Friday, January 1, 2021

A última postagem do ano, mas faltaram algumas...

Introito

Por compromissos profissionais, a falta de tempo impediu algumas postagens recentes. Inclusive a degustação de antes de ontem, que pela combinação de branco + tinto foi a melhor do ano. Mas tive outras grandes oportunidades em 2020. Deixaram saudades o  Gourt de Mautens, o Chablis Côte de Léchet 2016, o Clos Mogador, o Château Montrose e seu belo rival, o Quilceda Creek, o Aubert, o Xatenêfi (sic) du Papai (rs) La Janasse e outros que cometerei o desatino de não mencionar. Depois de mais de uma década aguardando com paciência, minha adega chegou (no ponto). Espero poder desfrutar dela nos anos vindouros, com ou sem covid e com alguns confrades à mesa. A todos os inesperados leitores fica, desde já, os votos em um bom 2021, melhor que 2020... e pior que 2022... 

O Vale de Barossa

  Conhecido como Barossa Valley, é a mais famosa região vitivinícola da Austrália. Outras regiões igual importância são Margaret River e o McLaren Vale (sim, aqui é Vale, enquanto Barossa é Valley...). Barossa abriga vinícolas como Penfolds, Peter Lehmann, Greenock Creek, Torbreck, Two Hands, John Duval, Yalumba, Jacob's Creek, Henschke e muitas dezenas mais. A Shiraz é o carro-chefe, na forma varietal ou em corte de Grenache e Mourvedre - o famoso GSM tão característico do sul do Rhône. Naquelas quebradas, a Mourvedre é conhecida por Mataro. A  Cabernet Sauvignon também está lá, e parece que produz vinhos bem potentes.

Greenock Creek e Alices Shiraz 2004

Greenock Creek produz vários varietais, de Mourvedre, de Cabernet Sauvignon e de Shiraz. Dentre eles, Alices Shiraz é um vinho intermediário. Abre (30 minutos sem decantador) com nariz muito marcado, frutas negras e vermelhas, madeira presente mas sem sobrepujar a fruta - aliás, é contida. Nada daquilo que os chilenos foram um dia, para quem lembra-se de exemplares como Marquês de Casa Concha e Notas de Guarda, dentre muitos outros, da primeira década do século. O álcool escapou discretamente. Mas com 15%... e olha que ainda sobrava açúcar... O Akira chegou depois da segunda hora, notou ainda - com razão, estava evidente - mentol e, em suas palavras, 'aquilo que você chama de café'. Um tanto doce, também, que ele 'garantiu' (sic): sumiria. O nariz é realmente complexo, multicamadas. Mais ou menos o que dizemos por aí quando nos referimos a 'vinhões'. A Wine Advocate concedeu-lhe 98 pontos. Bate com o que já ouvi algum produtor bordalês falar sobre ele: - Parker gosta de mulheres de seios fartos e lábios carnudos. A Wine-Enthusiast outorgou-lhe 95, enquanto CellarTracker decretou 90. CellarTracker tem bons comentários, mas às vezes parece o Vivino... É assunto para outro momento. Na boca, acidez equilibrada, taninos bem presentes e marcados, sem excessos. Imagino que com 10 anos ainda deveria ser uma paulada. É um representante do estilo australiano em bom momento. No dia seguinte - quando escrevo - parte do dulçor havia baixado bem. Akira 'garantira' que sumiria... No 😔. Mas realmente baixou bem... O chocolate (café?) subiu. A persistência continuou a mesma: longa, marcante. Entre as notas, acho que um 95 é não apenas merecido, mas meritório. Note que não apenas 'sobreviveu' ao dia seguinte, como 'evoluiu'. É para poucos. Por USD 80,00, tem obrigação e cumpre o esperado: é felicidade engarrafada.

Não satisfeito - e oras, ainda queria um bom tanto de Alice sobrando para o dia seguinte e desejava também continuar a beber com o Akira - puxei um Portinho. Prime's Tawny é um Porto sem vintage declarada. A falta da safra não é irregular nem indicativo de baixa qualidade em Portos. Pelo contrário: a declaração da safra é que torna-se indicativo de algo mais especial. Porto merece uma postagem melhor, qualquer hora. Está aberto desde o Natal, tem boa fruta equilibrada com os 19,5% de álcool - característico do estilo. Na bléqui-fraid da Vinho e Ponto saiu por uns R$ 65,00 ou algo assim. Para qualquer vinho do Porto, um preção. Quem comprar agora, vai adquirir um bom produto na média de preço do mercado - o que, para um bom exemplar, ainda é atraente. Portos similares estão custando, em supermercados, R$ 120,00-R$ 130,00. Seu produtor é a Sociedade Agrícola e Comercial dos Vinhos Messias, ou simplesmente Messias, de muita fama aqui no Brasil. Produz vinhos em várias regiões demarcadas: Douro, Bairrada, Dão, Vinho Verde, espumantes, Portos colheita, vintage e não-vintage em brancos, tintos e rosés, e é um produtor de boa aceitação. Se você é um fresco (rs) que só bebe Taylor's, Churchill e Fladgate, não venha dizer que Messias é inferior; esses é que estão na linha de ponta na produção de Portos. Feliz 2021...

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