Saturday, January 22, 2022

Uma degustação pós-Covid

Introito

Atacado pela soberba e descolado da realidade, lulalelé proclama que
Eu tive sorte do povo brasileiro que me ajudaram (sic) a provar a farsa que foi montada contra mim em vida. Consegui desmontar o canalha que foi o Moro no julgamento dos meus processos, o Dallagnol, a mentira, o fake news, o PowerPoint da quadrilha. Tudo isso eu consegui provar que quadrilha eram eles... (sic; provou o quê? Onde? Mostra, oras...)
e leva uma resposta imediata:
Canalha é quem roubou o povo brasileiro durante anos e quem usou nosso dinheiro pra financiar ditaduras. E quadrilha é o nome do grupo que fez isso, colocado por você, Lula, na Petrobras. Você será derrotado. Só ofende pois não tem como explicar a corrupção no seu Governo.
Quem diz a verdade? Recordemos a velha máxima: à alma mais honesta deste país foi mais fácil beneficiar-se de uma mudança na lei do que provar sua inocência. E olhe... é a mais honesta. Imagine eu e minha sempre propalada honestidade intelectual, onde fico? Ou mesmo o desavisado leitor, seguramente muito mais honesto do que eu? Tá, menos; igualmente honesto. Onde ficamos? Só falta explicar uma coisa: de onde vieram 500 milhões de dólas (sic) devolvidos por dois diretores da Petrobrás, ambos indicados por lulalelé? Fora o resto...

   Não bastasse a vergonha acumulada, no dia de hoje bolsonésio, saindo de enterro de sua mãe, vai a uma lotérica apostar na megasena, diz o portal G1. Não bastasse, um neto (filho de bolsonésio) foi junto. Espero que seja uma notícia errada. Dona Olinda não tem a menor culpa, por mais que alguns apelem ao baixo calão quando referem-se ao presidente. Mas os anais da psicologia deveriam estudar detalhadamente esse psicopata. Taqui uma pergunta: quantos assassinos em série mataram suas próprias mães? A questão é acadêmica; o que bolsonésio fez, foi pior; parricidas seguramente estão corados. Você, tolo de plantão com carteirinha, vá lá. Vote nele, e, principalmente, em seus candidatos. Ajude e construir o inferno na Terra, com sua tolice e estupidez.

De Enochato a consultor?

Em comentários de postagem recente, este Enochato foi convidado a ser vendedor de vinhos pelo Instagram. A uma resposta curta agradecendo mas recusando educadamente o convite, seguiu-se nova abordagem, oferecendo inclusive garrafas gratuitas para avaliação. A réplica igualmente curta recebeu a terceira tentativa. De maneira igualmente educada, este Enochato abriu a caixa de ferramentas (rs) e destilou toda sua conversa sobre importadoras tubaronas, margens do mercado, etc. Ainda ofereci-me a avaliar vinhos gratuitamente, se a política de preços fosse favorável ao consumidor. Leitor, vamos lá: você acha que eu estava esperando receber algum Brunello, Barolo, Borgonha, Rioja de alto quilate ou similar? Claro que não; esperaria receber tralhas a dar com pau. Afinal, para vinhos consagrados um importador não precisa de um Enochato para dar palpites! Onde eu ganharia? Além do desinteressado serviço a uma proposta que beneficiasse o comprador, possivelmente experimentaria vinhos que de outra maneira quase certamente não os compraria. É como faço em degustações, atualmente: o que mais experimento são nacionais, chilenos em particular e outros sul-americanos. Claro, dou uma beliscada no que tem de bom também, mas o foco é esse. Assim eu não pago pelo que jamais compraria e ainda posso falar com conhecimento de causa. Como tenho dito, não compro mais sul-americanos de maneira geral, e muito menos nacionais. Não há motivo. A menos que você seja um besta como os comentados acima. A diferença, diga-se, é que os citados são bestas e claramente corruptos. Até documento de depósito de rachadinha já apareceu no mercado. Não vê quem não quer.

Encontro Vinho e Turismo

Sob cuidados sanitários de distanciamento, o Shot Café/Vinho e Ponto realizou o primeiro encontro da confraria Vinho e Turismo do ano. A palestra sobre a Itália ministrada pelo Eduardo da empresa Caminhos do Turismo focou na Toscana, região conhecida pelos vinhos Chianti e Brunello di Montalcino, ambos produzidos principalmente com a cepa Sangiovese. Os verdadeiros enochatos de plantão aproveitarão a deixa para levantar o dedinho e dizer que, efetivamente, Brunelli são feitos exclusivamente de Sangiovese. Sabe di nada, inocente... nunca ouviu falar do Brunellogate? Brunelli são vinhos 'duros' em sua juventude. Precisam de uma década de amadurecimento para que os taninos fiquem mais macios, e possam ser melhor apreciados. Então aqui a questão de escândalo divide-se em duas: alguns produtores podem ter cortado seus Brunelli com Merlot, tentando deixar o vinho mais sedoso e pronto para beber mais cedo. Outros, dada a expansão pela qual os vinhos da região estavam passando, aumentaram sua produção fazendo o corte com vinhos de menor qualidade do sul da Itália, deixando muitos exemplares claramente prejudicados. Dizem que se o leitor quer ir para a Europa e morar um país que lembre a bagunça brasileira, corrupção incluída, tem destino certo. É um pais fronteiriço com França, Suíça, Áustria e Eslovênia, e tem o formato de uma bota. Não sei porque escrevi isso, porque não imagino qual seja...

Vinhos, vinhos à mão cheia

Começamos a degustação com um espumante, e foi quando dei-me conta de que o nariz estava prejudicado, claro sintoma da Covid. Boca leve, acidez não muito marcada mas presente, perlage diferente de muitos espumantes nacionais de renome, que estufam as bochechas ao mínimo gole; nesse grau de comparação, diria até que elegante. Claro, temos nacionais a altura, mas por maior preço. Orfila Brut Branco é um pouco ligeiro, final curto, mas não foge à proposta de ser um produto simples. Caro para um espumante, mas tudo anda caro, atualmente (acho que uns R$ 50,00). Empobrecemos, tenho repetido. Um espumante na Europa custa 5 moedas. E dá uma surra em todo mundo (sic). Tenho dito que os preços dos sul-americanos precisam ser sanfonados (achataram-se todos na mesma proporção) para 50,00 dóla, o vinho mais caro. Posto aqui. O segundo foi um branco. Servido às cegas, suscitou opiniões diversas sobe o buquê; os palpites foram bons. Toque cítrico óbvio até para mim, não não fui além. Boca leve - não é meu estilo - mas bem agradável; acidez um pouco baixa para um branco, mas sem destoar, já que é leve. O Eduardo adiantou que era uma uva pouco conhecida. Tratava-se de um Monte Schiavo 'Ruviano' Verdicchio dei Castelli di Jesi Classico. Verdicchio é a uva, que produz sim bons vinhos, e Castelli di Jesi Classico é uma comuna da região de Marche. Ela está voltada para o Adriático, e é vizinha da Toscana, de onde a loja não dispunha de um branco; a Verdicchio era a representante mais próxima e não fez feio. Apesar de não ser meu estilo, gostei: não é complexo, mas é harmônico; tem sua personalidade, dada por uma cepa tradicional de uma região 'séria' da Itália. A safra provavelmente estava no contra-rótulo, e não fotografei. Acho que era 2014. Deve ser consumido logo; pela acidez não tão alta e pelos 12,5% de álcool, não é um vinho de guarda. Não gostei muito do preço - cerca de R$ 180,00. Usando o Wine-Searcher vemos que é um vinho de USD 11,00. Dá uns 3x. 😕 (veja a errata abaixo!) 

Por último, um tinto que cafunguei fundo, cafunguei novamente, e cafunguei que cafunguei (sic). Perguntei se alguém notava cereja. Ninguém. Cereja é assinatura da Sangiovese, comentei. Olhares arregalados. Experimentei: uma picada na ponta da língua. Acho que tem Cabernet, comentei. Alguém confirmou perceber a mesma nota de especiaria. Camperchi IGT Rosso 2018, produzido em Arezzo, tem alguma permanência, corpo médio, boa acidez, álcool bem integrado. O Eduardo mostrou a ficha técnica, onde vimos 3 garrafinhas (escala máxima de 10) na acidez. Tem mais acidez, comentei. Olharam-me como se eu fosse o último dos Enochatos - portanto sério candidato à fogueira. Disse que, pela média da acidez de outros vinhos, tomando o padrão das fichas técnicas da Vinho e Ponto, ou aquele vinho tinha mais acidez - cinco, talvez - ou todos os demais tinham menos... bom, no dia seguinte recebi a mensagem do Jairo, comentando que encontrara a ficha da safra atual. Acidez, segundo a ficha: cinco... Enochato que mata a cobra e mostra o pau... pode até estar abatido (pela Covid), mas não está morto... 😜. Planejei escrever alguma resenha de filme, mas a postagem ficou longa. Da próxima, se os estúpidos de plantão ficarem calados.


🐭 Rata!
Fui alertado pelo Jairo que o valor do Monte Schiavo 'Ruviano'  é na verdade R$ 132,00. Aí gostei! Isso recoloca o vinho em pouco mais de 2x, o que é uma margem razoável. E maior problema é que o preço foi perguntado durante a degustação e - salvo ledo engano - todos saíram com a impressão de que seria R$ 180,00! Inclusive dei carona para o Gustavo e no caminho comentamos sobre isso, ambos achando que estava um pouco puxado. Resolvido o engano, fica a consideração de que vale pegar uma garrafa e experimentá-la com mais calma.

17 comments:

  1. Olá, Carlos ! Bom, como sempre. Uma informação à corrigir: o preço do Ruviano Verdichio é R$132,00. Abr!

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    1. Rata publicada! Parece que várias pessoas saíram com a impressão de que custaria R$ 180,00...

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  2. Sob cuidados sanitários da Covid? Vê-se claramente na foto um ambiente não muito grande e todas as pessoas sem máscaras. Uma única pessoa assintomática (ou não) contaminaria todos na sala. Parabéns aos envolvidos.

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    1. Deve ser o detrator que não consegue dar um único argumento inteligente procurando algo para criticar. Há algum tempo um membro não participou do nosso evento simplesmente porque achou que havia 'saracoteado' demais durante a última quinzena, e fez um auto-isolamento voluntário. Ao final, estava mesmo com Covid. Isso tem nome: responsabilidade. Já o pobre-diabo que escreve não tem amigos, não desconfia o que é uma responsabilidade de grupo. Não tem alguém que traga-lhe vinhos (voluntariamente) quando vai ao exterior. Assim caminha sua triste trajetória tentando angariar atenção de alguém. Uma pena.

      Fim de discussão.

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    2. Em mensagem que não publicarei, o detrator entregou-se 😂🤣, é ele mesmo. Agora é um paladino da causa contra o covid. Esse ponto é justo. Não disse que não há um risco nesses encontros. Há. Os participantes aceitaram-no.

      Ele não entendeu a estória sobre o vinho trazido do exterior. O leitor eventual também não entenderá. Refiro-me a uma postagem antiga, quando ele questionou se eu respeitava limites tarifários quando vinha do exterior, e enchi o blog com notas de vinhos em nome de outras pessoas que viajaram ao exterior e trouxeram vinhos para mim, sempre dentro da cota que 500 dólares. Pobre diabo mesmo.

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  3. Olá Sr. Carlos, como vai?
    Aqui é o Gustavo de Araraquara. Eu comprei em uma loja aqui aquele vinho branco Amélia por R$180,00. O Sr. acha que fiz uma boa compra?
    Abraços, Gustavo

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    1. Olá Gustavo, como vai?
      Refere-se ao Chardonnay da Concha y Toro? Se for, notei que atualmente custa uns USD 23,00 no Chile, então pelo preço a compra é boa.
      Sobre o preço, pelo que vi rapidamente, é um vinho de R$ 500,00 aqui, indicativo de que você fez uma ótima compra. Qual a safra?

      Contudo, tenho comigo uma experiência interessante: certa vez no Chile comprei um Sol de Sol ("o melhor branco chileno", segundo o vendedor), e comparei com um Borgonha branco "AOC". Quer dizer, nem era um premier cru. Era produzido por um 'negociant', não lembro se Jadot ou Louis Latour. Achei que foi vitória do Borgonha. Repeti o teste aqui, tempos depois, porque trouxe as mesmas garrafas. Algum amigo - experiente - disse que o Sol de Sol era 'um pouco melhor'. Detalhe: o AOC francês custava, na França, a metade do que Sol de Sol custava no Chile, à época.

      Se achar interessante repetir a brincadeira, vamos lá: aqui tem um Borgonha branco mais simples, https://www.casadabebida.com.br/vinho/louis-latour-bourgogne-chardonnay-750-ml/ por R$ 140,00. Não sei quanto custa lá fora. Também precisa (sic) avaliar o preço do seu vinho. Ele está com o preço "errado". Talvez por estar velho, não sei. Quanto seria um preço justo para um vinho competidor em uma "competição", se desejássemos levar a ideia a cabo?

      Este, https://www.casadabebida.com.br/vinho/louis-latour-pouilly-fuisse-750-ml/, também não é AOC, mas deve ser um pouco melhor. Se puder, seu Amélia em uma taça, um Borgonha em outra, e brinque de comprar. Se você estiver a fim de 'descobrir' o vinho, claro. Se estiver apenas a fim de curtir, beba só o Amélia e seja feliz...

      []s,
      Oeno

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    2. Vou bem, obrigado Sr. Carlos. Obrigado pela resposta.
      O Amélia que comprei é aquele da Concha y Toro da safra 2018. Quem me vendeu disse ser uma ótima safra no Chile e que ele pode ser guardado. Eu comprei uma caixa com 6 garrafas. Tentarei comparar um dia com outros vinhos.
      Abraços, Gustavo

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    3. 😮 comprou uma caixa!? Então o amigo anda abonado...
      Se escrever direto para mim (endereço no 'Editorial'), partilho uma informação reservada.
      (aí o caboclo vai lá na mó boa fé, entra em contato e digo que espero ser convidado para experimentar uma garrafa... 😂🤣)
      []s,
      Carlos

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    4. hahahaha, não dá o valor de um dos vinhos excelentes que você costuma degustar. Eu resolvi aproveitar o preço visto que em outro lugar estava mais de quatrocentos reais. Vou abrir uma garrafa hoje para experimentar.

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    5. 😏 Reposicionando...
      Não dá o valor de um vinho que comprei com dóla a R$ 2,20-R$ 2,50 e com o envelhecimento dobrou de preço, também. Sim, sei que tenho alguns vinhos bons, mas atualmente corro atrás de 'promos' de Chianti em supermercados. Aliás, se leu as postagens recentes, no Savegnago tem um...

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  4. Olá Sr. Carlos,
    Degustamos antes de ontem duas garrafas do Amélia. Abri uma e estava tão boa que resolvi abrir a segunda. O casal de amigos que nos visitou, que conhece muito mais de vinhos que a gente, disse que o vinho estava excelente. Imagine para nós que somos iniciantes? Acompanhou muito bem as vieiras e as caudas de lagosta. Não sei se as outras garrafas vão durar muito tempo :)
    Abraços, Gustavo

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    1. Olá, Gustavo, como vai?
      Interessante depoimento. Vinhos brancos possuem 'naturalmente' uma acidez mais marcada. Por isso, mesmo os sul americanos brancos podem apresentar-se bem. Acho que é mais difícil fazer um branco bom do que um tinto bom. Mas é um pouco 'achismo'.

      Por favor, não leve a mal, agora. O vinho estava excelente... para o padrão deles. Não pretendo desmerecê-los nem nada. É antes uma questão de experiências e de oportunidades. Já citei aqui no blog (faz tempo) que o sr. Homero, da Adega Para Todos em Botucatu, ouvia-me com toda a indulgência possível enquanto eu falava bem de chilenos, para então aconselhar-me a experimentar alguns europeus mais caros (veja na próxima postagem que o panorama inverteu-se!). Então, se você comprar (bem!) alguns europeus brancos, pode surpreender-se, pagando menos! Às vezes é melhor o bebedor ficar no seu mundo, porque - aconteceu comigo - de repente perdemos a mão e compramos alguns vinhos além da nossa capacidade financeira. Para quem não tem tantos compromissos, não complica. Para outros, pode complicar...

      Ah, sim: por favor, sem o 'senhor'...

      []s, e obrigado,
      Carlos

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    2. Olá Sr. Carlos,
      Desculpe chamá-lo assim, de Senhor. É que desde pequeno meus pais me ensinaram a respeitar as pessoas digamos, mais experientes. É difícil mudar.
      Muito obrigado pela sua gentil e esclarecedora resposta, como sempre.
      Fique tranquilo que nunca o levarei a mal. Eu sou um iniciante no mundo do vinho. No entanto, este casal de amigos que achou o Amélia excelente, é bastante experiente, e abonado (rsrs). Para o Sr. ter uma ideia, eles possuem uma adega de mais de 3.000 garrafas, viajam sempre ao exterior etc. Sempre que vão à nossa casa, levam vinhos maravilhosos, que eu dificilmente compraria. Para o Sr. ter uma ideia, nessa noite levaram dois que eu nunca havia tomado, e quando olhei os preços no dia seguinte, quase caí da cadeira. Provavelmente o Sr. já bebeu, mas eu nunca tinha visto uma garrafa deles de perto. Um era o Chateau Pavie 2005 e outro, um de sobremesa, que eu já ouvira falar, mas nunca havia tomado, que era uma garrafa daquelas pequenas do Chateau d'Yquem 2001. Nem tenho palavras para descrever como estavam os vinhos. Confesso que fiquei sem fala. Como são amigos de longa data e sem cerimônias, acreditei na opinião deles, quando disseram que o Amélia estava excelente. Eu também achei.
      Mais uma vez, obrigado pela resposta e paciência de sempre.
      Abraços, Gustavo

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    3. Olá, Gustavo. Não sei sua idade (rs), mas aboli o 'sr.' como tratativa. Tivemos a mesma educação e sei que é difícil mudar, mas aqui o 'ambiente' é mais descontraído.


      Vem cá: bom ter amigos abonados, não é mesmo? Mas o gentil leitor claramente me superestima. Comprei muitíssimos poucos vinhos ligeiramente acima de USD 200,00 (acho que 2), embora diversos tenham valorizado ao longo do tempo. Um Pavie custa a partir de USD 350,00 (safras novas), muito acima do meu teto, portanto. Um d'Yquem, nem se fala. 


      Não conheço seus amigos, ou mesmo você. Então vou continuar defendendo meu ponto. Pessoas 'comuns' bebem pelo prazer de beber - o vinho pelo vinho. É diferente de degustação técnica, e em uma de minhas confrarias dois confrades estão diretamente ligados ao assunto 'fermentação'. Cana, é verdade, mas as técnicas de avaliação são praticamente as mesmas. Então às vezes fazemos degustações técnicas 'de verdade', mesmo quando há outros confrades junto. Invoco agora um caso que comentei há algum tempo, quando num restaurante a troca de vinhos fez com que uma mesa recebesse um vinho de USD 500 no lugar de um de USD 50, e a outra, o contrário. Nenhum dos bebedores percebeu. Veja, http://oenochato.blogspot.com/2020/10/eles-atacam.html. E chamo a atenção para uma comemoração com amigas no final do ano passado, quando um branco amadeirado provocou-lhes melhor sensação, a despeito de um Borgonha simples ser mais muito elegante (https://oenochato.blogspot.com/2022/01/esbornias-de-fim-de-ano-i-e-estupidez.html). Elas não se melindraram - e nem havia porque. E já aconteceu o mesmo outras vezes. Elas apreciam o vinho pelo vinho. Não estão erradas.


         Então, respeitosamente, proponho que vocês estejam na mesma sintonia. Ela independe de bolso, experiência, bons vinhos bebidos (quantos, quais e em que idade), etc. Essa abordagem mais lúdica apenas dá a dimensão do interesse de vocês pelo vinho. No meu caso, sei fazer uma autoanálise (rs) e me justificar: compro vinhos além de minha capacidade financeira. Então preciso comprá-los na melhor situação, melhor safra e melhor qualidade possível. Além, claro, de ter aprendido com pessoas muito melhores do que eu a avaliar um vinho em alguns detalhes - a despeito das minhas deficiências. 


         É claro que beber um vinho como o Pavie é muito bom. Até o leigo, prestando um pouco - só um pouco - de atenção nota a diferença. Recordo dos meus comentários sobre o Xatenefinho 21 anos que bebi no Natal passado. É até fácil falar de um vinho assim: suas características estão potencializadas.

       
         Poderia estender-me mais, mas parece desnecessário; você entendeu o recado, não? Agora só falta você dizer que seu amigo é uma Master of Wine pelo reconhecido Instituto inglês... 😣
      abraço,

      Carlos

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    4. hahahaha. Acho que nem ele nem a esposa são Masters of Wine. São ótimos compradores e ainda melhores bebedores. Aliás, sempre me disseram que são avessos a cursos, confrarias etc, por acharem muito chatos e cheio de gente chata e com o nariz empinado. Eles bebem de forma muito descompromissada, curtindo o vinho. Nunca tocam no assunto preço e nem se importam com isso. Mesmo por que, eles não tem esta preocupação. Eu tenho a felicidade de desfrutar dos grandes vinhos que eles oferecem, mas mais que isso, da presença deles, que acho o mais importante. Nem sempre bebemos vinhos. Eles, minha esposa e eu também apreciamos drinks e cervejas.
      A propósito, Sr. Carlos, eu tenho 34 anos.
      Novamente, muito obrigado por sua atenção.
      Abraços, Gustavo

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    5. Olá, Gustavo.
         Veja só: vocês já formam uma confraria (rs). Para tal, não é necessário ter CNPJ ou mesmo nome, como uma das minhas turmas, 'Noivas de Baco'. Claro, nem todas as confrarias são de fato interessantes, se decaem para muito tecnicismo, e gente chata de nariz empinado existe em qualquer lugar. Particularmente, acho que cursos rápidos, ou 'degustações assistidas' são interessantes para que se aprenda sobre o que se bebe. Claro, beber descompromissadamente também é uma opção.

         Quando falo sobre nossas degustações técnicas, devo esclarecer que essa parte é um breve momento em nossos encontros. É quando o assunto 'vira vinho' e nos debruçamos com atenção às suas qualidades. São alguns minutos, quando trocamos impressões. Se o vinho é bom, e muda a certo momento, voltamos a conversar para reavaliar o que pareceu, falamos um pouco mais e novamente passamos a outro assunto. Que ninguém é tarado nos grupos dos quais participo... 

      Por último e não menos importante, fique bem claro: uma bebida sempre torna uma conversa ou encontro algo mais leve e descontraído. Tenho bebido algum uísque, às vezes. Mas minha preferência recai mesmo no vinho...

      obrigado,

      Carlos

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