Friday, July 28, 2023

Alguns embates com chilenos

Introito

Agora nós estamos em guerra com a Lestásia.
O inimigo sempre foi a Lestásia.
Eurásia é uma nação aliada.
1984, de George Orwell


   Novamente os MBLers foram aprontar das suas em algum lugar, uma pocilga onde juntaram supostos agressores - tenha certeza, foram pagos pela organização para simular o conflito - e produziram mais um teatrinho para incriminar os Sagrados Portadores do Saber (SPS) numa tentativa vã de desconectar o movimento universitário de Nosso Amado Presidente (NAP). NAP finge não ver, e está correto; para que dispender seu tempo precioso com querelas tão pequenas? Por outro lado, SPS de verdade jamais entrariam em tamanha confusão. São pessoas do bem, do bom carácter, do amor, da racionalidade, da argumentação...  veja parte da orquestração:


   Não é mesmo uma produção mambembe digna de novela mexicana? Ou vai dizer ser possível reconhecer as instalações de alguma universidade por essa filmagem? Faça o seguinte: para evitar ser enganado por calhordas cuja única função além de respirar é propagar notícias falsas, veja o que está acontecendo de maneira bem simples, acompanhando as postagens deles. Veja aqui. E não se deixe enganar por idiotas cujo discurso sequer faz sentido. Tem muitos, principalmente uns querendo mamar nas tetas do NAP sem ele perceber. De boas intenções o mundo está cheio... Né, Janja? Olha, próxima presidência está logo aí...

Extra! Extra!

A Enoeventos está comemorando aniversário com promoções que valem a pena conferir. Começou hoje, e nos próximos 4 dias novos vinhos serão agregados às ofertas até o final do último dia ou venda dos estoques. Dê uma passada por lá, mas nunca sisqueça: Wine Searcher sempre!

Embates com chilenos

   O leitor cansou de ler minhas críticas aos vinhos chilenos. Digo, a seus preços, porque vinho é uma relação custo-benefício. Tá, tem um componente exclusividade aí, mas vale para apenas algo como 5% dos vinhos. Alguns colegas e confrades comentam sobre o fato de não experimentado safras mais novas de vinhos chilenos, seja de vinhos mais premium ou mesmo ícones. Já discuti o preço do Don Melchor - um dos 'grandes' vinhos chilenos - em 2019, e ficou claro o quanto ele é caro em seu país de origem. Pouco mudou: está USD 250,00 (R$ 1.250,00) no frixópi do Chile, e aqui foi ofertado neste julho a R$ 900,00 (algo como USD 180,00). Como sempre, a pergunta persevera: veio do Chile por algum tipo de frete, pagou cerca de 60% de impostos brasileiros e chegou à prateleira a preço final de 900tão, dando lucro para o importador e para o lojista. Saiu de lá por quanto? Qual a justificativa para seu valor, ainda mais no frixópi?

   


   Bem, vejamos alguns embates: o primeiro, por um lapso, não fotografei. Consistiu do mesmo Domaine Ferraton  Côtes du Rhône Samorens 2021 da foto abaixo contra um Tarapacá Etiqueta Negra CS 2020. Cuidei do serviço, alguma aeração (1 hora), resfriei... ambos com bom buquê, bastante fruta, e a grande diferença perceptível na boca: enquanto o Etiqueta passava lépido e faceiro, sem deixar marca ou lembrança pela garganta, o Côtes deixava sua marca nem tão discreta. Sim, o Etiqueta apresentou a picância típica da Cabernet Sauvignon enquanto seu oponente tinha igual tanino, a elegância do doce discreto do corte GSM e a acidez necessária para dar-lhe ampla vantagem.

   

   Encontrei com o Klaus, amigo chileno que conheci por conta do casamento do Nagib lá pelos idos de 2002, 2003, e ele levou-me a uma loja próxima ao condomínio onde mora. Encontramos o El Enemigo 2019 por cerca de USD 60,00 (o dobro da Argentina), e um pelo outro, na hora agá apresentei o Château de Saint Cosme Gigondas, também de 2019. Aeração de algumas horas neles - 2 ou 3 - e o Gigondas apresentou-se fechado. O Wine Searcher dá-lhe uma janela de beberagem 2022-2030. Acho que dura mais, e o patamar inferior está muito errado. Tinha fruta sim, mas claramente presa; taninos presentes e com arestas; boca quase pegajosa (risos) querendo mais tempo para se desenvolver. Mas a acidez estava vibrante. O El Enemigo tinha fruta e mais notas, tinha melhores taninos e, mais uma vez, a diferença da baixa acidez fez o próprio Klaus olhar para mim surpreso com o Gigondas quando o experimentamos em segundo lugar. Por viajar muito a trabalho - e não deixar de experimentar algo diferente quando pode - ele tem mais vivência do que a média dos chilenos e sabe apreciar com vinho com maior acidez. No aniversário do Nagib, quando apareceu o Calcu Futa CS 2012 eu já estava ao lado para auxiliar na abertura (risos). Foi para o aerador e tasquei um dedal para experimentar. Tive a certeza do bom oponente para ele: a segunda garrafa do Ferraton. Abri, respiraram ambos, resfriei e pimba! Nesse encontro o Klaus estava com sua esposa. Chamei-os, servi-lhes o Futa - gostaram - e depois o Ferraton. Foi quando seus olhos brilharam. Futa estava rico no nariz, com fruta, couro, chocolate, os taninos estavam bons, mas novamente rápido na boca. Tanino por tanino, o Ferraton também os tinha, e adivinhem quem fez a diferença: claro, a acidez... Ao fim e ao cabo, os chilenos competiram bem no nariz, mas no quadro geral levaram uma sova quando entravam na boca. Vai uma para causar polêmica: vinho para mim é na boca. Não adianta ser 1001 maravilhas no nariz e não se completar no paladar. 

   Nos preços, estamos assim:
   Gran Tarapacá aprox. 18 mil pesos.
   Ferraton: aprox. 18 mil pesos.
   Futa: aprox. 54 mil pesos (é 30% mais caro do que o Saint Cosme).
   Saint Cosme: aprox. 42 mil pesos.
   Fiz as contas e temos a tabela abaixo para conversão de valores:
   18 mil pesos = R$ 103,00 = USD 22,00
   43 mil pesos = R$ 250,00 = USD 52,00
  O Ferraton custa cerca de USD 15,00 na Europa, e o Saint Cosme custa cerca de USD 50,00. Então o primeiro estava um pouco mais caro no Chile, e o segundo o mesmo preço de lá. O leitor percebeu o ponto que sempre bato aqui: vinhos chilenos não conseguem competir com europeus de mesmo preço, ou mesmo de preços menores lá da Europa. Um vinho chileno a 54 mil pesos (USD 65,00) é sim um vinho premium... e no frigir dos ovos perdeu para um de USD 15,00... Notemos ainda que Futa recebeu 95 pontos do Guia Descorchados. Quando assevero que esse guia serve apenas e tão somente para conceder ótimas notas a vinhos chilenos (inicialmente) e argentinos e brasileiros também (atualmente), ouço estar sendo muito severo. O que posso responder? Então tá...

À luz dessa comparação, volto a perguntar: valeria a pena apostar qualquer valor em um ícone chileno, como o Don Melchor ou um Don Maximiamo de Errazuriz Founder's Reserve a USD 115,00? Recordemos: paguei cerca de USD 100,00 (pouco menos) por um Clos des Porrets... é tarefa inglória trocar o seguro pelo quase seguramente errado (sic! rs!). Sempre comento com os confrades, e repito aqui novamente: não compro mais vinho sul-americano, mas os bebo com o maior prazer, para acompanhar sua evolução. E... OK, trouxe algumas garrafas de lá, desta vez. Fiz uma vez, e tornarei a fazer, a comparação às cegas entre chilenos 'premium' e europeus diversos com o intento de exemplificar meu ponto de vista às confrarias das quais participo. E novamente: nada contra o vinho chileno em particular ou o sul-americano de maneira geral; eles apenas apresentam o que conseguem em função das condições climáticas de produção, estas sim um fator bastante limitante. Nada contra a não ser, claro, seu preço. Acho perigoso dizer isso: deveria mesmo é ficar calado, porque se as pessoas que consomem esses vinhos nesse preço tivessem alguma noção do que bebem, seguramente trocariam para os europeus. O consumo destes aumentaria, e seu preço também. E este pobre Enochato não conseguiria mais comprar suas garrafinhas no padrão habitual. Fique quieto, Enochato!

Os valores, para devido registro.





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