Monday, December 11, 2023

QI de ostra

Introito

É dito ter QI de ostra quem se apresenta com QI de ostra.
Oenochato

- Carlão... o MLB está derretendo! - assim provocava-me, à beira de um orgasmo e de supetão, bolsonésio de alta estirpe. Corria o ano de 2019; imerso na mais profunda dissonância cognitiva possível, ele chegava a rir de si mesmo quando tentava explicar o inexplicável para justificar as atitudes de seu mito. Ao final do primeiro turno da eleição passada ('22), Kim Kataguiri  e Guto-Negão-Capitalista eleitos - nenhum deles com meu voto (Beraldo e Amanda...) -, e sendo chamado de isentão pelas hostes do atraso, continuei inflexível em anular meu voto para presidente e governador. Também não adiantou argumento de PTlho sugerindo a (suposta) vinda de dinheiro federal para meu ramo de atividade - junto da ciência brasileira - caso Ali Lulá ganhasse, o que justificaria meu voto nele. Bem... além de negar aliar-me a transeuntes escoltados nos corredores da justiça, de onde saíram condenados - sentença cuja confirmação seguiu-se por todas as instâncias conhecidas e desconhecidas do Judiciário - antes de votar em um candidato dito amigo da universidade (não da Ciência! Não da erudição!) eu voto em um projeto de país. Pouco importa se minha atividade profissional possa ser beneficiada por este ou aquele postulante. E, para constar, este ano o ensino superior sofreu dois cortes drásticos em suas verbas. Outro amigo, ainda, queria porque queria sugerir-me a Simone Palíndromo. Caiu na vergonha quando ela aderiu a quem aderiu, e ainda levou ovo na cara e tinta na nuca até depois da eleição. Já escrevi à exaustão: sou de esquerda, embora envergonhe-me a esquerda de hoje (desde 2004). Desencanta-me quase toda ela - posto apoiarem quem apoiam - mas a esquerda é muito mais do que essa turma com QI de ostra. No campo diametralmente oposto (QI de ostra com sinal trocado), bolsonésios ainda não caíram na real. O mais curioso é os esquerdalhas chamando o MLB de extrema direita, enquanto os direitolhos chamam-no de extrema esquerda (sabia disso?). Leitor, pense um pouco e diga-me: como isso pode ser possível, senão por uma alucinação coletiva?
   Pelo que vi das atuações de Kataguiri (agora em segundo mandato), Arthur (impedido covardemente durante um final de semana e na calada da noite, literalmente) e Guto (comandou na Alesp a importante privatização da Sabesp), além de diversas lives assistidas ao longo do ano, vejo o MBL como direita sim, extrema direita jamais, e o único grupo capaz de não causar outra profunda desilusão à população. Não, não assisto lives da esquerda. Tiveram 14 anos para fazer algo pelo país. Caímos no Pisa. A tão sonhada reforma agrária não foi realizada - ou não haveria motivo para o grupo que a defende estar ativo. Dilma foi impetxada (sic) a favor da economia e pelas razões políticas - o impitxe é um ato político - sobejamente conhecidas, e já dentro de uma recessão cujos efeitos se fazem sentir até hoje. Percebe? Essa turma teve sua oportunidade, a mais longa sequência de governo na história deste país (sic), e acabamos n'água. Não perco mais meu tempo com eles; suas ideias esgotaram-se, perderam-se na própria imbecilidade de onde foram geradas. Às vezes penso se o proposto QI de ostra não está superestimado.

Paduca outra vez

Prezando pelas reuniões quinzenais - e algumas extemporâneas - a Paduca vem sendo protagonista constante no blog, e encontrou-se dia desses para outra celebração da amizade (em primeiro lugar), do vinho (também em primeiro lugar! 🤣) e da boa vivança (sic! rs! e idem, novamente!). Desta vez a recepção correu na casa dos bon vivants Duílio (sentado) e Eva, ela ao lado do Enochato, com o  Paulão e o Fernando à esquerda. Pensamos na difícil harmonização de vinhos e xuxi e mandamos ver. Levei, por entrada e curiosidade, a cava brut Freixenet Cordon Negro, e assim iniciamos os trabalhos. Comentei há pouco dela, é um espumante simples mas bem adequado para meu padrão, acima de muitas opções nacionais no mesmo valor, com preço razoável por aqui; tem seu buquezinho cítrico, gostoso, bolhinhas mais ricas dentre os espumantes apreciados recentemente em degustação, alguma acidez e nenhuma, absolutamente nenhuma harmonização com xuxi. Aqui um parênteses: o pessoal pediu um mix bem sortido de xuxis; eu aprecio somente o corte de peixe cru e aquela variação do peixe sobre arroz - sejam quais forem os nomes... 🙄 A questão é quanto outros ingredientes das diversas misturas - cream cheese, por exemplo - podem alterar a harmonização... não sei, porque não consumo...

Aportei ainda um Montemajor Passerì 2019. Corte entre a desconhecida Petit Manseng e a onipresente Chardonnay, esse exemplar de IGP da Lázio não estava tão fresco quanto da primeira vez que o experimentei, nas degustações online promovidas pela Enoeventos durante a pandemia, veja aqui. Seu buquê antes rico pareceu menos consistente, embora a boca mantivesse acidez - talvez não tão boa - e toques cítricos, combinando um pouco com o pescado. Na trilha de boa experiência passada, o Paulão trouxe um Calcu Gran Reserva branco 2021, corte Sauvignon Blanc-Semillion, vinho de ótima acidez e já comentado aqui. Tem um toque cítrico bem marcado no nariz que repete-se na boca, com acidez e boa permanência. Em alguma temperatura - foi fugidio - teve melhor combinação com o salmão, e não consegui reproduzi-la mais, mesmo voltando a garrafa na água gelada, servindo e degustando aos poucos, com fatias do peixe. A menos desse momento, que pareceu realçado, não combinou tanto, mas não descombinou, na opinião dos confrades. Ele defendeu-se bem com um pexim de hamoniazação sabidamente complicada. Teve bão...

Degustação do Shot Café

Jairo apresentou sua nova linha de vinhos portugueses importados pela Wine Concept Brasil. Essa turma não faz muito lançou uma linha de vinhos do Alceu Valença, ótimo cantor, de quem gosto muito, homenageando sua famosa canção La Belle de Jour. Não experimentei, mas pergunto: que fim deu o vinho do Brédi-bonitinho-da-bala-Chita-Pitt e da Angelina-maravilhosa-Jolie? E os vinhos do Sting, chegaram por aqui? Como está o do Danilo Gentili, o alentejano Putos? (puto significa garoto ou menino em português portugaico - rs!) Quem se lembra do vinho em homenagem à seleção canarinho na copa de '14, Faces? Seus detratores reclamaram da letra trocada no nome, o correto seria Feces; não provei. E o... já percebeu, né? Nada contra homenagens, mas essa não parece ser uma estratégia vencedora em vinhos. Eu pretendia mesmo era recobrar um pouco da história do vinho nacional para os leitores mais jovens ou aqueles sem muito interesse direto em fatos pitorescos, a ponto de procurar por eles. Há uma postagem engraçada sobre o Faces aqui. Agora, com seriedade.


O Jairo/Shot Café andava à procura de uma linha básica de vinhos para começar a repor seu estoque para 2024, e contatou seu conhecido Johnson Rogenski, da Wine Concept Brasil. Organizou uma degustação com seis exemplares do portfólio da WC, e compromissos de fim de ano não permitiram muitos dos confrades regulares das atividades do Shot participarem. Foi uma pena - para eles! 🤤 Sobrou vinho para nós! Para esta postagem, uso a foto do fotógrafo Essio Pallone e recobro meus comentários da postagem de outubro acerca de fotografia. Vejam que bela foto. Nem precisei recortá-la, o enquadramento estava pronto! A transparência das garrafas foi capturada com perfeição, a claridade do entardecer ficou onde precisava - do lado de fora - e no final eu gostaria de saber de vinho o que o Essio sabe de fotografia...

Animado com as conversas - faltei à degustação anterior -, confesso não ter anotado as características dos vinhos. São simples, custam na faixa de R$ 60,00. Experimentei o Moço Fidalgo tinto antes dos brancos e rosés, pois já estava resfriado e achei-o algo ligeiro e com um dulçor a mais. Tinha sim alguma fruta - qual? - mas acidez baixa, com final pouco marcado. Pelo valor, é melhor se comparado a joias (sic) ofertadas por lojas de venda maciça a valor similar. Eu o colocaria às cegas na Paduca, por exemplo, pois é uma turma que começa a galgar os primeiros degraus na degustação séria do vinho, embora os confrades venham provando vinhos há uma década ou mais, sem tanto compromisso. Com a confraria e minhas preleções Enocháticas (rs) nas reuniões, estão desentortando a boca (😂), e esse alentejano, mistura de Trincadeira, Aragonez e Castelão, talvez possa ser identificado por eles. Mas não será agora... Fui procurar o preço no Wine Searcher, e encontrei apenas uma citação dele em Portugal, a cerca de 5,00 €, o que dá quase R$ 30,00. Portanto o valor de venda - inferior ao próprio sítio do importador - está no limite de 2x. Aí gostei... O estranho de uma única citação de um vinho em sua terra natal sugere um produto desenvolvido para  o gosto brasileiro. Tinha achado um doce a mais no paladar, não é mesmo? Então... Mas esse doce não compromete. O Mar Salgado - toda a linha - achei um pouco abaixo do Moço Fidalgo. A grata surpresa - e ponto alto - veio do Moço Fidalgo branco, corte Antão Vaz, Síria e Arinto. Pelo encontro recente da Paduca, perguntei-me sobre sua harmonização com xuxi, e acho que a tentarei mesmo, dada sua boa acidez, aliado ao nariz que também chamou atenção. Os aperitivos vieram da Bahja Culinária Árabe, e proporcionaram boa harmonização com os brancos. O quibe também não jogou contra o Moço Fidalgo. Ainda não aprendi a apreciar rosés; ouvi bons comentários de ambos, embora - e novamente - as preferências recaíssem sobre Moço Fidalgo. O leitor apreciador de rosés deve evitar preconceitos, e experimentar dos dois. Como diria, teve bão. Aguardemos uma degustação com vinhos melhores para 2024.

2 comments:

  1. Apreciando cada vez mais as aguçadas e excelentes colocações, conhecimentos e inteligentissima forma de despertar o interesse dos novos na área. Gratidao e minhas reverências. Liliane

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    1. Olá, Liliane.
      Grato pela leitura e pela manifestação. Aproveite, o blog tem informações de todos os tipos...
      Oeno 🤣😅

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