Sunday, December 24, 2023

Nem novo nem maduro: o indigno não brilha, jamais

Introito


   Antigamente dizíamos 'uma definição de dicionário' para algum termo cujo significado pretendêssemos tornar claro. Hoje dizemos 'uma definição do Google'. Por exemplo:

   Como primeira aproximação, é uma boa contextualização. Faltou mencionar pelo menos dois pilares básicos do jornalismo, a saber: 1. Isenção do jornalista para com a matéria, e 2. Tratamento igualitário para todas as partes de alguma maneira envolvidas na notícia.

   Dito isso, pergunto: você viu a patuscada recentemente perpetrada pelo ministro dos direitos humanos Sílvio Almeida? Qualquer pessoa com inteligência e articulação maiores do que a de uma ostra - e começo a considerar quão inteligente pode ser uma ostra... 😨.. mais do que muito ministro - sentiu-se envergonhada. Foi assim: a certo momento tomou lambada e tentou revidar atacando o argumentador em vez do argumento. A tática fanfarrona foi denunciada e veio mais lambada. Almeida ripostou, e levou nova invertida. É o que dá tentar contrapor alguém muito mais inteligente e capaz: passa vergonha, e envergonha quem está em volta. Papel corriqueiro dessa gentalha de esquerda nos últimos 20 anos - veja quanto tempo passou desde o primeiro escândalo dos governos de Ali Lulá, e as denúncias não param... 
   O interessante foi a reação da esquerdalha, glorificando quem apresentou argumentos pífios e tortos:

      

    Não bastasse, houve clara manipulação de declarações do deputado oposicionista: pretendendo o ministro estar no controle da situação, a Rede TVT (um veículo de comunicação educativo que tem compromisso com a democracia , com  o fortalecimento da cidadania e com a justiça social - sic), edita trecho onde Almeida acusa um deputado de fazer cortezinhos para dizer que venceu o debate, quando... sua claque usa exatamente esse expediente para tentar deixar mal o debatedor que estava com a razão!... (vídeo com 50 segundos).


...mas a verdade é muito outra! Veja o vídeo do deputado e avalie quem estava na defensiva e quem estava no ataque (vídeo de 50 segundos).


   Mas este espaço não é uma claque qualquer como as existentes por aí. Prefiro - exijo!meu leitor sendo crítico, e recomendo: não aceite gratuitamente meu relato, confira o perrengue na íntegra aqui (são 15 minutos). Veja sem cortes os ataques ao argumentador e a reafirmação da máxima dos medíocres, acuse-os do que você faz, chame-os do que você é... 

   A antítese da conduta do deputado encontra sua melhor tradução no comentário da jornalista (sic) Cynara Menezes em sua postagem onde notamos claramente a falta dos dois preceitos comentados no início desta postagem para se produzir uma matéria jornalística decente: não há isenção e muito menos tratamento igualitário para as partes. Começa no minuto 39. Prepare-se: cenas de envergonhar qualquer devoto sério de São Francisco de Sales. Ainda: não sou contra blogs propagandísticos de tendências - mesmo sendo propaganda de vis bandidos, ladrões ou corruptos. Tomando um lado, já sabemos acerca do comunicador e escolhemos segui-lo ou relegá-lo ao esquecimento. Mas daí a usar o termo jornalista/jornalismo em tal situação é flertar com a mais absoluta falta de respeito para com o próximo, a profissão e o santo padroeiro...

   Assim, vemos PTlhos idiotizados pela propaganda querendo acreditar no que lhes convém (a tal da dissonância cognitiva, comentada aqui com link explicativo logo no preâmbulo). Chamam o MBL de extrema-direita (enquanto bolsonésios acusam-nos de extremo-esquerdalhas!), disso e daquilo. Na hora dos debates - sem edição! - vê-se claramente de onde vêm os melhores argumentos. O leitor com o mínimo de inteligência pode ver por si - e não concordando, espumar quieto; os demais podem espumar sem ter noção dos fatos e atacar este Enochato em vez dos argumentos do Enochato. Se houver um debate - sem edição! - onde algum tonto de esquerda consiga argumentar contra o deputado Kim Kataguiri sem tomar uma invertida imediata, gostarei de ver. Não publicarei, é claro, mas olharei. Honestidade intelectual no envio - embora duvide disso da parte de PTlhos e bolsonéios. Colham o que plantaram: hoje não há crédito para qualquer dos lados.

Novamente o Gran Enemigo Gualtallary, agora 2013

Olha... nunca provei tanto vinho ruim no compromisso de levar a melhor informação ao leitor (😂🤣). Desta vez tive um cuidado suplementar para certificar-me da procedência do Gran Enemigo. Está descartada a hipótese da garrafa do Renê ser falsificada (safra 2017). A dúvida originou-se a partir de um comentário naquela postagem acerca de falsificações, e confesso ter-me deixado em dúvida até provar da safra 2019, recentemente. Aconteceu da D. Neusa ter a safra 2013 - agora algo envelhecida - e oferecê-la para um embate. Essa garrafa foi comprada no frixópi de saída da Argentina. Vão dizer que de lá também é farseta? Uma falsificação não apresentaria cápsula tão grossa (à esquerda). Vejam à direita a de um bom vinho, bem mais fina. Quase precisei de uma motosserra para removê-la...

Combinamos um comitezinho (rs) com a Liu e a Elvira. Conversando com a primeira, perguntei se ela teria um Catena comprado em sua recente passagem pela bodega, e ela prontificou-se a trazê-lo. E, generosamente, contentou-se em ouvir sobre a proposta de degustação às cegas. À Elvira coube a tarefa de trazer um espumante, e ela ficou da total ignorância dos atores. D. Neusa sabia apenas de seu vinho. Assim começamos. Para surpresa geral, Elvira trouxe um Antonieta 2022, corte Pinot-Chardonnay produzido pela argentina Falasco Wines. O cítrico advindo da Chardonnay estava lá; não peguei mais notas. Fresco mas bastante ligeiro, acidez baixa, pode competir bem com os nacionais de algum padrão, como os descritos recentemente na degustação da Mercearia 3M; mais uma prova - como se fosse necessário - do quanto nosso espumante está embolado no meio de campo desse estilo mundo afora.

Comentarei a percepção das confrades no encontro. Como sobrou de todos os vinhos, e por sugestão delas levei tudo para a segunda prova no dia seguinte, a minha avaliação será apresentada na sequência. E foi bom, pois pude deixar-me levar pela conversa animada das meninas, além de ocupar-me mais em observar suas avaliações em vez das minhas próprias; queria ser honesto a ponto de afastar qualquer má estima inconsciente e outras opiniões poderiam reforçar - ou contrapor com argumentos - minhas percepções anteriores. Para desafiar o Catena Alta Cabernet Sauvignon 2018 da Liu, não tive muita dúvida: acreditei no meu Château Magence 2010, um Graves já degustado em safras 2001 e na própria 2010. Essencialmente um corte Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, espera-se forte benefício da Merlot para aportar um teco de elegância à potência da Cabernet. Não houve muita dúvida quanto à diferença de qualidade entre Magence e Catena; a preferência pelo francês foi unânime. Às cegas, na segunda bateria, a Elvira foi categórica: o terceiro vinho (tinto) lembra o quarto, mas o quarto é muito melhor. Não recordo-me bem se D. Neusa acompanhou exatamente esse ponto - de um vinho lembrar o outro. A Liu, se não teve tal percepção, não teve dúvida quando escolheu o quarto vinho como o melhor da noite.

   Um parêntese: Parker comparou - e tudo quanto é lugar (sic) repete isso à exaustão - o 50 dólas Gran Enemigo (um corte Cabernet Franc e Malbec) ao Château Lafleur, de Pomerol; corte Cabernet Franc e Merlot, ele custa 500 dólas em safras medíocres e 1000+ dólas em boas safras. O crítico conferiu duas notas 100 ao Gran Enemigo entre 2010 e 2022, e, da mesma maneira, galardoou duas notas 100 para Lafleur... nem o Patricio Tapia do Guia Descorchados  teve a ousadia de agraciar Gran Enemigo com 100 pontos (em tempo: Descorchados é o manual de avaliações extremamente generosas compilado inicialmente para vinhos chilenos e depois estendido para os sul-americanos de maneira geral, corajoso em pontuar com 95 ou 96 brancos chilenos que não chegam aos pés de Borgonhas AoC de produtores de segundo time. Como pontuaria ele borgonhões De Verdade (rs)? A escala só vai até 100, correto?). A pesquisa está um tanto incompleta: a fonte é o Wine Searcher, e não contém avaliações de Parker ou Tapia para todos os anos entre 2010 e 2022, para ambos os vinhos.

   Para mim a contenda resume-se ao seguinte: vinhos bons são vinhos bons, e quando eles são realmente bons, uns defendem-se bem contra outros. O bebedor pode tocar um Brunellão, alcoólico e taninoso (sic! rs!) pra cima de um Borgonhão; este vai defender-se com sua acidez excepcional, e não cairá nesse bom combate. Quero dizer: vinhos diferentes podem ser comparados e grandes vinhos não se atropelam. Se um Brunellão atropelar outro, então o segundo não era um Brunellão, era apenas um Brunello - ou um Brunellinho. Um vinho só atropela outro se for melhor. Normalmente (cuidado aqui!) o preço tem a ver com isso, diretamente. Essa afirmação não é tão verdadeira na comparação dos sul-americanos (caros demais, qualidade de menos) com os europeus. Também é tão verdadeira entre norte-americanos (muito caros, característica do mercado deles, mas bons) e europeus. Mas entre europeus a aproximação tem validade bem maior.

Desta vez queria colocar um Cabernet Franc para enfrentar Gran Enemigo - jogar em seu próprio campo. Encontrei em um Saint-Émilion - região francesa onde a CF tem grande presença, junto da Merlot - o combatente mais que digno, e fui à prova.

Agora, comentando os quatro tintos, no almoço do dia seguinte. Catena Alta 2018 (Cabernet Sauvignon) tinha bom nariz, rico em frutas, com couro ou café; boca com frutas vermelhas, taninos arredondados, a picada mais potente da Cabernet sul-americana, madeira bem integrada com baixa acidez - querendo ir a média, mas faltando... -, deixando seu final ligeiro. A importadora diz ser produzido somente em anos especiais mas... Wine Searcher mostra uma produção contínua desde o início do século; dados completos no final da postagem. Para um vinho de abertura de trabalhos (risos), agradou. Mas tinha um Magence no meio do caminho... Château Magence 2010 já foi degustado outras vezes e não decepciona: corte 50% Cabernet Sauvignon, 40% Merlot e 10% Cabernet-Franc, nariz recheado de frutas, especiaria, café, boca com a picada da Cabernet mais discreta, taninos ajustados (certo, é mais velho), e a acidez fazendo toda a diferença, deixando a boca mais marcada, permanecendo nela por mais tempo e com ótimo final, em comparação. Passamos para o segundo conjunto, e após degustar ambos, relembro como Elvira apontou Gran Enemigo de parecer-se com o Château Meylet 2012. Ponto para o primeiro. Mas é assim: o Lázaro Ramos e o Sidney Poitier se parecem, também. No branco do olho, e nada além. Gran Enemigo 2013, devidamente envelecido, não brilhou além do já anotado anteriormente: nariz com fruta - pelo menos não declinou com a idade - e traços de chocolate/café esses sim mais ricos: desenvolveram-se bem. Não lembro da baunilha presente das outras vezes, nem se alguém apontou. Boca dentro do esperado, com fruta e algo mais, e as demais características - tanino, acidez, final - sem melhora significativa. Ao fim e ao cabo, três safras degustadas, a percepção é a mesma: pode encantar os bocas tortas ou chapas brancas, mas não vai além disso. Já o Château Meylet repetiu a performance de minha primeira garrafa: nariz ótimo, rico, diversificado, e para fechar a boca acompanhando na nariz em tudo! Um grande vinho, fez Gran Enemigo rolar na lama - e não porque eu torça contra, foi apenas uma constatação geral. Espere um pouco, vamos lá: Gran Enemigo custa seus USD 40,00 ou R$ 50,00 na Argentina. Meylet custa os seus USD 80,00 ou USD 90,00 por aí (aqui, eles custam R$ 890,00 e R$ 750,00, respectivamente). Com uma diferença de 2x, Meylet tem a obrigação de entubar bem entubado vinhos da metade de seu valor. No caso de Gran Enemigo, fez com a competência esperada de quem pode. E aqui, Parque (sic! rs!), é o seguinte: precisava comprar o argentino logo com o Lafleur? Ô Parque, não consegue indicar algo mais singelo por comparação? Ah, claro, ele lembrou o Lafleur... para a Elvira ele lembrou - digo pela terceira vez! - o Meylet. E ela sequer pensa em ser profissional de avaliação, basta-lhe ser a médica competente que é. Mas se ela quiser ser avaliadora, está começando melhor do que muita gente no ápice da carreira, não é mesmo?

   Em tempo: Château Meylet é classificado com 92 pontos pela Cellartracker, em sua safra 1998. Lembrando,
90 - 95 pontos: vinho de excepcional complexidade e carácter, rico em buquês e sabores.
   Maylet entrega. Gran Enemigo pode estar em elegantes 89 pontos, e não é demérito. Por R$ 200,00 aqui, não faria feio face a um Noval; a R$ 890,00, é um despropósito e talvez torne os Noval melhores só pela diferença de preço. Você é fã da Catena? - rindo: a melhor vinícola do mundo? - Desentorte a boca... mas pensando bem, não... continue pagando USD 40,00 ou USD 50,00 por um Gran Enemigo na Argentina, e deixe-me tentar comprar Meylet em alguma futura promo-dos-rótulos-manchados da de la Croix, sua importadora. Se os bocas-tortas endinheirados comprarem Meylet em seu preço cheio, não sobrará nem para promo... E chegamos à conclusão, antecipada no título da postagem: nem novo, nem maduro: o indigno não brilha, jamais.

   Os valores de quase todos os vinhos já foram discutidos nas postagens anteriores. Abaixo apenas os do Catena Alta.

   Vejamos o que mais poderemos ter para hoje. Se nada (risos!), ficam o agradecimento pela leitura desse extenso artigo e os votos de um Feliz Natal! Obrigado!

*  *   *

Preço do Catena Alta CS aqui: R$ 417,00. Em destaque, a notícia desmentida pelo Wine Searcher de ser produzido somente em anos excepcionais. Ou vai dizer que todos os anos (safras) na Argentina foram excepcionais?


Preço do Catena Alta EUA: uns USD 40,0 (R$ 200,00). Aparentemente não está tão fora, dá 2x... só não acredito que ele valha USD 40,00...

   Produção do Catena Alta: pode não estar disponível em todas as safras, mas é produzido anualmente...

Preço Catena Alta no Mercado Livre da Argentina: R$ 82,00, uns USD 16,00. Não fica ruim, nem um pouco...



2 comments:

  1. Carlão, só pra remeter aquela noite do primeiro Gran inimigo (sic), a questão da falsificação do mesmo era exatamente pelo fato de que ele fora bem avaliado pelos críticos de plantão. Então, pergunta recorrente, como pode deixar a desejar tanto um vinho tão bem pontuado? Mercadológicamente pode ser explicado né? Interesses... Boas festas (com vinhos bem pontuados..)

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    1. Luidgi, grazie per il commento... 😂
      Espero que seu Natal tenha sido como o meu... ou melhor!

      O problema é que a desfaçatez rompeu barreiras, o pessoal perdeu completamente a vergonha na cara. Acho que pegaram a tática do Luca Maroni: pontuação começando em 90, mesmo que o vinho seja muito simples.
      Mas surpreende gente boa fazendo loas tão grandes a esse vinho. Pow, ele sofreu com Quinta do Noval, e já tomou vareio (risos) com o Apontador... com o Meylet, nem se fala...
      Gran Enemigo tem suas qualidades - à Elvira lembrou o Meylet. Mas só lembrou... porque ficou atrás...
      Bem, é isso. Obrigado pela leitura, e pelo comentário.

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