Tuesday, August 15, 2023

Château Beauvillage 2018 e a gravidade de fatos desconhecidos pela maioria

Introito

   Seu meio de comunicação predileto informou-o sobre os eventos da CPI do MST na semana passada? Ou só começou a informá-lo agora, quando tudo virou circo? Por partes e cuidado, porque seguem-se episódios chocantes. 

   Chutes na cara. Coronhadas no peito. Casa invadida no meio da noite, a retirada dos ocupantes na ponta do revólver e somente com a roupa do corpo, seguida de ameaças de morte e destruição da moradia. Contra homens? Não... contra mulheres... Em quatro estados diferentes da Federação, indicando um modus operandi comum. Esse foi o depoimento corajoso de senhoras que ousaram enfrentar o movimento. Duvida, não e mesmo? Está bem, então... cuidado para não vomitar nos próximos 2 minutos. A propriedade é d'O Antagonista e disponível em plataforma pública. Replico porque é muito importante para embasar a discussão. A fonte é esta.


   Acha grave? Está indignado? Pois é só o começo. Veja mais aqui, aqui e aqui. E se achou o primeiro vídeo chocante, cuidado. Depois diga-me se você tem... ora... o que estou pensando?... diga-me se você conhece alguém que tenha (e não conhece!), se você conhece alguém que tenha a fibra moral, a coragem e o caráter da senhora Vanuza Souza que coloca-se em risco de vida com as declarações dadas sob juramento. Ou essa senhora é a melhor atriz de todos os tempos ou suas reações, seus gestos e palavras em seu tom embargado são justos e bons. Veja os vídeos e decida por si.

   Por outro lado, péssima atriz, com atuação digna de uma Amante, deputada do governo tentou comentar, e ganhou o troco a altura. Veja (a postagem é do deputado federal Kim Kataguiri, e liberada para cópia e reprodução):


   Como é? O que estamos assistindo aqui é muito mais um depoimento com gente de briga local... É isso mesmo? Em quatro estados diferentes? Não vou retrucar, a senhora Vanuza Souza, patrimônio da nação, o fez de maneira a tornar qualquer tentativa de expressão minha um mero arremedo de repúdio. Só posso tentar completar o raciocínio dela: ainda se fosse uma briga local, seria tolerável qualquer justificativa que se pudesse dar, em vez de manifestar a mais veemente repulsa a tais fatos? Dá para acreditar?

   Mas como adiantado, a CPI virou circo. Por algum motivo desconhecido a liderança do partido Republicamos trocou deputados de oposição por deputados aderentes ao governo para representá-lo na CPI. O comentário não é meu, está aqui, dos 57 min aos 58 min e 20 s. Em tempo: membros do Republicanos são Marcelo Crivella, Arthur Lira e Tarcísio de Freitas. Quando a frustração parece tomar conta de tudo, os bravos ainda resistem. Veja aqui, mesmos transmissão acima, 1:36:10 a 1:42:00, quando o líder (ex líder?) do MST João Stedile tenta provocar o deputado Kim e recebe o troco de maneira hilária e habilidosa nos exatos 1:45:00. Note como ele vacila, ao ser confrontado em seu exemplo canhestro de movimento social... 

   Estava para encerrar o ciclo de debochar do NAP de maneira leve, cínica, dizendo-me cansado de passar pano para uma turma tão atrapalhada, mas o qualificativo deixou de se adequar. Torpe cai-lhe melhor, embora falte adjetivo para descrever tudo isso de maneira mais completa e realista. Já disse: não podemos ficar apenas sentados experienciando a degustação de um vinho como se nada estivesse acontecendo à nossa volta. Faço isso sim, mas aproveito parte desse tempo para avisar os desavisados e demais tolos de plantão de fatos que se passam e aparentemente as pessoas não estão sabendo. Desculpe a extensão do texto. Pela gravidade dos fatos, conto com a indulgência do leitor.

Um Cru Bourgeois

Château Beauvillage 2018 é um Bordeaux rotulado Cru Bourgeois, corte 55% Merlot e 45% Cabernet Sauvignon, com buquê regado a frutas vermelhas, tostado discreto e algo mais... não era especiaria... nem um dentre o trio chocolate-café-fumo, ou tampouco herbáceo. Estava lá, só não consegui distinguir... mas bem alegre, marcado, fruta repetindo-se na boca, uma especiaria muito discreta na ponta da língua, típica da CS - mas se não soubesse ser um Bordeaux, talvez não percebesse, tão sutil - corpo e taninos médios, bem redondos, acidez baixa a média, retrogosto discreto mas curiosamente de persistência razoável face ao conjunto. Álcool integrado, madeira moderada, dá mostras do quanto um Cru Bourgeois pode variar em qualidade; pelo menos está pronto para ser degustado. Não é um vinho ruim, pois é bem harmonizado, mas a menos do buquê, onde, se não é complexo, é gracioso, no restante parece faltar-lhe algo para caracterizar melhor sua estrutura, para dar-lhe maior personalidade. Posso beber desse tipo de vinho com satisfação, mas sempre voltarei a provar de algo mais extraído como os australianos, ou mais complexo como bons portugueses e espanhóis - e mesmo Rhônes como os Ferratons. Ainda o trocaria sem pensar por um italiano da Argiolas, ou por um toscano bem comprado e de custo equivalente, mas é outra conversa. Precisaria de mais corpo para acompanhar eu indefectível filé ao molho gorgo neste almoço de feriado em S. Carlos, mas não foi um desacordo explícito. Para um feriadinho morto de terça-feira, até que teve bão. Mas prometo melhorar...

   Pelo preço, vamos lá: foi comprado a R$ 186,00 na Enoeventos - preço de Clube do Vinho, comprado em uma caixa. O valor médio segundo o Wine Searcher é USD 20,00. Uma conta de padeiro dá R$ 100,00, portanto menor que 2x; sem desconto, R$ 220,00, ainda estaria dentro. Sempre tomei o valor médio do WS para fazer as análises, e não vou mudar agora. O Wine Searcher é boa ferramenta para procurar vinhos (e safras, principalmente), e saber onde encontrá-los. Não é necessariamente o lugar mais barato, mas é uma fonte para comparação. Isso posto, não posso deixar de assinalar o preço de venda direta no produtor, € 12,50; dá R$ 70,00. O valor FOB seria seguramente menor. E seu preço final aqui poderia ser sensivelmente menor, também.



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