Monday, October 25, 2021

Pré-comemoração nada... comemoração mesmo

Introito

   A vestal do templo Luciana chamou a turma para uma comemoração adiantada do meu aniversário, que acontecerá domingo próximo. Infelizmente estamos com membros em tratamento médico; outros tinham compromisso previamente marcado. Alguns não deram as caras mesmo, e nos reunimos a Luciana, o Gustavo e este homenageado. Sempre acho assim: quem não veio, perdeu. Talvez não muita coisa - a leitura dirá... - mas penso que sim 😒.

Bacalhau com vinho branco

Bacalhau havia sido a escolha. Li que Merlots poderiam ser boa companhia, mas tenho poucos 100%, e não me pareciam adequados. Pensei em um branco que havia experimentado há pouco, lembrei-me de outra opção que poderia ser um desafio e por fim escolhi a terceira garrafa mais como um calibre, por tratar-se de cepa bem conhecida.

Servi primeiramente um Domaine du Clos Naudin Vouvray Demi- Sec 2009, lavra do enólogo Philippe Foreau. O respeitado Domaine fundado pelo patriarca em 1923 chega à terceira geração. Está localizado em Vouvray, considerado por muitos a melhor região de brancos dentro de Touraine, no Vale do Loire. Outro grande produtor é do Domaine Huet, fundada em 1928 pelo Gaston Huet e seu pai, Victor. Gaston é personagem do livro histórico Vinho e Guerra, que resenhei e mostrei um excerto. A principal cepa branca do Loire é a Chenin Blanc, que produz um dos vinhos mais emblemáticos da França. Basta ver que um vinho do Huet foi considerado em 2005 como um dos 100 melhores já produzidos. Naudin não é Huet, mas é necessário dizer que é consagrado. O que tento passar ao leitor é a importância da região e como seus vinhos merecem respeito. O nariz adianta o doce da boca, com notas cítricas de frutas brancas e mais complexidade que não peguei. Boca com mineralidade e ótima acidez, além do dulçor muito equilibrado e sedutor. Não nos cansamos de beber, não enjoa. Combinou - para minha surpresa - muito bem com entradas de Parma e salame. Melhor do que com o bacalhau, inclusive. A harmonização com este ficou para o segundo vinho, o Falcoaria Vinhas Velhas 2016, já postado anteriormente. Também com notas cítricas e minerais, mas com mais corpo, fez ótima figura. Sua uva é a Fernão Pires, e como comentado gera vinhos mais pegados. Talvez por isso tenha casado melhor. O Hacienda de Arínzano branco 2018, comentado aqui, não teve a mesma sorte. Na altura de seu serviço estávamos entretidos com o bacalhau, e não voltamos às entradas. É um Chardonay que não faz feio, mas não brilhou na harmonização, nem um pouco. Bem, era um calibre, no sentido de termos ao paladar algo mais reconhecível em contraste aos desconhecidos, e não uma proposta de harmonização. Não mereceria ficar em terceiro, mas como acontece às vezes a conjuntura colocou-o nessa posição. 

Por sobremesa a Luciana apresentou-nos um... um... um... o que era mesmo? 😨 com amora 😅, que estava delicioso. Levei um Tardío Otoñal 2017, da cooperativa argentina Santa Florentina, feito com Torrontés Riojano. Nariz mais discreto, não guardei as notas e não empolgou muito. Sua principal mácula é a falta de acidez, o que não esperava para um vinho de sobremesa - ainda que sul-americano; outros exemplares possuem acidez mais marcante. Ganhei de uma amiga que experimentou e disse ter gostado muito. Não sei se a garrafa estava um tanto miada - sem ter estragado - ou o quê. Levei um bombom de morango, sobremesa com muito chocolate, morango e leite condensado. Um finalzinho do Naudin harmonizou bem. Esperava algo melhor, mas fiquei devendo nesse quesito. Espero ter chance de me recuperar...

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