Sunday, August 29, 2021

Les Héritiers du Comte Lafon 2011... again...

Introito

   A minha máxima de ter algumas garrafas repetidas de um bom vinho, em versão revisitada. O Domaine des Comtes Lafon é considerado por muitos como o maior produtor (em qualidade!) de brancos da Borgonha. Pensando em termos de brasio, onde as importadoras tubaronas de sempre dominam o mercado, não é de espantar que esse produtor esteja na carteira de alguma delas. Então a estória se repete: compram um tanto, pedem preços absurdos, vendem alguma coisa e, ao final da vida útil do vinho, colocam-no em 'promo'. O preço 'promo', claro, está exatamente na margem das importadoras que praticam margens mais honestas cobram em seus preços regulares. E ainda tem energúmeno que defende as tubaronas! bolsonésios e PTlhos pelo menos estão se vendendo por um ideal de país, ainda que cretinamente distorcido; estes estão aí somente pelo vil metal mesmo. Voltando: sempre será um momento de alegria e reflexão de como a vida é bela levarmos à boca a taça de um Comtes Lafon, por mais simples. Quem conhece, sabe. Comprei três garrafas deste Les Héritiers 2011, há pouco tempo (dois anos?), e esta é a segunda que provo. A primeira foi em maio de ano passado, e está aqui, junto de um breve comentário sobre a classificação dos vinhos da Borgonha. Meu sentimento, atualmente, é se compraria um vinho simples, já envelhecido, a preço de vinho 'novo' no mercado, de um produtor sob domínio de importadora tubarona. A conclusão, mais uma vez, é que não. Melhor trazer um Premier Cru de fora em alguma viagem, ou explorando alguma amizade, e contentar-se com um exemplar de vinho bom do que milhagar (sic) seus vinhos mais simples um tanto envelhecidos. Agora... se você pegar um vinho de boa importadora em boa safra, vá fundo: compre uma caixa (ainda que de meia dúzia), e vá bebendo uma garrafa por ano, ou a cada seis meses. Quando fechar o circuito, tendo várias caixas de vários produtores legais - ainda que de importadoras diferentes, qual o problema? - aí você beberá bons vinhos frequentemente sem ser esfolado vivo. 

Les Héritiers du Comte Lafon 2011

É necessário comentar que nossa percepção de um vinho muda quando o degustamos sozinhos e escrevemos à medida que o provamos, de quando o fazemos acompanhados e depois tentamos recuperar a memória de como ele estava na noite anterior, ou há mais tempo. Anotação mental (risos!): as pessoas acham fora de órbita quem saca a caneta e o caderninho e começa a escrever ensimesmado em um barzinho, restaurante, convescote ou reunião. Não faça isso, sob pena de parecer diferente. Nossa sociedade não suporta pessoas diferentes; a mediocridade não suporta concorrência e os medíocres-mores querem todos enquadrados em sua faixa de estupidez. Se eu fosse você ficava na média, mas... é com você. Inclua-me fora dessa (sic! rs!). O fato é que Les Héritiers du Comte Lafon 2011 apresenta nariz bem cítrico e outros toques indistinguíveis para mim (😕). Em boca (Gostou? Aproveite, não costumo gastar tanto a língua),  parece maçã verde (principalmente), e limão. Combinou razoavelmente bem com salmão. Tem um final amanteigado, com boa persistência, aquela que faz jus a um grande produtor: ele sabe tirar leite de pedra, já que este é um vinho relativamente simples em sua lavra. O problema é que, na mesma época, poderia ter comprado (na verdade, comprei!) em 'promo' exemplares Premier Cru de Chablis feitos por produtor muito bom, e estou convencido de que a compra foi melhor. Então é assim: promo por promo, um grande produtor da Borgonha contra um ótimo produtor de Chablis (que é Borgonha, mas não é lá do 'miolo'... o leitor entendeu...), então um Villages contra um Premier Cru, lamento, mas não dá pro Villages - e olha que é do Comte Lafon! O que dizer se for de produtor menor! Leitor, caia fora. Já escrevi uma vez aqui no blog:

Paciência é sentar-se à beira do rio e esperar o corpo de seu inimigo passar boiando!

   Ele passará. Ou antes disso, tomará jeito. Isso significa, por exemplo, cortar amostras grátis para um monte de passapanistas que ficam elogiando as tubaronas em troca de uma garrafa aqui e ali. Canalhas, queimem no inferno! Eu espero mesmo que as tubaronas tomem jeito. Isso depende principalmente de nós, consumidores. Basta exercer a tão cara cidadania.

No comments:

Post a Comment