver navios. E, para piorar, seu personagem, Zeca Brito, nada tem a ver com a cabra desaparecida que é o mote do filme. Uma das diversas pontas soltas que poderiam ser melhor resolvidas.

Cabeça de Nêgo
(2020/2021?): Também ambientado no Ceará, neste drama Saulo prega alguns cartazes em seu caminho para a escola, onde chega atrasado e encontra o portão fechado. Enquanto aguarda o servente, algum selvagem da motocicleta (sic) encontra-o e aponta um berro para sua cara. Chega o funcionário com seu deixa disso, e Saulo entra para a aula, onde, após alguma confusão, é repreendido pelo professor e começa uma desobediência civil. Ante sua recusa em sair da sala e depois da própria escola, uma escalada de acontecimentos vai movendo seus colegas discentes com apoio de duas docentes. O filme discute com muito mérito a situação do Ensino Médio em nossas escolas e aborda o racismo tão presente em nossa sociedade. Mostra jovens excessivamente politizados. Todos eles? Se assim fosse, não estaria este Enochato denunciando o quanto somos ridículos desde os tempos do Cabral. No Ceará? Ciro Gomes, que governou o estado no início dos anos 90 alega ter promovido uma verdadeira revolução educacional por lá. Deve ser verdade, mesmo... embora o Ceará não esteja entre os 3 primeiros colocados no Pisa (levando em conta a classificação dos estados dentro de nosso país - sim essa classificação existe)... vai daí que algo está errado nessa estória. Cabeça de Nêgo tem seus bons momentos, mas acima disso apresenta muitas pontas soltas. O selvagem da motocicleta do início tem seu nome mencionado em uma lista de exigências promovida por Saulo para encerrar seu protesto. Mas os acontecimentos não vão além, e a questão fica perdida. O final é melancólico - do ponto de vista estético: o personagem principal num anticlímax inconcluso, que não funciona. É um bom filme, mas padece de melhor argumento e roteiro. Achei uma boa produção, não obstante a má estima generalizada (e sem razão) que a maior parte das pessoas nutre pelo cinema nacional.  


Loop
(2020): Daniel é um cientista louco (risos!) em busca da viagem no tempo. O Hawking, parece, provou que não dá... Do começo... o protagonista é encontrado sozinho na cena do crime onde sua namorada foi morta e o suposto assassino jogou-se do décimo-não-sei-quantésimo andar do prédio onde eles moravam sumindo sem deixar vestígio. Regaçado e sangrando, é levado primeiro à delegacia para prestar depoimento, em vez de para os primeiros socorros. Justo na delegacia 'correta' (Cuiabá deve ter mais de uma DP), justo no plantão do delegado que estava lá para dar-lhe crédito contra todas as probabilidades. É como começa a trama deste improvável filme de ficção científica canarinho. O tema - viagem no tempo - pode mesmo proporcionar uma produção de FC de baixo custo, já que nenhum efeito mirabolante é requisito primordial - ao contrário de uma space opera, por exemplo. Vide o excelente Os 12 Macacos. A narrativa é muito linear, e não há loops conforme sugerido pelo título. Vide o bonzinho Looper (2012). O roteiro é fraco, com muitas pontas soltas (mais um...), e o fato de ser um filme de ação não justifica esses deslizes. A menos que se pretenda competir com a Marvel, que não tem o menor sentido nos argumentos, mas pelo menos os efeitos são excelentes - o que também não é justificativa para tamanhas porcarias. Ah, nossa polícia científica não é aparelhada, mas é boa. Diferente dos agentes de CSA, que quando não têm o que fazer vão tomar banho em luminol, nossa polícia tem um frasco de 200 mL para o ano todo. Ou era assim, há coisa de uma década. Hoje não sei... Mas ninguém precisaria de luminol para descobrir duas manchas de sangue na cena do crime que não foi adulterada, certo?! É por essas e outras que, como dito, o filme ressente-se de melhor roteiro. Tecnicamente, é uma boa produção; os atores não comprometem, mas a estória não alça o voo que poderia. Uma boa incursão do nosso cinema a uma vertente que já nos presentou com obras-primas, e até merece ser vista para que o telespectador conheça mais sobre o tema. Mas os roteiristas deveriam conhecer melhor sobre o assunto. 

7 Prisioneiros
(2021): a iniciativa da Netflix em comprar ou incentivar produções locais e propagá-las por meio de sua rede mundial tem o mérito de fomentar a qualidade dos filmes em diversos países e ainda provê-nos com um leque de opções além dos seriados americanos a que estamos acostumados. Mateus é um jovem trabalhador da roça disposto a labutar em São Paulo para ajudar sua família a sair da pobreza. Chegando ao ferro-velho onde é contrato, junto com outros três aventureiros, vê-se prisioneiro e escravizado em função das dívidas contraídas sem que ele soubesse: custos de moradia, alimentação e até instrumentos de trabalho, fornecidos, claro, pelo próprio patrão. Lucas - Rodrigo Santoro, o patrão - domina-os com a ajuda de seu capanga e de policiais corruptos, e inicia-se um conflito entre os quatro explorados e o explorador, que será mediado por Mateus. Com a ideia de conquistar a confiança do empregador para conseguir a libertação de todos, Mateus começa a aproximar-se de Lucas e a dar mostras de fidelidade, até o momento em que recebe pequenas missões e oportunidades que levam-no a conhecer de perto o funcionamento do tráfico de pessoas em suas entranhas. A aparente simplicidade da estória evita a armadilha tão citada nos filmes analisados de gerar as ditas pontas soltas. Santoro não é um ator de nível mundial - a despeito de ter participado de algumas produções excelentes - mas é um dos grandes atores brasileiros da atualidade. Até pelas oportunidades que teve, conseguiu mostrar-nos uma face diversificada e polivalente, como comprova em 7 Prisioneiros. De longe, o melhor filme nacional que assisti nesta leva, e que merece ser visto.

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