Tuesday, June 20, 2023

Shot 'Café e Vinho' em junho

Introito

Apareceu por aí um meme do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Dino... Dino... Dino... Sauro? Bem, o Dino, creio-todos-sabem-quem... O meme seria produzido pelo próprio e a respeito de certa discussão entre o Ministro e um Senador da República. Tentando reduzir o último a algum grau de energuminice, o primeiro comparou-se a algum supereróe (sic) desses enlatados americanos produzidos para crianças sem juízo e adultos sem miolos. Ele deve ter lá seus motivos. O cérebro (ou o meu, pelo menos), sempre funcionando de maneira aleatória e desorganizada, remeteu-me a outro ícone da nossa cultura - esse sim um super-herói. Resolver bate-bocas não é um caso para o Super Dino, é um caso para...


   O país atravessa uma de suas fases mais difíceis. Muitos garantem: deixamos de ser um estado democrático. As pessoas, bovinamente, continuam em suas casas sem o menor protesto e vemos um monte de gente idiota dizendo bobagens por aí. Cansa, viu... mas cansa mesmo é ver pessoas de ambos os lados do espectro político defendendo o indefensável, perpetrando mentiras e recorrendo à repetição para torná-las verdades, na sanha mórbida em tornar suas ilusões no bem estar de todas as pessoas. Desde que, claro, não precisem abrir mão de metade de seus salários para tal.

Confraria Vinho e Turismo

A confraria Vinho e Turismo, patrocinada pelo Shot Café/Vinho e Ponto São Carlos e pela agência Caminhos do Turismo realizou outro encontro mensal na última quinta-feira. Foram degustados 3 tintinhos nojentos (risos!), como este Enochato referencia quaisquer vinhos algumas vezes - mais para contribuir com o aumento do vocabulário da área para os iniciantes nas lides da enofilia. A confraria é composta de pessoas em vários níveis de conhecimento e experiência, que compartilham o mesmo gosto pelo vinho. Na foto, o Eduardo à frente da trupe que capitaneia. Este Enochato (ao fundo) sempre colabora com opiniões e informações francamente mentirosas.

René Barbier: um bom produtor espanhol

A marca René Barbier pertence ao grupo Freixenet, veja aqui. O sítio da sociedade remete à página do produtor, aqui, onde misteriosamente não encontramos seus vinhos mais conceituados, como o Clos Mogador, degustado aqui, e cuja página está separada das anteriores, aqui. Seu outro grande vinho, Espectacle del Montsant, tem ainda outra página, com endereço diferente, aqui(!). Ouvi sobre René 'emprestar' seu nome para linhas simples, concentrando-se na produção dos melhores produtos, mas não posso confirmar. Alguém poderia lançar mais luz à questão?

Iniciamos os trabalhos com um René Barbier Crianza 2010: o vinho em pauta não é encontrado no sítio original do René... uma confusão... Este Crianza é um corte 70% Tempranillo, 20% Cabernet Sauvignon e 10% Merlot. Segundo a legislação, Crianzas são envelhecidos por um ano, com passagem em madeira por 6 meses. Não notei madeira nesse Crianza, o que não é demérito, poderia estar bem discreta e escapar a este deficiente. Tinha sua fruta - o debate entre os bebedores foi rico - e tanino, mas pouca acidez, resultando em rápida passagem pela língua e garganta, sem marcar como esperamos de um Crianza de bom berço. Renê Bercier, digo, Barbier, quem te viu (com o Clos Mogador), quem te vê (com seu Crianza)... Como sabido, prefiro vinhos de acidez mais pronunciada, sobretudo se oriundos do Velho Mundo. De bons produtores, nem se fale; fiquei aguardando melhores taças.

Marcolino Sebo: um bom produtor português

Já escrevi sobre Marcolino Sebo, está aqui, quando comentei o bom Visconde de Borba, e provei dele o interessante QP Chardonnay, aqui. São vinhos que oscilam entre boa compra e não tão boa compra, conforme houver ou não um desconto atraente. Problema típico de vinho vendido em franquia ou por importadora tubarona.

Desta vez provamos dois produtos de Marcolino: primeiro o Colheita Seleccionada 2010, do Alentejo, movido a 14,5% de arco (sic! Bem aparentes) e possivelmente uns 85,5% de frexas (sic!), reunidos para acertar o bebedor direto na fuça. Sério, o álcool estava aparente para mim, principalmente na boca, até queimando um pouco. É um problema sério para vinhos, quando o álcool queima. Talvez esteja sendo severo demais... também tinha fruta, mais acidez quando comparado ao Crianza, e, consequência direta da acidez, melhores final e permanência. O QP Premium Tannat 2017 mostrou-se mais redondo e ajustado, mesmo com seus 15% de arco (risos). O nariz tinha boa fruta e mais complexidade, mas não consegui discernir bem; boca mais harmoniosa e equilibrada, com fruta e algum chocolate/café. Não é a expressão rascante do Tannat uruguaio, e por isso achei a boca mais cativante que o nariz. Ambos QP apresentaram o dulçor característico de Portugal. Particularmente preferi o surpreendente Tannat - não conhecia qualquer expressão dessa cepa na península - pela simetria do conjunto. Houve quem preferiu o Crianza do Barbier. Tirando a acidez um pouco baixa, nada contra tais opiniões. Não anotei os preços, desta vez. Seguramente ficam atraentes com um bom desconto - quer apostar? Beber vinhos até um pouco desarmonizados às vezes não é ruim: serve para conferir se estamos mantendo o senso crítico. Pra você tudo está sempre bom? Desentorte sua boca, lave o nariz, refaça seus conceitos. Como na arte de maneira geral, aliás... ou você acabará amando Os Vingadores, Transfomers e outras porcarias. Como resumo da linha QP, digo preferir mais o Chardonnay. Do Marcolino em geral, fico com o Visconde de Borba.

   Por aniversário do Jairo, fomos brindados com um Encruzilhada Brut, espumante nacional feito pelo método Charmat, 12% de álcool, e produzido - se não estou enganado - pelo proprietário da Vinho e Ponto. Em respeito à comemoração da data, como poderia ser simpático em meus comentários? 🙄 Bem, é superior - levemente superior - ao espumante da linha (não) Vin (nho) - ou algo assim - do Galvão Bueno. Não conheço muito espumantes, mas sempre sinto faltar algo neles quando não consigo notar algo na direção de fermento de pão... fico com a sensação de ser o mordomo da estória, mas logo recordo-me de onde estou - ou do que provo. Acidez muito baixa, rápido e rasteiro (rs), final curto... a característica de muitos e muitos espumantes nacionais. Claro, nossos melhores exemplares já desbancaram algumas xampas em testes cegos, então devemos estar no caminho correto. É tudo questão de tempo; a próxima gestão do Senhor está logo ali (apenas alguns pentilhões de anos).

Momento ornitológico

No momento ornitológico de hoje seguiremos a verve da Introdução e recuperaremos outra criação do célebre Jô Soares, o Corrupto, (Corruptus) e  posteriormente minha descoberta pessoal de seu parente próximo, o Currupto mórbido (Corruptus morbidus). O primeiro é ave solitária e vive notadamente no Planalto Central, de onde sai todo primeiro dia da lua cheia não para virar lobisomem, mas a sobrevoar toda a nação e adentrando sem a menor cerimônia as terras dos vizinhos Paraguai, Argentina, Bolívia e, principalmente, Venezuela. É bem sabido pela comunidade acadêmica: o Corrupto não conhece fronteiras. Diz a crença popular que o simples sobrevoo de Corrupto em uma região pode causar deslizamentos, inundações, pestes e toda uma sorte de desgraças naturais advindas de erros de projetos e contenção de custos em empresas estatais. Teóricos da conspiração garantem ser o Corrupto causador de estranhas transferência de fundos de contas governamentais para prefixos corporativos, mas não há provas disso. Suspeito serem tais teóricos apenas paspalhos sem melhor ocupação, ou estou completamente errado sobre tudo. Pássaro pequeno, o Corrupto desenvolve velocidade supersônica - não explicado pela Ciência -, e retorna ao Planalto Central no raiar do dia posterior à sua partida. O Corrupto não perde uma singela oportunidade de... mostrar todo seu esplendor aos moradores da região.

No comments:

Post a Comment