Sunday, May 7, 2023

Ah... Rhône...

Introito - ainda o PL 2630, na presença do Palhacinho da Justiça

   O Palhacinho da Justiça voltou! Para os novos leitores, é a alcunha do nosso detrator-mor, antítese de Paladino da Justiça, algumas vezes presente nos comentários do blog com um festival de incongruências e acreditando na repetição da desinformação como tática para fazer-se confiável. Não! Repetição funciona bem em certos tipos de piada, como o bordão: o humorista a dado momento repete-o, provocando riso na plateia já a aguardar pelo termo ou frase conhecida de antemão. A tese onde uma mentira repetida mil vez torna-se verdade pode funcionar em muitos lugares, mas não aqui! Neste espaço a mentira é repelida com a verdade assim como as trevas nada podem fazer contra a luz, e sua repetição passa a ser ignorada a dado ponto. Por isso não publiquei a última mensagem do infeliz; além de repetir-se, adentrou a parte política da postagem - sabidamente não debato essa parte - e não satisfeito falou mal do evento enoetílico II reportado ontem... do qual não participou.... 😣 Duvido conhecer os vinhos degustados; creio ser sua conversa mole apenas a manifesta frustação com a Chez France, por ela ainda não ter cruzado por inteiro a via da tubaronice desenfreada. Mais: acusou-me de não ter lido a PL (teria ele lido? quantos brasileiros leram? Ademais, declarei não ler mas acompanhar o assunto conforme fonte citada, então não posso ser dito desinformado, algo corriqueiro para a maior parte da população). Esse tipo de caboclo passa o tempo defendendo margens de 3x (ou maiores) para a importação do vinho. O argumento deste Enochato acerca dos produtos da Apple, cujos valores aqui normalmente alcançarem 2x do visto nos EUA e invariavelmente provocarem reclamações firmes dos articulistas de tais comparações nunca é respondido. Pode responder, viu?! E olha: os Applephones custam só o dobro. Imaginem se fosse 3x, o patamar inferior de grande parte das tubaronas, como seriam as reclamações...
   Voltando ao PL: dá para levar a sério um governo cuja pretensão é criar um mecanismo estatal para julgar se postagens são ou não boatos? De boas intenções o inferno está cheio seria apenas um inocente clichê se a ideia original não viesse de tais autores e tivesse como indicados iniciais para assumir essa função aqueles dos quais ouvimos falar! Não é nem um pouco bom sugerir a remoção a priori de qualquer conteúdo. Mesmo conteúdos de ódio, racistas, fascistas ou similares. Volto ao ponto: vamos todos nós nos identificarmos. Quem não deve, não teme. A tecnologia está aí, precisamos usá-la! Temos o e-título, além de outros documentos digitais. O caboclo publicou texto ferindo as liberdades já conquistadas pela sociedade esclarecida? Via denúncias dos usuários, a plataforma simplesmente aciona o ministério público! É um botão... Ora, os usos e costumes transformam-se, portanto novas formas de policiamento - digno e honesto! - devem ser implementadas! Essa é uma discussão da qual nada ouço por aí. Outra obrigação das Big Techs seria sim manter uma memória das postagens, mesmo as apagadas pelo autor, com obrigação de sincronia em relógios atômicos - parece algo do outro mundo, mas é corriqueiro. Sabe aquele ditado, escreveu, não leu.... é por aí... Como está, o PL é mais uma tunga para cima dos brasileiros. Não surpreende um detrator vir perguntar se eu li a projeto de lei quando assumi não ter lido. É muita má fé: as propostas do governo foram amplamente divulgadas! Ora, a comunidade dos artistas mobilizou-se com ênfase em torno dela, como não ficar sabendo? Bastou-me ouvir o contraditório (risos!) e fontes supostamente isentas (BBC, não confunda com estercos à la CBN ou CNN, nessa sopa de letrinhas perversa) e tirei minha opinião. Apresente-se o brasileiro melhor abalizado.

Ah... o Rhône...

   Gostaria de beber mais vinhos do Rhône. Eles são um tanto caros per se... tá, os villages simples não, mas o Hermitages ardem os olhos, queimam a mão, atentam contra o bolso... no evento enoetílico alguém comentou ter comprado um Viognier, creio mesmo de produtor regional. Sem ponta de malícia, sugeri comparar com um Condrieu, vinho da região homônica no norte do Rhône, onde essa cepa realmente mostra-nos toda sua complexidade e elegância. Mas nas mão das tubaronas, exemplares apenas um pouco mais sofisticados atingem R$ 1.000lão, uma verdadeira paulada no meio da perna pegando bem naquele ponto sensível do joelho, o menisco. É uma semana sem andar... Crozes-Hermitage produz em maior quantidade tem preços mais palatáveis. É o que dá para comprar, eventualmente. Também tem a região sul do Rhône, notadamente Châteauneuf-du-Pape (CdP), onde a qualidade - e preços - varia bastante. CdP's bem simples podem custar USD 10,00. Mas encontramos bons exemplares a USD 50,00, ótimos a USD 80,00, excelentes a USD 120,00 e depois disso alguns ícones podem custar USD 600tão - ou mais.

Ontem pela manhã um capiau bateu na porta e tão logo atendi ele levantou o braço mostrando o embrulho e comunicando a entrega da minha picanha conforme prometido pelo Grande Guia. Abençoado seja! Ara, você não vai acreditar nessa, vai?! Digo, no abençoado. Traquina, isso sim. A entrega foi verdadeira. Você recebeu? Não? Reclame! Bem, parti um naco para hoje e congelei o restante em bifes para a semana, já aguardando nova entrega na sexta. Se não vier, boca no trombone! Assim havia decidido para este domingo mamar um Crozes-Hermitage com o pedacinho de picanha tão diligentemente guardado de ontem. Domaine des Remizières 2017 já apareceu por aqui, continua bom e rico em frutas e mais notas ao estilo couro/chocolate. Nariz ainda com um pouco de especiaria desta vez, bons taninos e acidez média a mais marcada, ótima para um bifão com bastante gordura: o gole de vinho junto da carne deixa a boca pronta para o próximo pedaço. Não foi uma grande harmonização, mas foi básica: o vinho ornou e cumpriu seu papel. Bebido em modalidade solo, revirando o vinho na boca, aparece um leve dulçor, uma sensação de veludo e um final agradável. Não é longo se você já bebeu um Hermitage ou algum outro grande vinho, mas se comparar taça a taça com muito sul-americano é infinito (sic). Já comentei, vai novamente: o norte do Rhône (Hermitage, Crozes-Hermitage e outras) é a casa da Syrah. Lá, ela pode ser misturada a outras Syrahs de diferentes climats - entenda como 'vinhedos' - e sutis diferenças entre os climats produzem vinhos ainda mais ricos quando comparados às suas expressões monovarietais. Como diriam, um must...

Preços

A Moira-Confrade Dayane - ou teria sido a Renata? - liga-me de Araraquara e reporta o vinho a preço realmente vexatório.
- Pega tudo! - respondi quase gritando ao phone. Fiquei com o estoque completo, mas apenas 4 garrafas. Creio ter pago 1x com relação ao preço lá. Milagres acontecem, e nem era dia de Natal... Sobrou um pouco para amanhã; se alguém estiver por perto, ligue-me e venha experimentar.

Nota de falecimento

A Moira Luciana comunicou o falecimento de seu pai no dia de hoje, às portas dos 90. Amigos queridos, conhecidos próximos, parentes, todos eles vão-se muito cedo, não importa a idade. Como escrevi certa vez, levam consigo um pedaço de nossos corações, e devolvem aos poucos depois, na forma de sonhos. Assim será com a Lu. Deixo meu pesar e a alegria antecipada por esses momentos de recordações e êxtase.

6 comments:

  1. Olá Carlos,
    Muito bom post. Parabéns.
    Eu gosto muito dos bons vinhos do Rhone, principalmente do norte. Quais são os 3 Hermitages tintos e brancos que você mais gostou? Vamos ver se algum coincide com meus 3 preferidos, tanto brancos, quanto tintos.
    Sds,
    Tarcísio

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    1. Olá, Tarcísio, obrigado pela mensagem.
      Bebi algo de Hermitages mas não estou certo do vinho ou produtor - eram legais, mas não grandes exemplares. Tenho alguns guardados, à espera, então também não bebi. Ainda estou no Rhone pelas beiradas, o que bebi de melhor são muitas vezes CdP: Beaucastel (tinto) 2007 2 2015 e o Vinhas Velhas (branco) 2007.

      O Rasteau do Domaine Gourt de Mautens foi muito bom e o Ampodium 2014 também. Eles estão na barra da lateral direita - veja a configuração de seu celular, se estiver lendo nele, às vezes não aparece. Um Chateau D'Ampuis 2010 (09?) também foi excelente, mas oferecido por compadre talvez um pouco novo, com apenas 8 ou 9 anos. Tenho alguma coisa a sete chaves, inclusive o mesmo D'Ampuis 2010 (09?), aguardardo mais envelhecimento.
      O Condrieu La Chambée 2016 surpreendeu por melhorar muito depois de cerca de uma hora e meia de aberto - mas também não é Hermitage... Era trazido pela Cellar, não sei se continuam.
      Acho que é isso.

      Obrigado!

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    2. Obrigado Carlos.
      Sds

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    3. 😣 Sisqueci de comentar os Ferraton - Hermitege e Crozes, além do CdP... gostei de todos. Alguns degraus abaixo do D'Ampuis, claro, mas bons. Estavam com a Enoeventos há muitos anos, mas mudaram de mãos. Vi depois em uma loja - não importadora - a preços tubaronescos.

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    4. Qual dos Hermitage da Ferraton?
      Mas o Chateau d’Ampuis é Côte-Rôtie, não Hermitage, não? Já o bebi algumas vezes. É excelente e tem bom preço.

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    5. Wow!

      Grande verdade, o d’Ampuis é um Côte-Rôtie, assim como o Ampodium! Na vontade de comentar alguns outros vinhos, pelos poucos Hermitages experimentados, misturei as bolas.
      Do Ferraton, puxei de memória e, verificando melhor, são dois Crozes: Ferraton Crozes-Hermitage La Matiniere 2010 e Ferraton Crozes-Ermitage Le Grand Courtil 2009. CdP, foi o Châteauneuf du Pape Les Parvis 2009. Estão listados na relação do lado direito da página de leitura, para a versão de web. Desculpe as confusões.

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