Sunday, July 17, 2022

O vinho das multidões

Introito

Tudo no brasio tem um quê de colossal: o ʻesporte das multidõesʼ, e no meio deste, o ʻclássico das multidõesʼ. Nossas emissoras de rádio e televisão são as mais importantes e criativas do planeta. Nossos políticos são os mais honestos do mundo, nosso Merlot é o melhor do que existe - Pétrus que se cuide! - e nosso espumante só perde para alguns Champagnes, e olhe lá. Ah, claro: nossos importadores são os mais desinteressados do universo - a própria Via Láctea ficou pequena - e sacrificam-se para que os melhores vinhos cheguem a você a preços extremamente honestos e com modestas margens. Aí chega a detratoria (sic! rs!) toda ofendidinha e joga água no meu Romanée Conti, depois sou grosseiro e mal educado. Vejam aí, importadores em momento de puro desapego: à esquerda, um desconto de 35%, plus (sic) desconto suplementar de 15% para o tonto ʻconfradeʼ. Preço final: R$ 585,60. À direita, preço regular de R$ 563,00. Se for ʻconfradeʼ, ainda sai R$ 478,55. E se disser que viu no Enochato, sai R$ 478,00!


   Claro, a detratoria dirá que são safras diferentes, e toda aquela conversa mole. Tá.
Vemos que as safras, além de excelentes, são do mesmo nível. E alto. Com a vantagem de que a safra '16 talvez - apenas talvez - esteja pronta; a '18, seguramente não. Se você é jovem, aproveite e compre a '18; de repente pode bebê-la quando souber algo de vinho 😂. Assim são nossos candidatos a presidente nesta eleição: por excelência, a definição de fraude; o exemplo acabado da enganação; o mais puro escarro da hipocrisia.

200 anos de Independência

Alguém aí viu o anúncio de qualquer celebração dos 200 anos de nossa Independência, vinda de produtores de vinho nacionais? Não vi; se alguém souber, agradeço a indicação. E do (des)governo federal? Lembra das comemorações dos 500 anos do Descobrimento? Parei de acompanhar quando a estória da construção da caravela começou a fazer água (sic!). 

Por outro lado, nosso eterno parceiro de todas as horas, Portugal, brindou-nos com pelo menos esta simpática homenagem: da Cooperativa Penalva do Castelo, no Dão, chega-nos o Penalva Edição Comemorativa 200 Anos da Independência do Brasil, embora a safra, claro, seja anterior... é 2018. O preço antecipa que deve ser um vinho simples, e é: nariz com dulçor típico, alguma fruta vermelha, fácil, e um toque terroso discreto. Corte Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, tem breve passagem por carvalho francês (6 meses), que francamente não notei. Seus 13,% de álcool são equilibrados, a boca mantém o dulçor do nariz misturado a frutas. É rápido, curto, com acidez baixa a média e taninos leves. Tudo o que não gosto, mas o suficiente para tornar-se um verdadeiro ʻvinho das multidõesʼ, por ser fácil de beber. Falando de outra maneira: acho que daria trabalho, taça a taça, para vinhos brasileiros de R$ 150,00. Lá, deve custar umas 4 moedas, se tanto. Feito para agradar o gosto do brasileiro, como aliás outros produtos do mercado - de origem portuguesa ou mesmo chilenos/argentinos. Não há problema - o que você queria por 60tinha? - o importante é não deixar a data em branco. Certo, bolsonésio?

2 comments:

  1. Devo confessar que, apesar de tudo, seus posts me divertem. Veja por exemplo, as frases sem sentido ‘nariz com dulçor típico’, ‘acidez baixa E média’, ‘o dulçor do nariz misturado a frutas’ etc. Continue assim, bebendo vinho fraco e escrevendo coisas engraçadas. Mas pelo menos este vinho deve ser original. hahaha.
    Não vai publicar o meu comentário, mas leu. Estou esperando os xingamentos.

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    1. Claramente o utente não tem noção da utilidade do espaço, e o utiliza mal - como sempre. Obrigado pela observação no erro 'acidez baixa a média', revisado.
      Não consegue entender o que é um nariz onde notas de açúcar e frutas se misturam? Um pena...

      O vinho, nunca sabemos se é fraco, até abrir a garrafa e colocar na boca. Aí... já foi... mas ontem mesmo resolvi que hoje pegaria algo melhor.

      Já que a toada não muda (agora não consegue entender que não adquiri certa garrafa, e ela foi comprada por terceiro de boa fé), e as contribuições úteis são raras - talvez inexistentes - de fato não publicarei mais esses comentários. Se vou ler até o final ao recebê-los? Fique imaginando... de qualquer maneira, ler é mais rápido do que escrever; perca seu tempo à vontade.

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