Sunday, December 10, 2023

Beberagens atrasadas

Introito

De engodo em engodo, vamos sendo engodados aos poucos. Quem lembra-se da foto ao lado? A subida da rampa do Palácio do Alvorada na posse de Ali Lulá e seu séquito simbolizando a igualdade, o respeito e união do povo brasileiro, ou seja qual for o embuste do momento. O leitor acredita mesmo nessa conversa mole? Sim, alguns acreditam, e temos apenas mais um exemplo acabado da tal dissonância cognitiva, tendência do ser humano em procurar algum tipo de coerência em suas crenças e ideologias, embora a realidade o desminta com a crueza dos fatos.

Senão veja esta foto da reunião ministerial dos primeiros 100 dias de governo. Tem gente de costas, mas pelo estilo do cabelito não arrisco serem mulheres; mas contei 8 ao todo. E são 31 ministérios... O leitor atento lembrar-se-á: fiz a propositura de Jean Wyllys para o Ministério da Cultura!, sob o singelo argumento de que, comparado a vários outros ministros, ele seria um quadro até mais digno. Ele não está lá, mas não tem problema. Aponte-se um ministro homoafetivo na imagem. Um índio, apontem um índio. Quantos homens brancos e hétero tem lá? Aliás, parece que metade das mulheres já foram rifadas de seus postos, confere. Mal duraram seis meses, em algum caso, oito em outro. Volte na primeira foto e observe-a bem. Agora responda-me se tem cachorro na segunda. Olhe direito! 😠

Dentre os ministros, o da Justiça ainda tenta explicar como receberam na pasta a esposa de um grande chefão do tráfico, e como ela viajou com passagens custeadas pelo nosso dinheiro. Logo no início deste governo, o mesmo ministro teve presença registrada em favela carioca sem proteção policial. Para os peritos em segurança do Rio, textualmente, a visita de Dino à Maré sem aval do tráfico seria impossível. Veja abaixo. Enquanto isso, ministra - a que ofendeu os paulistas e deixamos barato - após ser flagrada andando de motocicleta sem capacete dentro de outra favela justificou-se com a determinação dos traficantes locais de proibirem o uso do equipamento. Essa ministra desobedece às leis do estado soberano do Brasil e curva-se às leitos do tráfico? É isso mesmo? Só por comentário, ela ainda está no cargo. Sintam-se orgulhosos, os tolos.


Beberagens atrasadas

Dois não comparecem, dois bebem. Sob essa máxima reunimo-nos em nome da Paduca apenas Duílio e eu, dias atrás. M.O.B. Lote 3, safra 2017, é um Dão produzido pela trinca de enólogos portugueses Moreira, Olazabal e Borges (M.O.B.!). Já falei deles em '21 e '22, veja aqui e aqui. Desta vez, com uma hora de aeração, expressou boa fruta, elegante, misturada a algo como café ou chocolate e aquele toque vulcânico típico da região amainou. Na boca o dulçor característico do português, com alguma mineralidade e acidez média; corpo também médio, taninos agora suavizados e boa persistência mostram o vinho em seu apogeu. Para quem comprou meia dúzia de garrafas, ainda mais quando vendido em 'promo' por R$ 100,00 ou menos, chegou o momento. À festa, nos próximos meses.  Poggio alla Badiola 2008 é produto da família Mazzei, produtora de Chianti Classico e proprietária do Castello di Fonterutoli. Esse pessoal já vinificava quando Da Vinci usava calças curtas. Segundo o sítio do produtor, é corte 70% Sangiovese e 30% Merlot, embora a Cabernet Sauvignon possa aparecer em alguns anos, fazendo dele um típico supertoscano. Ganhei há algum tempo, estranhei a safra um pouco antiga para vinho relativamente simples, mas gostei quando a vi. O Duílio disse 'fruta bem vermelha', mas não identificou a cereja, que poderia dar-lhe a pista da Sangiovese. Tinha também algo à terra, herbáceo talvez, com taninos leves, corpo médio, acidez discreta mas presente, final algo curto, e mesmo assim agradável. Surpreendente para um vinho simples dessa idade, que agradou bastante o Duílio. Às vezes a garrafa mia, ainda que jovem... esta, deu certo.


Dois não comparecem, dois bebem (sic! não resisti à repetição, e vem mais...). Sob essa máxima reunimo-nos a Liu e este Enochato, deixando Mário e Débora a ver taças voadoras. Levei um Crozes-Ermitage Le Grand Courtil 2009, do Ferraton, já comentado outras vezes, inclusive sob as marvadezas do Renê, cuja leitura recomendo e vinculo à recente postagem vinho nota-sem. Le Grand Courtil respirou cerca de uma hora antes de chegar à mesa, mostrou fruta agradável e toques à chocolate ou fumo - qual? Herbáceo, também. Boca perdendo um pouco da potência de outrora, taninos médios, acidez nem tão vibrante quanto antes, mas com fruta e chocolate, apesar de decaindo também. Passou um pouco do limite; ainda bom, mas cuidado; beba!. A Liu compareceu, sem abrir antes, com o Papa Figos 2021, duriense da Casa Ferreirinha. Mesmo entre os vinhos de entrada do produtor, é muito bem feito a ponto de precisar de tempo em garrafa para desabrochar. Como o Papa Figos 2019 degustado em 2021, este exemplar estava fechado no nariz e na boca. Expressava sim um pouquinho de fruta e o dulçor lusitano estava lá, com acidez beirando a média, taninos muito duros e final condizente com o conjunto da obra - nem tão rápido, nem tão marcado. Vai evoluir muito bem, não há dúvida. Conversando com a Liu depois do encontro, ela, aos prantos, comentou que o vinho não melhorou nada, nadica de nada (rs), mesmo no dia seguinte.

   Comprado há muito tempo e da Enoeventos, quando esta praticamente só tinha ótimos preços, não faz sentido falar de seu valor hoje - a conta em alguma postagem mostra quão boa ela foi. Encontrei vários Ferratons na Vivavinho, todos esgotados. Parece ser uma franquia antes de importador, mas não está muito claro. Há no sítio a opção onde pode-se montar uma loja a partir do catálogo deles, e divulgar sua adega para seus seguidores, amigos e clientes, sugerindo - não sei de onde - a possibilidade de serem importados por ela. Não fui saber mais (rs - tem um botão saiba mais lá). De qualquer maneira há diversos Ferratons espalhados por lojas eletrônicas brasileiras. Uma conferida no Wine Searcher é altamente aconselhável, porque de tubaronice o mercado está cheio. Não encontrei o Le Grand Courtil, mas há opções para diferentes bolsos. Papa Figos também é encontrado em muitas lojas, e seu preço é escorchante. Um vinho de 8,00 € em Portugal aqui atinge facilmente 40,00 €. Não há o que argumentar: a detratoria (rs), para quem falta potência e massa cinzenta, pretende defender 3x como margens para vinhos, ou 4x. O que dizer de 5x cravados? Agora é tubaronice? Ou continuarão na ladainha de sempre?

Papa Figos no Brasil, via Wine Searcher. Preços em Euros.

Papa Figos em Portugal, preço em Euros.


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