Thursday, July 20, 2023

Nagibin e o evento na Mercearia 3M

Introito

Agora nós estamos em guerra com a Lestásia.
O inimigo sempre foi a Lestásia.
Eurásia é uma nação aliada.
1984, de George Orwell

O vídeo abaixo dá mostras do conceito atualizado de Pax Romana para Nosso Amado Presidente (NAP). Como é comum e reconhecido em sua forma de liderar e na Democracia em geral, manda quem pode; obedece quem tem juízo. Assista e aprenda. Havendo dúvida, chamamos o Xandão (não o de Ribeirão!) para decidir monocraticamente quem está com a razão. 



O governo de NAP terminou a semana passada com uma minúscula mácula em seus mais de seis meses de liderança irreprovável. Um bando de aloprados - NAP já usou essa palavra! - deu uma lição de juízo no jovem da foto ao lado, o João Bettega, e sua turma. No João, limparam-lhe o rosto, escovaram-lhe os dentes e apararam-lhe a barba; o resultado está à esquerda, que aqui não se propala coisa de outra tendência. Rapá do MBL, teve a audácia de irromper em um Templo Sagrado do Saber - no caso as dependências da Universidade Federal de Santa Catarina - para, se entendi bem, sair pichando de branco a iluminada criação artística abundante nas paredes de um dos centros de convivência da excelsa Instituição. Disse o rapá terem roubado seu celular, fone de ouvido e algum outro bem durante a refrega. Ledo engano. Não foi roubo. Os itens foram feitos reféns até o sr. Bettega restaurar a nobreza das paredes agredidas e desculpar-se publicamente pelo ato de vandalismo perpetrado nas dependências do Centro pelas suas alvas pinceladas. A foto abaixo é prova cabal da ação; Bettega é o menor.

Na segunda-feira seguinte uma comissão do MBL dirigiu-se para o local. Ou assim dizem. Filmaram a entrada da Universidade, mas depois só podem ter-se dirigido para alguma pocilga e filmado de lá: instalações em situação deplorável foram mostradas como sendo as da UFSC. Inimaginável um Professor Doutor aceitar ser Magnânimo Reitor de tais instalações. Nenhum ser humano digno sujeitaria-se a tal papel, daí ser clara mentira o conteúdo de tais vídeos. Está aqui, veja por si mesmo e faça sua opinião independentemente deste articulista. Procuraram pelos supostos agressores do sr. Bettega, sem dar-se conta de que a revolução é algo móvel, vivo, itinerante, e portanto naquele momento os revolucionários levavam as boas novas a outras paragens. Dar lição de juízo a quem não merece, convenhamos, é reprovável. Deveriam ter deixado o rapá em sua ignorância, desconhecer sua ação e refazer as obras de arte destruídas. Isso foi, sem dúvida, a única mancha na administração de NAP. Foi por isso que votei '1' na última eleição. Sem confusão, foi 'l', e não '1'. Não pode haver dúvida, foi éle, de ladrão! Entendeu?

O níver do Nagibin

Certas obrigações são cumpridas com muita satisfação e felicidade. A combinação para o níver de 60 anos do Nagib começou em 2021, por conta de uma de suas vindas a S. Carlos. Já participara das comemorações de seus 50 anos, em alto estilo, num sofisticado Club de Santiago. Desta vez, nas dependências de sua mansão nos arredores da capital chilena, ele reuniu amigos de longa data e diversas fases de sua vida. O amigo mais antigo foi este Enochato, celebrando 40 anos de amizade senão continua - ele mudou-se para lá praticamente junto da popularização da Internet, e ficamos sem contato durante algum tempo - seguramente sólida, honesta e leal. Prova de seu caráter foram adesões entusiasmadas de amigos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de S. Paulo, além dos incontáveis amigos chilenos, pessoas que conheci em seu casamento, há 20 anos. Explica-se assim o silêncio da coluna nas últimas semanas. O leitor saberá desculpar-me.

Evento na Mercearia 3M

   No final de junho, a Mercearia 3M deu aula de como se promove um evento de ótima relação custo-benefício, unindo ótimo cardápio com vinhos de bom nível. Foram cinco rótulos, entradas, dois pratos de Paella e sobremesa, por algo como R$ 140,00. E degustação versou sobre produtos da Periquita, produzidos na Península de Setúbal. A casta Periquita é, na verdade, a Castelão.

O fato de ter anotado não apenas minhas impressões mas a de alguns presentes sobre alguns dos vinhos salvou a postagem; já passou-me certo tempo e sem as notas seria impossível comentá-los. Os dois principais rótulos foram servidos em primeiro, e um deles com a Paella - harmonizou parcialmente. O Periquita Clássico 2014 mostrou nariz à café e couro; segundo d. Neusa, anis, e para o Ghidelli, resina de eucalipto. A galera estava afiada... boca com madeira discreta, toque tostado, acidez baixa a média, um pouco ligeiro e final razoável; um pouco mais longo o livraria da mediocridade. Mediocridade de médio, entenda-se. Digo: tem muito vinho como esse no mercado, todos lutando nas prateleiras. O Periquita Superyor 2015 mostrou-se impenetrável ao nariz, e não foi apenas minha opinião. Bom, para mim estava mais fechado do que diretório municipal de partido comunista fora de época de eleição, mas pode ter sido meu nariz... de qualquer maneira exibiu melhor acidez, permanência e final, embora na boca ele expressasse poucas características como aquelas às quais estamos mais acostumados ao degustar um vinho mais pronto para o consumo. O Parque (sic) deu-lhe 95 pontos; se à primeira vista parece um exagero, ele está fechado a ponto de poder virar qualquer coisa - inclusive um vinho 95 pontos - daqui uns 10 anos. Mas 95? Não ponho a mão no fogo para tanto. O João Pires Rosé 2021 é do estilo (rosé) que não aprecio, e manteve minha opinião. Não combinou com a Paella, e isso apenas reforça minha impressão. O Quinta De Camarate branco doce 2022 combinou bem com a sobremesa (Creme Brulée), mas não guardei suas características. Achei sim superior aos colheitas tardias sul americanos, mas inferior a Sauternes simples comprados a menor valor em 'promos'. O Trevo, não guardei as características, e pularei.

Preços

   Chegamos no ponto onde o chão afunda de um instante para o outro. O importador da marca é a Interfood, e creio já ter presenciado tempos melhores da casa. Atualmente está assim: O Periquita Clássico é encontrado no Garrafeira Nacional a R$ 132,00, enquanto a loja Todovinho (até onde sei é o varejo eletrônico da importadora) vende a R$ 511,00. Dá 3.9x. O Periquita Superyor custa custa em Portugal R$ 220,00, e aqui sai a mórbidos R$ 820,00. Dá 3.7x. O Quinta De Camarate vale por 'lá' 9,25 Euros (R$ 50tinha) e aqui ele sai por R$ 165,00. Dá 3.3x. Uia, esse tá bom... só que não... Esses produtos estavam sensivelmente mais baratos na degustação - mas ainda na faixa de 3x para os tintos - o que também não representa uma oferta irresistível para disparar a compra por impulso. Nas lojas virtuais o curioso encontrará preços abaixo dos praticados pelo importador. Várias pessoas com quem conversei na saída do evento algo gostaram da experiência, mas não dos preços. O consumidor está ficando mais esperto? E é necessário ser muito enochato (rs) para comprar um vinho e guardá-lo por 10 anos. Particularmente, não estou mais na idade para isso. Já a moçada, estes querem vinho para botar no carro, chegar em casa com ele todo chacoalhado, abrir e beber. Ademais, cansei de presenciar produtores abrirem garrafas mais antigas nos eventos, para mostrar a qualidade do vinho em seu melhor momento, observando ser aquele o destino das safras mais novas - e menos prontas para o consumo. A Interfood poderia ter feito melhor...

Periquita Clássico





Periquita Superyor





Quinta De Camarate



2 comments:

  1. Bem vindo de volta as terras tupiniquins ..nada mudou por aqui, caso não tenha percebido. Pausa para rir. Mas o que me estranhou no evento, ou melhor pós evento, é que não pensou-se antes na degustação dos vinhos. Acho que não abriram o Superyor antes e tomaram-no. Estava com um cadeado. Não vi o vinho, fechado, tanto no nariz quanto indiferente na boca. Acho que faltou decanter ou uma safra mais antiga para impressionar e levar os enófilos de plantão a comprá-lo, nem que fosse por impulso..

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    1. Luidgi, obrigado pela leitura.
      Ainda estou pegando pé, mas surpreendeu a 'invasão' da UFSC pelos profanadores do tempolo (sic) logo no dia da minha volta.

      Sobre o Periquita Superyor, é isso mesmo. O erro maior foi da representante oficial do produtor, que acabei não citando no texto. A vinícola, também deveria tê-la ajudado disponibilizando uma safra mais antiga... Bem, fica o registro.

      walew.

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