Sunday, April 7, 2024

Mais uma 'Paduscada'

Introito

   Patuscada pode ter o sinônimo de bagunça, mas também abarca o significado de folia - como aquela festa imersa na alegria do Carnaval - e para brincar com o nome da confraria remetendo nossas reuniões a um rega-bofe banhado a bom humor e amizade é um pulo... de forma que a última Paduscada (rs) foi, como sempre, assim mesmo. A Paduca é uma confraria que tem dado muito certo: reuniões nem tão espaçadas para dar tempo de sentir saudades nem tão frequentes a ponto de comprometer o fígado - ou a dignidade - de seus membros cinquentões. Na última terça tivemos mais um encontro, e os assuntos foram os de sempre: política, futebol, vinho, samba, suor e ouriço - principalmente ouriço - e não necessariamente nessa ordem. Aos vinhos...

Às cegas

Duílio chegou com seu vinho embalado, rindo muito - como sempre - e dizendo-se pronto para tocar o terror. Este Enochato encolheu-se na camisa e o Paulão cortou a pizza em oito pedaços - mesmo estando nós em três dessa vez... Nunca sisqueço de uma apresentação do Raul aqui em S. Carlos, na década de 80: ele tão travado a ponto de entrar no palco tropeçando no ar - literalmente - e depois não conseguindo passar a cabeça pela bandoleira da guitarra foi ajudado por uma das garotas do vocal. Recomposto, virou-se para a plateia e soltou um engraçadíssimo Acontéééééci... Paulão e Raul juntos nessa. 

Duílio serviu seu vinho, muito rico em frutas - ambos os confrades deram suas opiniões, até mais de uma fruta cada e não registrei quais - mas não se foi além da fruta, e igualmente não peguei outras notas. Nada de especiaria, chocolate, café, nada, nada, nada. Não é necessariamente um ponto ruim, apenas uma característica. A mesma fruta estava na boca, com leve dulçor, taninos leves e acidez baixa. Pensei comigo o que poderia ser. Um vinho simples, sem dúvida, e como tal muito difícil de estabelecer sua identidade - parabéns para quem consegue. Um pouco na trilha do doce e pelo nariz, achei ter algo a ver com Malbec, e palpitei ser argentino. De qualquer maneira é um vinho muito fácil de beber, principalmente para bebedores de pouco conhecimento e menor sofisticação: não raspa (sic), é macio e cai bem - mas não é Dreher (risos!) - com final rápido e rasteiro. Servi o meu, e os olhares se acenderam... mais complexo, frutas com madeira, boca mais pegada, maior complexidade, taninos mais presentes e melhor acidez - não tão mais aparente mas seguramente maior, com álcool e madeira bem integrados ao conjunto da obra. Ninguém se tocou do que estava bebendo... 

O Duílio pegou muito bem com o Faustino I Gran  Reserva que comprou comigo na boa safra de 2009 e virou fã do produtor. Volta e meia brinda-nos com outra opção, como o Crianza, aqui. Seu vinho dessa vez - não quis perder a 'promo' a R$ 50,00 - foi o Faustino VII Garnacha 2021, que que já bebi na safra 2020 e não apreciei tanto. Garnacha dá bons vinhos na Espanha, e sua versão francesa, a Grenache, está presente em ótimos Xatenêfis (sic) onde ela chega a comparecer como monovarietal, ao menos em algumas safras. Mas definitivamente essa expressão não me tem como fã. É um vinho barato para o padrão europeu - entre 3,50€ e 5,50€, o que dá entre R$ 20,00 e R$ 30,00. Aqui às vezes comparece como artigo de luxo de tão caro, mas também pode ser encontrado em 'promo' atraente - o Dú encontrou aqui em S. Carlos, creio que no Jaú Serve. Varia entre R$ 50,00 e... R$ 180,00 (má na promo (sic! rs!) por R$ 150.00(!)).  Já meu Cinco Forais Reserva fez boa figura. É um vinho mais complexo, custa cerca de 10,00€ em Portugal, o que dá o dobro ou mais do Faustino, e tem mesmo um padrão melhor. A péssima notícia fica pelo seu preço atual: comprei certa vez, em 'promo' - desconto de uns 40% - a R$ 77,00 - ótima compra! Atualmente está em tubaronescos R$ 250,00, explicáveis pela política da importadora - a Chez France - em tocar o preço nas alturas e depois oferecer 'descontos' de 50%. A Chez trabalhou durante muito tempo com margens abaixo de 2x, e atualmente suas promos estão com valores na casa dos 2x, ou pouco acima, o limite da compra. Por isso já há tempos recebo ofertas deles, dou uma olhada, até tem algo a preço bom, mas pela escassez de mais ofertas acabo deixando de comprar. O marcado de vendas - não necessariamente de lojistas, ou de lojas virtuais - está em franca expansão: 'representantes' independentes nas principais redes sociais operam também por uátizáppi enviando ofertas em alguns casos diariamente (este Enochato mesmo já foi contatado certa vez; a proposta veio na forma de comentário de alguma postagem e está disponível para quem tiver paciência de procurar - não dei atenção à época, apenas respondi que não tinha interesse). O leitor mais atento viu minhas observações recentes sobre a prática aqui mesmo, mostrando eméritas tubaronas desovando ótimos produtores com margens abaixo de suas próprias queimas. Já escrevi antes, e não custa repetir:

Paciência é sentar-se na margem do rio e esperar 
o corpo de seu inimigo passar boiando!

Abaixo, o pedido do Cinco Forais, quando paguei R$ 71,00 na 'bléqui uíki' de '22. O dóla (sic) já ultrapassara o patamar de R$ 5,00 há muito tempo. Não há motivo para subir de preço se o dóla só caiu desde então.


Valor do Cinco Forais, 'cá' (tubaronesco) e mais abaixo 'lá':

Nota: O Garrafeira Nacional, loja eletrônica portuguesa, eventualmente apresenta o preço em reais. Basta alterar a moeda. Como vemos, lá custa R$ 60tinha quase 'redondos'.




Valor de Faustino VII 'cá': tubaronice pornográfica, mas também em boa compra.




Valor de Faustino VII 'lá': média de 4,50€... para uma 'promo' aqui de R$ 150,00 dá... 6x! Vai ser tubarão assim lá no meio da sua taça!



No comments:

Post a Comment