Sunday, August 20, 2023

As Moiras, D. Neusa e Nix

Introito

As pessoas que são analfabetas não são analfabetas por sua responsabilidade.
As pessoas que são analfabetas ficaram analfabetas porque este país
nunca teve um governo que se preocupasse com a educação!
NAP, ao lado de Andrada, segundo alguns patetas
“O Maior Ministro da Educação de Todos os Tempos” (sic)

O pior tolo é aquele que, não o sendo, se deixa enganar.
Achei ser provérbio popular, mas não encontrei 
no Google. Fica a crédito deste Enochato.


   Acreditávamos que a educação extinguiria a tolice assim como a luz extingue a escuridão. Ledo engano; não basta escola ou mesmo reflexão quando o cidadão bem educado - intelectualmente falando - insiste em ser néscio; o senso crítico é descartado em favor de suas crenças e as trevas enevoam seu neocórtex. Receita certa para tornar-se um gado. Confirme por si:


   Essa turma cometeu 14 anos de governo - NAP, oito - e atesta a própria incompetência na despreocupação com a educação nesse período, retratado no desempenho do brasio no PISA, onde, efetivamente, caímos ao final e após a gestão de Andrada frente ao MEC, sinal claro de como sua política educacional foi um nefanda. A interpretação do gráfico e clara: os jovens chegaram na idade de prestar o Pisa passando pela gestão de Andrada à frente da educação só para fazer esse carão no exame, ao final de anos de estudo.
   Não sendo idiota - só desta vez; atacado nos brios o cidadão talvez queira partir para o ataque -, e pedindo provas, o PTlho cético pode encontrá-las  na OCDE, promotora da avaliação, aqui, de onde retirei o gráfico abaixo.


   É isso, NAP: assim sua patuleia vai acreditando nesse discurso de suposta preocupação com o país, e com a educação. Talvez NAP não preste muita atenção nisso, efetivamente. Ele deve estar preocupado com assuntos realmente importantes (sic!), como a lei, a ordem e a democracia. Sim, deve ser isso...

As Moiras, D. Neusa e um Enochato no meio do caminho

Recebi as Moiras e D. Neusa nesta sexta-feira e, inspirado por uma curiosidade da Luciana de algum tempo, separei o L'Un Savagnin 2017, do Domaine Baud, produtor de Jura. Como atesta o rótulo, há nove gerações da família envolvidas com a viticultura, história iniciada em 1742 com a chegada do patriarca à minúscula Vernois; a última geração assumiu em 2016, na flor dos 20 anos. A consulta da Lu foi acerca de comprar ou não um vinho do Jura, cuja principal cepa é a Savagnin, e ponderei ser um estilo ame ou odeie de vinho, sugerindo-lhe outras opções. Domaine Baud L'Un Savagnin, como boa parte dos vinhos de Jura, é oxidado propositadamente para conferir-lhe caráter e qualidades únicas. São vinhos de muita personalidade, nariz com notas cítricas - casca de laranja?-, frutas secas, senti algo à querosene, bem mais proeminente do que o toque a óleo Singer notado por mim em Rieslings da Alsácia, e sutis complexidades para melhores olfatos se divertirem muito. As meninas tiveram outras percepções, mas não anotei, infelizmente. As qualidades do nariz repetem-se na boca com álcool bem discreto, a acidez maravilhosa deixa-o vivo, vibrante, com ótima persistência e final. Pela oxidação, aliada à pegada da Savagnin, não é um vinho para todos os paladares; como aprendi com Don Flavitxo, é do tipo ame ou odeie. Parte da mesa amou...

A Luciana há tempos queria abrir um Caymus trazido dos EUA. Eu relutava, dizia estar novo. Na última viagem ela trouxe outro, mais simples, o Caymus Cabernet Sauvignon 1858 Reserva 2020. Ainda achei novo, mas fui voto vencido (rs). Mostrou-se casmurro, poucas notas de fruta no nariz, taninos um pouco duros, mas com um conjunto típico dos bons vinhos; entre médio e encorpado, com boa persistência, final longo, dava pistas de ter um bom futuro. No dia seguinte estava bem melhor, mas não se soltou; apareceu chocolate, a fruta estava mais presente, vermelha, e tornou-se mais óbvio: ele será um bom vinho, daqui uns 5 ou 6 anos. Como refleti rapidamente com ela, não se pode ter pressa com vinhos de qualidade e muito novos. Às vezes vale a pena gastar um pouco mais e trazer exemplares um pouco envelhecidos. Mas isso não vale para os vinhos americanos; seus preços muitas vezes dobram em relativamente poucos anos. De qualquer maneira, um depoimento de vinho similar provado com 7 anos está aqui. Para provar meu ponto, compareci com um Merlot 2006 da Pride Mountain Vineyards, aberto junto do Caymus, ambos servidos após o Jura. Ora, um vinho de 17 anos no auge de sua maturação apenas cumpriu seu sagrado desígnio e encantou a todos mesmo sem muita aeração (cerca de uma  hora e meia): nariz rico, fruta ainda sobrando, chocolate, um toque doce e mais camadas; boca com algum dulçor, sem incomodar, chocolate/couro (qual? - rs), outras camadas imersas em taninos muito redondos, boa acidez, álcool e madeira muito discretos, a despeito dos 14,8% (!), um final de encantar, quase infindável, e excelente retrogosto - D. Neusa fez algum comentário específico acerca dele, mas escapa-me... O vinho da Pride custa o dobro do Caymus, e isso pode tê-lo tornado um pouco mais apagado do que o esperado se provado sozinho, ou com um de valor semelhante e mais envelhecido. Meu intuito passou longe de provocar qualquer constrangimento; era um exemplar disponível e em ponto de se beber, ao contrário de outro a valor próximo mas, em meu julgamento, ainda não adequado para ser consumido. Um ponto curioso sobre os Merlots da Pride: eles são corte variável de Merlot (90%) e Cabernet Sauvignon (10), e a Merlot em si é outro corte - corte de Merlots! - provenientes de Sonoma e do Napa. Na safra em 2006, o corte foi de 58% Sonoma e 42% Napa. No sítio do produtor o interessado encontrará maiores informações, safra a safra.

   Como todos os vinhos foram trazidos de fora e não possuem - até onde saiba - exemplares no país; não há, então, preço a ser comparado. Os canalhas - e seus detratores - escaparam-se dessa. Mas já já volto à normalidade, e, portanto, á carga. Até a próxima.

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